Capítulo 8 - Tempo.

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Capítulo 8 — Tempo.

Segunda-feira, 5 de setembro.

— Era pra gente ter transado ontem. — André falou, sentado na beira da cama, olhando para o namorado, que acabava de acordar. — Você se lembra do que houve?

— Chegamos do bar e viemos pra cama. A gente tava alegre, mas eu me lembro sim, por quê? — Carlos confirmou, sem entender.

— Então você se lembra da merda que você falou, né?

— Eu sei que eu disse alguma coisa na hora errada que cortou o clima, mas...

— Cortou o clima?! Isso é pouco! Eu broxei na hora, Carlos! — Enfatizou, irritado. — Como você se sentiria se eu falasse no meio da transa que é o aniversário de uma pessoa que você tem ciúme? Hein?!

— Amor, eu não fiz de propósito... — Carlos suspirou. — Eu sei que foi uma situação chata, mas eu não bebo justamente pra evitar esse tipo de  coisa.

— Não me chame de amor e nem comece com essas desculpas! — O advogado revidou. 

— Por que você está assim agora, André? Já aconteceu! Me desculpa, tá bom?!

— Porque eu não estou entendendo porra nenhuma! Ou você me conta logo a merda que tá acontecendo, ou eu vou ter que repensar o nosso namoro! — Ameaçou, vendo a expressão do outro se fechar.

— Tá certo. — Carlos sentou-se na cama. — Se mesmo depois de eu te falar um milhão de vezes que não há nada entre mim e o Fernando e ainda assim você não acreditar, olha, acho que teremos que repensar mesmo. 

André respirou fundo, fechando os olhos.

— Eu sabia que eu não estava preocupado à toa. — O advogado desviou o rosto.

— Você tá cansado de ouvir que eu te amo. — Carlos enfatizou, suspirando. — Só que eu não quero que você duvide de mim, nem dos meus sentimentos.

— Isso parece mal contado pra mim. — Voltou a encará-lo.

— Você não confia em mim, André. Esse é o problema. — Frisou, chateado.

— Não, o problema é a distância! — O advogado cruzou os braços, justificando.

— Eu não acho que seja a distância. — Carlos rebateu.

— Sei disso, você não quer morar aqui e eu já sei tudo o que vai dizer... — André bufou, se levantando.

— Então é assim? Você já presume o que eu vou falar e não quer conversar mais? — O instrutor indagou, ainda na cama.

— Vá escovar os dentes. — André encarou-o seriamente. — Eu vou fazer o café.

♢♦♢

Fernando mal havia conseguido pregar os olhos durante a noite, não só pela noite fria, mas por se revirar em desconforto. Seu corpo todo estava dolorido, como se tivesse participado de uma maratona, mas sequer tinha forças para ficar de pé.

Estava exausto, a ponto de que todas as vezes em que tentava dormir, fechava os olhos torcendo para que não os abrisse mais, não desejava acordar, nem continuar seguindo em frente.

Ainda não tinha noção de que dia era, apenas lembrava-se de Carlos e pensava sobre aonde ele estaria. Sentia sua falta nos momentos em que não estavam juntos, mas sabia que não poderia se apegar à ideia de ter uma amizade com ele, afinal, era um peso para qualquer um.

A única coisa que sabia, era o que precisava no momento, tendo que se levantar para tentar ir ao banheiro público na praça. Apoiou-se na parede e colocou os pés sobre o chão, sentindo uma leve tontura.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now