Capítulo 13 - Rumos.

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Capítulo 13 — Rumos.

Carlos retornou à sua casa, relembrando das poucas coisas de Fernando que estavam jogadas pelo chão do antigo estabelecimento. Pensando se o artista teria saído de lá com pressa, principalmente para evitar o contato consigo, ainda sem saber se ele estaria o evitando.

Entrou na sala e deixou a carta de despedida sobre o sofá, não querendo reler aquelas palavras. Esfregou sua testa, tendo que aceitar que provavelmente as coisas seriam assim dali em diante.

Foi preparar seu jantar e escolheu o que comer com base no que tinha na geladeira. Cozinhou e se serviu, sentando-se sozinho na mesa de jantar, olhando para as cadeiras vazias ao seu lado.

André não estava consigo, nem teria alguém para cuidar. Carlos então começava a chegar à conclusão de que precisava se priorizar e repensar no que deveria fazer para se livrar daquela sensação tão ruim que ameaçava vir para ficar. Foi se deitar ainda se sentindo solitário, apenas querendo pegar no sono em breve para não sentir mais aquilo.

Acordou antes de seu despertador, por ter ido dormir mais cedo que o convencional. E embora não precisasse ir à academia por ter trabalhado no feriado, não enrolaria para se levantar da cama.

Se espreguiçou e se arrumou, tomando o café puro, levando sua xícara para a sala e encarando o sofá onde tinha deixado a carta de Fernando. Venceu a tentação de abrir o envelope novamente, mas era como se as palavras do artista viessem diante dos seus olhos, lhe dizendo que não deveriam mais continuar aquela amizade.

Tentou não deixar que seu peito ardendo interferisse na sua missão de dar uma vida melhor a Fernando e, para aquilo, não poderia desistir, tendo que tomar uma decisão. Sabia que poderia estar insistindo demais em vão, mas tinha que tentar. Com esse pensamento, finalizou seu café e ficou pronto para sair de casa.

Já no carro, se pegou o caminho todo pensando no que diria a Fernando para convencê-lo de que ele poderia ter um bom futuro, de que ele não seria um estorvo e de que seria um prazer dividir seu lar com ele.

Ao chegar, estacionou e correu até o local que visitou no dia anterior. Estava sem fôlego quando tocou a porta e a empurrou, ansioso para ver o rosto do artista, mas tudo o que encontrou foi o mesmo vazio de antes, um vazio assustador e angustiante.

Andou pelo salão, ouvindo o eco que seus passos causavam, olhando para o colchão e lençóis jogados, não encontrando o caderno e alguns pertences pessoais de Fernando. Era estranho como as poucas coisas que estavam ali, pareciam estar da mesma forma que na noite anterior, não parecia sequer que ele havia voltado.

Mas uma coisa dizia a Carlos de que ele não estava disposto a voltar e se aquela seria a nova realidade, teria que se adaptar. Mesmo assim, olhar para todo aquele salão sem a presença do artista trazia um sentimento ruim de vazio que não conseguia descrever, não conseguia mais se imaginar sem a companhia dele e sem, pelo menos, conseguir garantir uma vida digna Fernando que tanto merecia.

♢♦♢

— Obrigado por vir, Edu. Eu sei que você queria descansar hoje... — Carlos cumprimentou o amigo com um abraço rápido.

— Você pode e deve me chamar quando precisar de mim. — Eduardo afirmou, vendo os olhos ligeiramente avermelhados dele. — Você tá bem?

— Eu tô, no limite do possível... — Ergueu os ombros, totalmente desanimado.

— Ele ainda não apareceu por aqui? — Eduardo indagou, olhando para a porta escancarada do estabelecimento.

— Eu estou até agora aqui esperando e nem sinal dele... Eu até já dei uma volta na praça que ele dizia que sempre ia e também no posto que ele tinha as fichas de banho... — Suspirou, cansado, passando a mão pelos cabelos, que voltavam a cair em sua testa. — Eu tô perdido, não sei mais aonde ir para procurar ele.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now