Capítulo 21 - Despertar.

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Capítulo 21 — Despertar.

A água morna escorria, enquanto Fernando olhava para a própria mão suja. Todos os pensamentos que havia tido momentos atrás, pareciam completamente errados e a culpa voltava em dobro. O fato de não ter conseguido controlar seus impulsos tornava o seu peito pesado e o pior ser humano existente.

Acabou seu banho, continuando no banheiro para se trocar. Ao menos, sabia que em breve dormiria e que provavelmente não encontraria Carlos no meio do caminho. Seu medo era ter que encará-lo ao abrir a porta, tendo impressão de que o que tinha feito, estava estampado em sua testa.

Encarava a maçaneta com medo, ficando em silêncio dentro do banheiro para ver se conseguia alguma pista de onde Carlos estaria. Engoliu em seco e tomou coragem para sair, passando rápido pelo corredor, chegando em seu quarto a tempo.

♢♦♢

Quarta-feira, 21 de setembro.

Fernando acordava cedo, pois mesmo que soubesse que o amigo estava de férias, se levantaria. Não queria ser um peso, além de que caso Carlos precisasse, estaria disponível para ele.

A noite foi confortável e havia dormido bem. Mesmo assim, a sensação estranha permanecia, como se tivesse cometido um crime. E por não poder adiar mais, apenas saiu do quarto.

Antes que se perguntasse se o instrutor teria levantado, viu-o surgir na sala assim que saiu do banheiro.

— Bom dia, Nando! — Carlos cumprimentou-o, sorrindo animado como sempre.

— Bom dia. — O artista cumprimentou-o de volta, não conseguindo ser tão empolgado como ele.

— O que vai querer comer?

— Não estou com fome ainda... Não se preocupe comigo. — O artista respondeu, procurando olhar para qualquer lugar que não fosse os olhos azuis do amigo.

— Tudo bem. Eu acho que vou fazer um lanche pra mim. — O instrutor continuou, parecendo lembrar-se de algo. — Ah! Eu falei com o Edu sobre o trabalho... Ele comentou sobre uma pizzaria de um amigo do tio dele. Eles estão aceitando pessoas pra trabalhar de garçom algumas vezes na semana, nos dias que mais lotam.

— Parece bom. — Fernando agora voltava a olhar para o amigo, curioso.

— Bom, eu já tenho o contato desse rapaz. O único problema é que lá é noturno. Se não se importar. — Explicou.

— Ah, eu não ligo de trabalhar a noite. — O artista assumiu.

— Eu só vou conferir quanto eles pagavam, já me esqueci. Espera um pouco. — Carlos tomou o celular em mãos, analisando.

— Não sou exigente com isso.

— Aqui, achei. Por cinquenta reais, das seis da tarde até meia noite. — Voltou a dizer, após ler.

— É bastante, até. — Fernando destacou.

— Tá certo. Então eu vou avisar o Edu para ele te indicar para esse amigo dele. — Afirmou, ainda segurando o aparelho. — Pelo que ele disse aqui, acho que já precisam pra esse fim de semana, inclusive.

— Quanto antes, melhor. — O artista aceitou, torcendo para que não o rejeitassem. — Pode falar pra ele que pode contar comigo.

— Eu vou falar, pode deixar. Tem algo que queira perguntar para eles?

— Acho que não. — Fernando assumiu, pensativo. — Talvez sobre a vestimenta. Será que tem que ir com uma roupa específica?

— Eu acredito que não, eles devem dar o uniforme por lá. — Carlos respondeu, exibindo um sorriso incerto. — Mas eu pergunto e te aviso depois.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now