Capítulo 129

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Mond

Acordar todas as manhãs, dar um beijo na testa de Sonne enquanto sentia o seu cheiro, sussurrar um bom dia e sair da cama cuidadosamente para não acordar o ômega fazia parte da rotina de Mond, apesar de haver um acordo verbal em aberto entre eles, ninguém tocava no assunto "morar juntos", fato que estava ocorrendo de forma extra oficial.

Aquele apartamento antes estranho já era completamente familiar para Mond, ele já sabia onde ficavam as toalhas e o papel higiênico reserva, ele havia preenchido o armário da cozinha com utensílios domésticos e abastecido a geladeira, aquele espaço já havia se tornado um lar, muito diferente do seu apartamento ou qualquer outro lugar que ele já havia morado, antes era só um abrigo que o protegia da chuva e do vento, que não oferecia o calor e o conforto que ele sempre desejou, já que as mobílias não podiam proporcionar isso, por mais caras que fossem elas não substituiam o afeto e o calor humano.

Ele tinha vagas lembranças de alegria com seus pais, antes do acidente que revelou os seus olhos vermelhos, depois disso sua casa se tornou fria e as pessoas distantes, apenas Sun demonstrava carinho e graças ao amigo ele conseguiu sobreviver até a sua emancipação, mas aqueles traumas o tornou uma pessoa que tinha medo de se envolver com qualquer pessoa e tudo piorou após o acidente que ceifou a vida da única pessoa que cuidou dele de verdade.

Foram necessários muitos anos sofrendo em silêncio até ele finalmente se entregar à terapia e mesmo tratando adequadamente ele ainda tinha medo do seu monstro interior e de que ele perdesse a consciência e machucasse alguém, por isso quando ele se olhou no espelho do banheiro e viu os olhos vermelhos ele ficou agitado, logo percebeu que seu corpo estava quente e que  não estava conseguindo controlar os seus feromônios, eram os primeiros sinais do seu cio. 

Seu coração acelerou, ele sentiu uma urgência muito grande em sair dali rapidamente, em todo esse tempo, ele só havia passado o seu cio com alguém por três vezes em toda a sua vida a primeira vez na praia, onde a sua lembrança era meio nublada, mas aparentemente ele só desmaiou, no dia do seu aniversário onde ele perdeu o controle e a consciência de tal forma que só lembrou recentemente e esse dia o assombrou por anos e após ter recebido alta do hospital, ou melhor exigiu sair de lá e Sonne apareceu em sua porta, sendo a única vez que ele estava plenamente consciente, todas as vezes ele estava com Sonne e todas as vezes ele esteve muito perto de machucá-lo, como quando ele quase o atacou no banheiro do bar. Era perigoso demais ficar ali, ele precisava ir para o seu apartamento e se isolar do mundo por um tempo como sempre fazia. 

Ao mesmo tempo que seu instinto dizia para fugir, correr e se esconder, seu coração pesava só em pensar em sair sem ao menos explicar a situação para Sonne, caso ele sumisse do nada deixaria o ômega preocupado e um bilhete parecia muito impessoal também, em contrapartida ele não queria acordar o ruivo que havia chegado tarde do trabalho e estava dormindo há poucas horas, nenhuma decisão parecia certa, ficar ou correr ambas as opções geravam um certo pânico no alfa e ele ficou ali no banheiro encarando o seu reflexo complementamente consumido pela insegurança. 

O vermelho de seus olhos queimavam como brasa e Mond tremia tanto pelo aumento da sua temperatura corporal quanto pelo seu estado mental, ele estava a beira de um colapso nervoso que só aumentou quando ele ouviu a voz de Sonne:

-Mond? Está tudo bem? Os seus feromônios estão por todo lugar... 

A voz foi se aproximando e era perceptível que o ômega estava na porta do banheiro, que por sorte Mond havia trancado. 

-Fique longe! - rugiu Mond com feracidade - Saia do apartamento, eu estou no cio, eu vou virar um monstro. 

Nenhuma resposta do outro lado da porta, um silêncio perturbador se seguiu fazendo com que vários cenários obscuros surgissem na mente do alfa, o primeiro de todos foi o de Sonne sucumbindo aos seus feromônios e desmaiando, o segundo foi o ômega indo embora sem olhar para trás com tanto medo dele quanto o próprio Mond tinha de si e o terceiro foi o ruivo apenas parado em silêncio achando-o patético, mas nenhum deles era real e o alfa percebeu isso quando ouviu o estalo da porta abrindo e viu Sonne entrando no banheiro sorrindo e sacudindo a chave reserva em uma das mãos. 

O Destino do Sol e da Lua (COMPELTO) Where stories live. Discover now