Capítulo 24 - Infância.

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Capítulo 24 — Infância.

— Nossa, Edu, é como se você já nascesse sabendo lidar com tudo isso. — Carlos admirou-se, após ouvir tudo o que o amigo tinha para falar sobre as crises da namorada. — Você se saiu muito bem, de verdade.

— Eu só não sei como tudo vai continuar. Eu não sei quando ela pode apresentar outro quadro desses. Pode ser que demore, pode ser que não. — Eduardo suspirou, tomando um gole de água.

— E o que você vai fazer a respeito da sua desconfiança sobre ela possivelmente ter parado com os remédios? — Carlos quis saber, vendo o olhar desanimado do amigo.

— Sinceramente? Nada. Eu não quero arriscar. Ontem eu até tentei perguntar se ela tinha se medicado e tudo foi por água abaixo.

— É, eu também não saberia o que fazer. — Carlos franziu o cenho, frustrado por não conseguir pensar em uma solução para o outro. — Mas você disse que o irmão dela está na cidade, certo? Quem sabe ele não pode fazer algo pra ajudar? Você já o conheceu?

— Ainda não. Eu o vi naquele dia do bar, se lembra? Mas não tive contato nenhum com ele.

— Sim, me lembro sim. Você achou que ela estava em um encontro e eu falei que poderia ser um parente dela. Daí você me acusou de ser idiota por ser otimista demais. — Carlos alfinetou, rindo sacana.

— Ah, cara! Não foi bem assim! — Rebateu, rindo com o amigo. — Mas enfim... Pelo que sei, esse cara é quem vai validar nosso relacionamento. Ou seja, ele tem que gostar de mim, senão já era.

— Não tem como não gostar de você, Edu. Fala sério. — Carlos afirmou, vendo um sorriso se formar no rosto do amigo. — Não precisa ficar tão tenso. Você tá se saindo super bem.

— Eu não me lembrava que era tão difícil namorar! — Eduardo riu consigo mesmo, passando as mãos pelo rosto, em um misto de nervosismo e contentamento.

— Na teoria, não era pra ser assim. É que tem pessoas que levam mais tempo pra se ajustar do que as outras, é aí que mora o problema. — Carlos olhou para as próprias mãos sobre a mesa. — Porque é onde a personalidade é mudada apenas para agradar outro e o amor vai indo embora aos pouquinhos. Foi assim comigo e com o André, a gente não tinha nada a ver um com o outro.

— É, eu me lembro de como ele era ansioso e te cobrava pra ir morar com ele, mesmo com tão pouco tempo de namoro. Meio lelé. — Eduardo assumiu, vendo Carlos rir enquanto girava o dedo indicador ao lado da cabeça.

— É raro um relacionamento em que as duas pessoas se encaixam bem logo de cara. Pra chegar nesse ponto geralmente as pessoas precisam de muita conversa franca e confiança. Eu queria ter algo assim. — Carlos concluiu, vendo o sorriso do amigo se tornar provocativo. — O que foi?

— Nada, nada. Você vai ficar bravo se eu falar.

— Agora eu tô curioso. Desembucha, Edu. — Insistiu, como os olhos estreitos de desconfiança.

— Você e o Fernando convivem super bem, não é? — Questionou, exibindo uma expressão cínica de inocência.

— Imagina se o Nando soubesse o quanto você fica torcendo pra eu namorar com ele. Iria embora correndo daqui. — Carlos fingia estar bravo e o amigo entendia a falsa indignação do outro.

— Mas sobre isso... Ele não sabe sobre você?

— Eu ser gay? Não. E acho melhor assim. — Carlos engoliu em seco, não querendo imaginar o que o outro poderia dizer caso repugnasse aquela ideia. — Eu sei que o Nando é incrível e provavelmente não agiria estranho comigo, mas eu só... Tenho medo, sabe?

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now