Capítulo 28 - Irremediável.

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Capítulo 28 — Irremediável.

— E ele não disse pra onde ia?! — Carlos continuou a dizer, desesperado pela informação.

— Eu quase não converso com ninguém. — A moça ajeitou a alça da bolsa nos ombros, em um gesto apressado. — Eu só sei que dispensaram todos os freelas hoje por pouco movimento.

— E você sabe se alguém daqui conversou com ele? Alguém com quem ele possa estar? — Carlos continuou perguntando, em uma insistência que apenas fez a moça se afastar.

— Não. Não sei. — Ela voltou a andar. — Eu tenho mesmo que ir. Até mais!

— Tudo bem. Valeu mesmo assim! — Respondeu, tentando ser educado, ao mesmo tempo que sua impaciência crescia.

O mais importante era encontrar Fernando. Suas dúvidas consistiam se ele apenas estaria resolvendo alguma coisa pela cidade ou se havia tomado outro rumo e não voltaria mais. Seu coração remoía aquela sensação de que algo ruim estava prestes a acontecer e Carlos já sabia o que era capaz de pensar quando alimentava demais a sua ansiedade.

Então, apenas tentou manter a cabeça no lugar enquanto procurava por outro funcionário no estabelecimento fechado. Não conseguiu conversar com ninguém que pudesse lhe ajudar e teve que se contentar em ficar sem respostas. Queria pensar direito e não fazer nada precipitado. Sabia que seria capaz de mover o mundo para encontrar o amigo e que, na hora certa, o encontraria.

Nada parecia mais lógico naquele momento do que ir para casa esperar.

Carlos poderia ter apenas se contentado com o fato de que Fernando era um homem livre e que não lhe devia satisfações, mas o silêncio da sua própria casa ainda o assustava. Não queria ficar sozinho e não tinha nada que piorasse mais a sua ansiedade do que estar sem respostas.

Já tinha se passado uma hora desde que havia retornado para casa e nesse momento chorava suas mágoas para o amigo. Mandava mensagens enigmáticas para Eduardo e sequer sabia se ele compreenderia o motivo de tanta tristeza e arrependimento. Digitava o quanto estava se sentindo mal consigo mesmo e não obtinha resposta, sabendo que o outro provavelmente estaria ocupado naquele fim de domingo.

Desistindo de reclamar na caixa de mensagens do amigo, se rendeu ao abraço do sofá e permaneceu deitado. Olhava para o teto, sentindo-se completamente sem perspectivas. Pensava estar indo bem em sua vida até agora, mas nunca tinha feito mal à alguém antes, não era de seu feitio e não se orgulhava.

A única coisa que foi capaz de fazer Carlos se levantar, foi o barulho do interfone. Foi com pressa até a entrada e seu coração estava aos pulos para finalmente se encontrar com o artista.

— Eu sei que eu não sou quem você esperava ver, mas pelo menos finge que tá feliz com a minha presença. — Eduardo brincou, erguendo algumas sacolas de compras.

— Vem, entra! — Deu espaço para o amigo passar e voltou a fechar o portão. — Você chegou a ver as minhas mensagens?!

— É claro que eu vi, por que acha que eu tô aqui?! Achei que você precisava de mim. — Eduardo entregou-lhe um pouco do peso e andaram juntos para o interior da casa.

— O que é tudo isso?

— Peguei umas coisas prontas pra gente jantar junto e pra você guardar se sobrar... Quando você tá desse jeito, sei que não tem ânimo nem pra cozinhar. Tô mentindo? — Eduardo olhou para o sorriso envergonhado estampado no rosto do amigo.

Carlos abaixou a cabeça, em um gesto de concordância com o amigo.

— Não sei nem como te agradecer, Edu. Você tem suas coisas pra fazer e parou tudo pra vir aqui ouvir as minhas bobagens.

Indigente [COMPLETA]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن