Capítulo 41 - Necessidade.

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Capítulo 41 — Necessidade.

Terça-feira, dia 4 de outubro.

Carlos tateou a mesa de cabeceira em busca do seu celular que tocava. Desligou o despertador e deixou o aparelho de lado, agora coçando os olhos. Ainda estava sonolento, mas não deixou de abrir um sorriso ao ver Fernando deitado ao seu lado.

Em todos os aqueles últimos três dias em que dividiram a mesma cama, o artista havia levantado mais cedo da cama e o deixado sozinho. Então Carlos ainda não sabia qual era a sensação de acordar ao lado de Fernando. Quis aproveitar a companhia e se aconchegou ao lado dele, não tinha nada de mais interessante fora daquele quarto.

Notou que o artista estava acordado quando abraçou-o, ouvindo seu bocejo e sentindo-o se remexer na cama até finalmente se virar. Antes de costas, agora Carlos podia vê-lo de frente.

— Bom dia, Portinari. — Cumprimentou-o, ainda mantendo-o em seus braços.

— Bom dia. — O artista respondeu, mantendo os olhos fechados, quase derrotado pelo sono.

— Quer dormir mais um pouquinho? — Carlos esfregou carinhosamente o ombro dele.

— Não... Não quero que fique tarde. — Fernando contestou, abrindo os olhos e se deparando com o sorriso doce do instrutor.

— Quer comer alguma coisa específica hoje? Acordei com vontade de cozinhar. Faz tempo que não faço um bolo, uma torta... — Ofereceu, vendo que o outro voltava a bocejar.

— No momento só estou com sono. — O artista riu baixinho, agora sentindo que, as mãos que antes estavam em seu ombro, agora subiam para seus cabelos.

Fernando notou um olhar diferente vindo do instrutor, pois ao mesmo tempo que ele se mantinha perto, o olhar dele estava distante dali, como se fizesse esforço pensando em algo. Foi então que ouviu-o quebrar o silêncio:

— Eu gosto tanto de morar com você. — Carlos continuou acariciando os fios curtos. — Você é importante pra mim, você sabe disso, não sabe?

Fernando apenas abriu um sorriso envergonhado, sem ser necessário verbalizar, seu olhar já era a resposta. O instrutor devolveu o sorriso, deixando claro que tinha entendido e mesmo assim, voltou a dizer:

— Nando... Eu sei que você já sabe e também sei que talvez isso pareça bobagem, mas... É sério, eu quero que se sinta seguro aqui. — Carlos desceu a mão para o braço do artista, acariciando-o calmamente. — Eu quero ser a pessoa que você precisa... Quero que se sinta à vontade para se abrir comigo e que saiba que eu nunca nessa vida vou te julgar. É uma promessa.

Fernando não estava esperando por aquilo, sem contar que mal havia acordado, então seu coração ainda sequer estava preparado para receber tanto amor pela manhã. Carlos abriu um sorriso completamente perdido, sem saber se deveria ter dito aquilo, então o artista quis tranquilizá-lo, fazendo questão de responder.

— Eu agradeço. — Fernando também subiu com sua mão para o ombro do instrutor, acariciando-o de leve.

Carlos apenas manteve-se calado enquanto puxava-o para um selinho e nada mais. Queria que ele se sentisse bem ao seu lado e para aquilo, precisava se controlar. Conteria a vontade de pular sobre o corpo dele e lotá-lo de beijos e dos mais diversos carinhos. O seu único empecilho, era justamente estar dormindo ao lado de quem era o motivo de seus desejos, o que não ajudava nem um pouco.

Tinha que entender que ele ainda não estava preparado para tanta proximidade. Compreendia o lado dele, sabia que morarem juntos e já dividirem a mesma cama com tão poucos dias, poderia ter sufocado Fernando, então não forçaria a barra.

Indigente [COMPLETA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora