Capítulo 47 - Retorno.

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Capítulo 47 — Retorno.

— Ai meu Deus! — Sua velha amiga Ana Paula acenava, enquanto apressava os passos para se aproximar dele. — Eu não acredito!

Fernando sabia que não adiantaria mais desviar o olhar, a mulher já havia notado que tinha sido vista. Enquanto o artista procurava os bolsos da calça para esconder suas mãos, a distância entre eles ficava cada vez menor.

— Oi! Quem diria! — Ana Paula finalmente ficou em frente a ele, abraçando-o curtamente. — Como você tá?

— Eu estou bem. — Fernando se esforçou para abrir seu melhor sorriso. — E vocês, como estão? As meninas? O João?

— Nós estamos todos bem, graças a Deus. A Rebeca vai ficar louca se souber que te encontrei! Acabei de deixar ela na escola. — Ana Paula declarou, dizendo tudo empolgada como sempre se lembrou dela. — Ela sempre pergunta de você e é muito boa nas aulas de arte, você precisa ver as coisas que ela faz...

— Tenho certeza que sim. — O artista espremeu os lábios em outro sorriso, sem saber o que dizer para a mulher.

— Mas olha só pra você! Tá tão mudado! — Ela tocou em um dos ombros dele. — Pensei que nunca mais fosse te ver! Por onde andou?

— Eu não saí daqui, só me mudei...

— Eu soube que você vendeu a casa, nem acreditei na época. E onde você tá agora?

— Ah, eu estou morando com meu namorado. — Fernando não quis se explicar demais, mas dizer aquela frase em voz alta fez um aconchego em seu ego.

— Eu fico muito feliz, de verdade! — A mulher olhou para seu rosto com uma expressão notória de nostalgia. — Ah, eu nem sei explicar o quão triste eu fiquei por não ter conseguido mais falar com você antes... Eu fico muito aliviada em saber que você tá bem, sério mesmo.

— Me desculpe sumir de repente, foi coisa demais pra mim na época. Eu não aguentei o escândalo e tudo o que ele causou.

— Mas o que é um artista sem um bom escândalo?! — Ela brincou, fazendo-o rir. — Eu sei meu bem, eu sabia que era por isso que você decidiu se afastar, mas eu senti sua falta...

— Eu também senti sua falta, sua e das meninas. Até do João.

— Olha só, ele vai ficar feliz em saber disso, vai até mesmo gastar duas das cinco palavras que ele se limita a dizer por dia. — Ela gargalhou, fazendo apologia ao marido tão sossegado que quase nada dizia. — Mas olha, não quero te enrolar mais. Me passa o seu número pra gente ir se falando, perdi seu contato.

— Ah... Eu estou sem celular no momento, mas você pode salvar o do meu namorado. — Fernando não quis negar aquele pedido meigo da mulher, então fez a primeira coisa que pensou.

— Tudo bem, pode me passar. — Ela retirou o celular do bolso, digitando número por número enquanto o outro ditava.

— Pode salvar como Carlos.

— Salvei como "Carlos amor do Fernando". — Ana Paula respondeu e soltou uma gargalhada gostosa. — Olha só, por que você e o Carlos não vão lá pra casa nesse fim de semana? Vamos nos reunir para o aniversário da Rebeca que tá chegando...

— Ah... Eu não sei. — O artista foi pego de surpresa, sem saber como respondê-la.

— Só chamamos uns coleguinhas dela, não vai ser nada demais. Apareçam por lá pra gente conversar um pouco, o pessoal iria adorar te ver, também. — Ela insistiu, exibindo sua expressão meiga de sempre. — A Rebeca com certeza iria adorar te ver! Pensa nisso, tá?

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now