Capítulo 7 - 38.

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Capítulo 7 — 38.

— Oi, Nando, voltei. — Carlos se aproximava carregando uma pequena sacola. — Trouxe umas coisinhas da farmácia.

— Você não se cansa de gastar comigo? — Fernando indagou, vendo-o rir baixinho.

— Para de graça. — O instrutor se abaixou, se ajoelhando próximo ao artista. — Deixa eu cuidar de você.

Fernando olhava para a delicadeza com que o outro fazia cada movimento, primeiro abrindo a embalagem de gaze, depois, encharcando-a com antisséptico, voltando a olhar em sua direção, enquanto levava sua mão até alcançar o ferimento em sua testa.

O artista fechou os olhos por um segundo enquanto sentia a lesão arder, voltando a abri-los vagarosamente enquanto sentia a mão de Carlos se afastar do local após limpá-lo.

Viu os olhos azuis do instrutor agora pousarem sobre a pomada que abria, tirando o lacre e pegando uma pequena quantidade, espalhando-a cuidadosamente sobre sua ferida com a gaze.

Fernando nada conseguia dizer enquanto ele cuidava de seu machucado e Carlos também parecia concentrado demais para falar algo. Só quebraram o silêncio após o ferimento ter sido coberto e fixado em si por um esparadrapo.

— Prontinho, Nando. — O instrutor sorriu, guardando tudo de volta na sacola. — Essa pomada vai prevenir infecções e ajudar na regeneração da pele. É ótima pra queimaduras.

O artista olhou-o por alguns segundos, ainda vendo a expressão angelical que o outro carregava. Era difícil encará-lo e estar perto dele sem se envergonhar, nunca antes teve tanta atenção de alguém sem que tivesse um interesse envolvido por trás.

— Obrigado...

— Imagina, não foi nada... — Carlos sorriu para ele. — Você tá bem? Tá ardendo ou doendo? Se quiser, eu comprei anti-inflamatório também, você pode tomar se tiver com dor.

— Não, não tô sentindo nada. — Fernando respondeu, encarando seu médico particular com carinho.

— Eu ainda não consigo acreditar em como tem gente ruim nesse mundo... Eu juro que se eu pegasse quem fez isso com você no flagra, eu desceria o cacete neles!

O artista riu com a expressão que ele usou, logo percebendo que Carlos também ria, antes de voltar a falar:

— Ah, você quer ficar com essas coisas ou quer que eu guarde? Você sabe... Pra caso levem. — Carlos esclareceu, se referindo aos remédios. — Eu comprei só pra você.

— É melhor você ficar.

— Tudo bem, aí eu volto sempre que possível pra te ajudar a limpar e a trocar o curativo. — Afirmou sorrindo, mal sabendo o quanto aquela frase fazia o coração de Fernando acelerar. — E então, vamos comer?

♢♦♢

E assim a semana passou e o instrutor voltou para ver Fernando sempre que era necessário para cuidar de sua queimadura. E enquanto o artista melhorava, Carlos já arrumava tudo para passar o fim de semana na casa do namorado, levando suas coisas ao trabalho, para facilitar na hora de pegar a estrada e não atrasar para chegar na cidade de André.

Sua pequena mala com seus poucos pertences já estavam no carro, então assim que finalizou seu expediente naquele sábado, tomou um banho ainda na academia e saiu para viajar.

A viagem durou quase uma hora inteira e pôde finalmente relaxar ao chegar, entrando na casa de André, deixando suas coisas ao lado para recebê-lo com um abraço apertado.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now