Capítulo 20 - Aliviar-se.

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Capítulo 20 — Aliviar-se.

Fernando sentia que havia abusado da boa vontade de Carlos quando decidiu livrá-lo de seus braços. Mas simplesmente não podia controlar a alegria de ter novamente seu documento em mãos, além de ter o responsável por aquilo à sua frente, o homem que tanto amava, lhe dando apoio todos os dias.

Carlos se afastou vagarosamente do abraço, tendo a oportunidade de ver o rosto molhado pelas lágrimas de Fernando. Olhou-o tão de perto que poderia sentir a respiração dele em seu rosto, sentindo-se comovido com aquela expressão que poderia ser facilmente confundida com a de alguém apaixonado, de tão bobamente que o artista lhe encarava.

Carlos sentiu as mãos dele se afrouxarem de suas costas e não tinha mais desculpas para estar tão próximo de Fernando, lambendo os próprios lábios secos ao dar um passo para trás, não querendo ter se sentido tão mexido com aquela expressão dele.

— Sua omelete vai esfriar. — O artista fungou, enxugando as lágrimas desajeitadamente.

O instrutor riu baixinho e também secou seus olhos, indo com o amigo para a cozinha. Carlos viu-o olhar fixamente para o RG antes de guardá-lo no bolso da calça, mantendo o sorriso no rosto enquanto pegava um prato no armário para o servir.

A atmosfera estava diferente, o artista ostentava uma tranquilidade em sua expressão que acalmava Carlos. Não tinha como não estar feliz por estar acompanhado dele naquela conquista tão importante para o recomeço de sua vida.

A chegada do documento levou ao assunto sobre os exames e consultas que Fernando deveria fazer dali em diante. Do qual o artista aceitou a ajuda, deixando que Carlos providenciasse tudo o quanto antes.

Se levantaram da mesa e o instrutor tomou à frente para lavar e guardar as louças do café da manhã, agora secando as mãos enquanto dizia ao amigo:

— Nando, eu tô pensando em ir correr daqui a pouco, você vai querer ir comigo?

— Seria bom eu me exercitar um pouco, mas hoje eu vou recusar. Eu estou um pouco dolorido.

— Aonde? Quer que eu te alongue? — Indagou, preocupado.

— Não, não é nada demais. — Fernando engoliu em seco, lembrando-se de uma cena da academia, que envolvia como ele se posicionava sobre o aluno deitado durante o alongamento.

— Tudo bem, qualquer coisa se não melhorar, me avise. — Carlos agora deixou de lado o guardanapo que segurava. — Vou esperar um pouco antes de ir correr. Pra não dar indigestão nem nada do tipo, então se mudar de ideia e quiser ir comigo, me fala.

— Pode deixar. — Fernando abriu um sorriso tímido enquanto via-o se retirar da cozinha.

O instrutor voltou de seu quarto, já totalmente trocado para uma roupa leve de treino. Agora deixando o celular de lado e sentando-se no sofá para calçar os tênis de corrida, vendo que o artista se aproximava dele na sala.

— Nando, eu acabei de mandar uma mensagem no consultório de um urologista que eu frequento. Eu sempre faço os meus exames de rotina com ele, é um ótimo doutor. — Afirmou, ainda abaixado para amarrar os cadarços. — Teve uma desistência e vagou um horário amanhã, às nove. O que você acha?

— Tudo bem por mim. Pode marcar.

— Tá certo, eu vou confirmar. — Concluiu, agora se levantando. — Então amanhã eu te levo lá.

— Eu agradeço. — Fernando viu o sorriso simpático de Carlos antes de ele se retirar da sala.

— Bom, daqui a pouco eu tô de volta! — O instrutor exclamou, já distante.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now