Capítulo 38 — Diálogo.Era noite e Carlos terminava de guardar as louças do jantar enquanto Fernando aparecia após o banho. O instrutor parou o que fazia para pegar duas canecas, dizendo:
— Fiz chá de camomila. Quer assistir um filme antes de ir dormir? Como dois bons idosos?
— Quero. — Riu com ele, recebendo a bebida.
Cada um levou seu chá à sala. Já tinham escolhido o filme quando se acomodaram lado a lado no sofá.
— Nando... Eu fiquei com vergonha de te perguntar mais cedo, mas... Você ficou incomodado com aquilo de eu ter falado de você pra mãe do Edu? — Carlos inquiriu, após dar um gole em seu chá.
— Por que eu ficaria?
— É porque ela é praticamente minha mãe adotiva. Então te apresentar pra família do Edu seria como te apresentar pra minha família. — Brincou, vendo o outro sorrir.
— É uma coisa importante, então.
— É sim... E a gente não deveria pensar nisso agora, então fica tranquilo. — Carlos olhou para a própria caneca.
— Eu gosto da ideia. — O artista apenas disse, vendo um sorriso envergonhado no rosto do outro.
Carlos cruzou as pernas e se aconchegou ao ombro de Fernando, suspirando aliviado. Agora ambos olhavam para a televisão, aproveitando a companhia um do outro e o chá.
E quando o filme se aproximava do fim, as canecas vazias já estavam sobre a mesinha da sala e os dois bocejavam. Carlos apenas queria encontrar uma posição confortável no sofá, mas seu corpo começava a reclamar pelo treino intenso de mais cedo.
— Será que até amanhã o meu pé vai estar melhor? — O instrutor apenas indagou, chamando a atenção do outro.
— Estica a perna pra mim. — Fernando declarou e o outro ficou sem entender. — Me dá o seu pé.
Carlos apenas obedeceu, entendendo a intenção do outro ao sentir as mãos dele sobre seu pé direito, sorrindo instantaneamente ao começar a ser delicadamente massageado.
— Que gostoso... — Gemeu baixinho. — Aí, aperta aí.
O artista obedeceu, apenas focando no bem-estar do outro. Fernando ouviu-o suspirar baixinho, ficando feliz por estar agradando-o de alguma forma. Carlos aconchegou melhor as costas no sofá enquanto deixava a perna apoiada sobre suas coxas, permanecendo deitado, apreciando a massagem que recebia.
O artista voltou a olhar para a televisão, mantendo suas mãos ocupadas enquanto assistia o filme. Apertava com todo o carinho do mundo cada região do pé dele, às vezes voltando a focar com calma no local que o outro estava mais dolorido.
Não percebeu o exato momento, mas quando Carlos pareceu não reagir mais, o encontrou dormindo. O filme não parecia tão interessante agora e o seu cansaço também pesou. Fernando decidiu parar com a massagem e continuar a assistir por mais um tempo do filme maçante, apenas para aproveitar a companhia do outro.
E mal se deu conta de quando seu sono também veio. Os sons do filme embalaram aquele pequeno cochilo e o artista começou a formar algumas imagens misturadas em um sonho agitado. Carlos não saía de sua mente nem mesmo enquanto dormia, podendo sentir o toque dele em seu braço e sua voz ficando cada vez mais presente.
— Nando... Nando. — O instrutor parou de chamá-lo ao notar que o outro começava a abrir os olhos. — Vem dormir na cama, vem.
O artista olhou para ele, ainda levemente atordoado pela sonolência. Carlos ficou de pé, estendendo sua mão para ajudá-lo a se levantar e Fernando se apoiou nele, sendo puxado. Se aquilo era um sonho, então aproveitaria para o seguir para qualquer lugar que ele quisesse.
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...