Capítulo 53 — Negócios.
— E eu com isso? — Fernando apenas indagou, vendo a expressão do outro se fechar.
— Eu tô até surpreso que você não saiba... E não sei o que você ouviu de mim, mas eu tentei reparar os danos que eu causei... — Natan continuou, percebendo que o desprezo no rosto do artista não mudava. — Eu falei pra Íris as minhas verdadeiras intenções e acabei com tudo, me afastei da minha família...
— E você quer um prêmio por isso? — O artista rebateu.
— Eu demorei demais pra ter essa coragem... Eu deveria ter feito isso antes, eu sei. — O homem suspirava, demonstrando seu arrependimento. — Mas todo mundo aqui sabe que eu menti... Eu também fiz questão de falar pra todos sobre o que aconteceu de verdade. Eu me desculpei, tentei me redimir por isso.
Fernando permaneceu em silêncio, não conseguia falar e também não queria fazer o mínimo de esforço para aquilo.
— Eu juro que eu tentei, Fer, tentei mesmo.
— Não me chame assim.
— Me desculpa... é a força do hábito. — Natan engoliu em seco. — Eu senti sua falta. Em todos esses meses eu comi o pão que o diabo amassou.
— Ah, é mesmo? — Fernando riu nervosamente. — Você nunca vai saber o que é isso... o inferno que eu vivi por sua causa.
— Eu sei! Eu sei! — Insistiu, se esforçando para sua voz não embargar.
— Não, você não sabe. — O artista interrompeu-o, ríspido.
— Então eu quero saber... Por que você não me diz nada? — Continuou, mas percebeu o silêncio do outro. — O que você quer que eu faça?! Eu te procurei, mas você sumiu, não deu mais notícias!
— Procurou? Procurou mesmo? — Fernando ergueu uma das sobrancelhas.
— Procurei, sim! — Natan insistiu, vendo que o outro se levantava. — Por favor, me escuta.
— Olha, eu tô sem tempo e paciência pra isso... E eu...
— Voltei! — Carlos disse sorridente, enquanto segurava os ombros do namorado por trás.
— Prazer. — Natan chamou a atenção do recém-chegado.
— Oi, você é...? — O instrutor quis saber, se colocando ao lado do namorado.
— Natan. — Estendeu a mão para ele, o qual demorou para ser cumprimentado
— Carlos. — O recém-chegado soltou a mão dele, sem mais sorrir.
Natan apenas observou o homem desconhecido agarrar o braço de Fernando e não demorou para entender a relação de ambos.
— Nando, o João pediu pra eu te chamar...
— Ok, eu vou indo... — Natan voltou a dizer, completamente deslocado. — Foi um prazer rever você...
Fernando não o respondeu, vendo-o sair com pressa, agora conseguindo respirar de alívio.
— Você tá bem? — Carlos perguntou, olhando nos olhos do namorado.
— Acho que sim... — Olhou para baixo uma última vez antes de voltar a olhar para o outro.
— Quer me falar o que aconteceu? — O instrutor virou-se, ficando de frente para ele.
— Ele é baixo. — O artista falou, quase murmurando.
— Eu tô aqui... — Carlos levou suas mãos para as laterais dos braços dele.
— Tá tudo bem, vamos lá falar com o João. Ele disse o que queria?
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Indigente [COMPLETA]
RomanceEm meio à olhares tortos de reprovação vindo dos clientes, apenas um olhar era de compaixão quando um andarilho adentrou uma lanchonete no centro da cidade. Carlos parou de comer ao ver o pobre homem chegando, sentindo seu peito apertar ao vê-lo lar...