Capítulo 16 - Recomeçando.

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Capítulo 16 — Recomeçando.

Segunda-feira, 12 de setembro.

Nem todos os beliscões do mundo poderiam fazer Fernando acreditar que estivesse acordado. Ele se arrumava pela manhã e em pouco tempo já podia ser agraciado com a presença agradável de Carlos.

— Bom dia! — O instrutor falou, sorridente. — Já estou terminando o nosso café.

— Bom dia. — O artista sentou-se, vendo-o se aproximar.

— Vamos caprichar nessas calorias, já que você tem bastante coisa pra fazer hoje. — Carlos explicou, servindo-o com uma omelete recheada de queijo. — Além de gostoso, é bom pra você recuperar seu peso aos poucos.

— Ah, qual é a graça em engordar? Eu estou tão bem dentro dessas roupas que você me deu. — Fernando brincou, mostrando o quão largas as roupas estavam em si.

— Realmente, não tá nada mal. — Olhou de relance para ele. — Mas você já é naturalmente bonito, não vale.

O artista soltou um riso baixo, tentando não demonstrar a vergonha que tinha lhe dominado ao ser elogiado. Carlos pegou os talheres após se servir e sentou-se ao seu lado para comerem juntos.

Fernando não se sentia tão deslocado como no dia anterior e mesmo que isso fosse algo bom, não queria se acostumar demais a todo aquele luxo que estava recebendo. Estava um pouco menos envergonhado para conversar com o outro, podendo dar abertura para que o instrutor também pudesse falar livremente do que tivesse vontade.

A ligação que tinham não parecia ter sido perdida, afinal, toda a conexão que criaram antes dessa situação acontecer, parecia intacta, mesmo que o artista ainda não soubesse lidar, já estava um pouco mais conformado com tudo aquilo, deixando seu orgulho um pouco mais de lado.

Quando terminaram, Carlos verificou tudo o que precisava pegar para sair, enquanto Fernando terminava de limpar. E ao estarem prontos, seguiram para o centro da cidade.

♢♦♢

— Oi, bom dia, Edu. — Carlos cumprimentou o amigo ao chegar no vestiário.

— Bom dia. — O colega falou, fechando seu armário e vendo a expressão desanimada no rosto do amigo. — Como você tá?

— Ah, tô bem. Na medida do possível. — Ergueu os ombros, sentando-se em seguida. — Ainda tentando entender e lidar com tudo...

— Eu imagino... O término com o André, mais a responsabilidade de cuidar do Fernando. — Eduardo observou, aproximando-se dele no banco, sentando-se ao seu lado. — E falando nele? Como tá sendo?

— Ah, o Nando é um querido. Ele me ajuda com as coisas da casa e quando não é isso, ele fica em um cantinho desenhando no caderno dele. — Explicou, abrindo um pequeno sorriso. — Eu percebo que ele ainda tá um pouco tímido com tudo, mas eu acho que aos poucos vai se abrir mais comigo...

— Você me disse que ele era um pouco orgulhoso e não gostava de receber ajuda, deve ser por isso também. — Eduardo pontuou, pensativo. — E agora, onde ele está?

— E eu acabei de deixar ele no cartório pra começar a resolver essas coisas dos documentos dele, eu espero que dê tudo certo. Eu tô com muito medo de ele não conseguir, Edu. — Carlos suspirou, passando a mão pela testa. — Eu prometi que ia ajudar, eu tenho que fazer isso dar certo.

— Tenta tirar esse peso das costas, eu sei que vai dar tudo certo. Relaxa, cara...

— Eu sei, eu preciso, é que é muita coisa... Eu só queria que o tempo passasse logo, às vezes eu não quero ter que lidar com tudo isso, é desgastante. — O instrutor suspirou.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now