Capítulo 54 — Coragem.
— Eu ainda não acredito que eu vou abrir uma empresa. — Carlos suspirou, já deitado na cama. — Você não acha mesmo que eu e o Edu estamos nos precipitando?
— Não acho. — Fernando se aconchegou no colchão ao lado dele.
— Precisamos pensar em um nome pra academia... — O instrutor olhou para o teto do quarto, pensativo. — Você me ajuda?
— Posso tentar. — O artista respondeu, com sua voz demonstrando que estava sonolento. — Que tipo de nome você gosta?
— Deixa... depois eu penso nisso. — Carlos abraçou o namorado debaixo da coberta. — Eu só quero grudar em você e dormir.
— Hoje foi um dia importante... — Fernando declarou, sentindo a cabeça do namorado encostar-se em seu ombro.
— Foi mesmo. — Acariciou o peito do artista, ouvindo-o respirar lentamente. — Boa noite, Nando.
— Boa noite, amor.
Carlos desencostou-se do namorado e levantou minimamente sua cabeça, apenas para poder olhar para ele. Nunca tinha ouvido Fernando o chamar de qualquer outra forma sem ser pelo seu nome, então foi uma surpresa gostosa ser chamado de uma forma tão carinhosa.
Não podia dizer para ele o quanto tinha gostado, vendo que o namorado já tinha adormecido, mas faria questão de avisá-lo no dia seguinte. Dessa forma, o instrutor voltou a deitar-se sobre o ombro do outro, envolvendo-o de forma confortável até adormecer ao lado dele.
♢♦♢
Segunda-feira, 24 de outubro.
— Eu vou tentar chegar mais cedo pra te levar na casa da Ana Paula, tá bom? — Carlos tomou seu último gole de café.
— Tudo bem, mas não se preocupa se não der... — Fernando respondeu-o, sendo o primeiro a se levantar da mesa. — E então, como você tá se sentindo pra hoje?
— Eu tô ansioso, meio nervoso. — Carlos respirou fundo, se levantando da mesa após ele. — Eu vou me demitir... quer dizer, tentar uma boa negociação pra minha saída. Mas ainda assim, me demitir.
— Vai dar tudo certo. — Fernando quis encorajá-lo, percebendo que o namorado parecia abatido.
— Antes de eu sair... eu queria falar com você, Nando. — Carlos se aproximou do namorado, apoiando os braços em seu pescoço. — Eu sei que eu já falei pro Edu que eu tô nessa, que eu quero me dedicar e fazer isso dar certo, mas também sei que envolve a minha demissão na academia. E eu vou sair do conforto de ter um salário fixo... eu sei que é um salto no escuro.
— Não vai ser fácil, mas eu já disse que penso que é uma boa escolha. — Incentivou-o.
— Eu sei... eu sei que você gosta da ideia, mas...
— Mas? — O artista comentou, querendo que ele continuasse.
— Também sei que você pensa no seu passado e que seus traumas ainda são presentes. Não quero te causar nenhum gatilho por causa da nossa situação financeira... — O instrutor continuou, agora suspirando. — Eu sei que já passamos a noite falando sobre as contas e você sabe de como eu não estou em uma boa situação no momento...
— Carlos, eu não sei o que tá passando na sua cabeça agora, mas eu quero que saiba que eu não vou deixar que te aconteça o que aconteceu comigo... — Fernando subiu suas mãos para os braços dele, acariciando-o.
— Eu não quero te deixar mal... — Abaixou a cabeça, agora sendo abraçado pelo outro.
— Não pensa assim. — Fernando afirmou, agora acariciando as costas do namorado.
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...