Capítulo 35 - Esperar.

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Capítulo 35 — Esperar.

Fernando podia ouvir o portão da garagem se fechar, deixando claro que Carlos definitivamente tinha saído. A casa agora não parecia tão familiar quanto antes. Não sabia se era por ter ficado alguns dias longe, ou se estar sozinho após ter beijado a boca que fantasiava em seus sonhos e que mais desejou tocar nas últimas semanas teve influência particular nisso.

Queria poder processar aquela informação rapidamente, mas não conseguia pensar em nada que pudesse fazer para absorver o que realmente tinha acontecido. Fernando olhava para Kid no sofá e via o cão abanar o rabo, pronto para brincar.

Talvez pudesse se distrair um pouco com ele, mas no momento pensava primeiro em tomar um bom banho. Não cheirava mal e suas roupas também não estavam imundas; no entanto, um bom banho fazia falta com os poucos recursos que teve nos últimos dias. Além do mais, queria estar apresentável para quando um certo alguém voltasse.

Não pegou nada de sua mochila e foi ao quarto de Carlos. Não tinha vergonha de usar as roupas dele, pois algumas das que estavam consigo atualmente foram dadas diretamente do guarda-roupa do instrutor. Mas estar ali, diante do armário dele, tendo que abrir suas gavetas e olhar suas prateleiras era, no mínimo, constrangedor. 

Escolhia as peças que usaria enquanto as suas roupas lavavam e tentou se recordar das que Carlos usava com menos frequência, não queria usar as favoritas dele. Então, ao escolher o que vestiria para dormir, faltava apenas a roupa íntima. E antes mesmo que pudesse escolher a peça, pediu desculpas internamente a ele por estar invadindo sua privacidade.

Pegou uma das cuecas dobradas e olhou para o canto da gaveta. Sentiu seu rosto pegar fogo por tanta vergonha ao se deparar com preservativos guardados ali. Não era criança e muito menos puritano, mas sentia-se um completo pecador, como se não devesse estar vendo aquilo. Pegou o que precisava e fechou a gaveta de mansinho, disfarçando para o quarto vazio. Não estava sendo observado, mas era como se fosse.

Embora toda a situação despertasse sua maior insegurança, seus pensamentos não resistiram à tentação de se imaginar em um futuro romântico com Carlos. Não podia culpar sua mente por aquilo, nem deveria. O que acontecia, era que mesmo após ter recebido um beijo dele, não pensava ser correto alimentar qualquer idealização a respeito do instrutor.

Sua cabeça estava uma completa bagunça. Enquanto Carlos demonstrasse o interesse de forma recíproca, não tentaria fugir de seus sentimentos; entretanto, não gostaria de esperar mais do que pudesse receber. Não era justo depositar tal expectativa no outro.

Mais e mais questões surgiam e sua mente embaralhava com tantas dúvidas. A maior parte delas girava em torno de sua estadia ali. Fernando tentava prever o que aconteceria e o que faria, mas sabia que tudo poderia ser diferente quando Carlos chegasse.

Seu maior medo era se enganar novamente, não queria se sentir frágil e inocente. Então lembrar-se de seu passado ajudava a se manter realista. Já tinha sido enganado por boas intenções antes e não queria que a história se repetisse.

♢♦♢

Carlos já havia passado pela recepção do hospital e se identificado. Não sabia onde Eduardo deveria estar, mas não precisou andar muito para encontrá-lo em um dos corredores. Viu-o se levantar de uma das cadeiras de espera e ir em sua direção, dizendo com pressa:

— Oi! Você veio!

— É claro que eu vim! — Carlos abraçou-o, recebendo tapinhas leves em suas costas antes de se afastar.

— Você já recebeu notícias da Mô? Como ela tá?

— Não me falaram nada, não estão me deixando nem chegar perto da sala... — Eduardo respondeu, angustiado, indo de volta para perto das cadeiras.

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