Capítulo 12 - Recado.

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Capítulo 12 — Recado.

— Eu moro sozinho, tenho espaço em casa, você poderia ficar comigo por um tempo. Eu te ajudaria com seus documentos e assim você poderia voltar para o mercado de trabalho num piscar de olhos... — Carlos ofereceu, completamente tímido, mas olhando diretamente nos olhos castanhos e apreensivos do outro.

Fernando soltou a respiração que prendia, ainda encarando os olhos azuis penetrantes que pareciam buscar respostas em sua expressão inquieta. O instrutor soltou os ombros do outro, voltando a dizer:

— Olha, você não precisa me responder agora... — Carlos guardou as mãos dentro dos bolsos. — Mas saiba que você não é um estranho pra mim, você já é um grande amigo, Nando.

O artista voltou a encolher-se, era como se sua voz estivesse presa em sua garganta. As palavras não saíam embora tentasse e Fernando mal conseguia manter o contato visual com o outro, que agora dava-lhe mais espaço, indo em sentido à porta.

— Eu tenho que ir trabalhar, mas posso passar aqui mais tarde pra gente conversar...

Fernando conseguiu olhar em sua direção e tudo o que conseguiu fazer em seguida foi abrir um sorriso acanhado, vendo Carlos despedir-se outra vez, abrindo a porta e se retirando.

E ao se deparar sozinho, o artista se encontrou perdido em seus pensamentos, tentando acalmá-los para primeiramente saber o que fazer. Não deixava a sensação boa de lado de ter a atenção dele, sendo difícil tirar de sua cabeça todos os momentos em que Carlos ficava próximo o suficiente para abalar seu psicológico e agora ainda teria que lidar com a proposta totalmente inusitada feita por ele.

A mente de Fernando não conseguia separar todas as questões que chegavam, ainda sem acreditar no que ouviu e nas expressões do instrutor. Estava tão hipnotizado pelas memórias de poucos minutos atrás, que ainda se deparava olhando fixamente por onde o outro havia saído.

Piscou algumas vezes ao notar que estava estático, agora subindo suas mãos pelos próprios cabelos e suspirando. Foi até seu colchão e se sentou, olhando para o piso brilhoso. Quando Carlos teve a ideia de invadir o local, o chão não estava tão limpo como naquele momento e isso fez com que sua mente voasse até alguns dias atrás.

Era impossível não se lembrar de quando fizeram faxina juntos no salão empoeirado, além de ter a oportunidade de conhecer outro amigo de Carlos, também pôde vê-lo de uma forma ainda mais informal.

O artista tinha certeza de que o instrutor não fazia ideia do quanto mexia com sua cabeça, pois caso contrário, não teria retirado a camiseta que usava em sua frente, deixando-a de lado por conta do calor, exibindo o abdômen definido enquanto limpava, tornando impossível a habilidade de Fernando de concentrar-se em qualquer outra coisa depois disso.

Era fato de que Carlos tornava a sua vida bem menos amarga, mas sentia-se mal por ter pensamentos sujos relacionados a ele. Sabia que a falta de vida sexual dominava sua mente, mas se martirizava e mesmo que não se lembrasse de quanto tempo tinha sido, se controlava rigorosamente, pois o tornava um ser divino em sua mente, cujo não merecia esse tipo de inclinações maliciosas.

Fernando abraçou os joelhos e outra vez respirou fundo, sentindo um aroma gostoso no ar, notando que o perfume do amigo ainda estava pelo ambiente. Isso forçou-o a voltar à realidade, pensando instantaneamente em como seria uma vida debaixo do mesmo teto de Carlos, esforçando-se para não se deixar levar por pensamentos indevidos mais uma vez.

Depois disso, percebeu que o amigo realmente tinha o acostumado mal, pois o artista não conseguia parar de pensar nas consequências dessa proposta e sabia que, em breve, tinha que lhe dar uma resposta.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now