O Silêncio Entre Nós

By lavienlena

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HISTÓRIA EM EDIÇÃO | LEIA A INTRODUÇÃO Após a morte do pai de Nina Davis, ela desenvolve uma fobia social que... More

Introdução | História em edição.
[01] Fins e (re)começos.
[02] Dia frio e atípico do verão de janeiro.
[03] Fobia social.
[04] Palavras.
[05] Café da manhã.
[06] Aula.
[07] Margot.
[08] O sorriso de Nina Davis.
[09] Austen e Dickens.
[10] O Demônio do Meio-Dia.
[11] Eu te amo.
[12] Bailarina.
[13] Aula de inglês.
[14] Ataque de pânico.
[16] Ciúmes.
[17] À noite.
[18] Última aula.
[19] Desculpas.
[20] Realidade.
21 | Running.
22 | Parents.
23 | Date?
24 | Anna.
25 | Depression.
26 | Flowers and poems.
27 | Angry.
28 | Natalie's party.
29 | Break up.
30 | Photograph.
31 | Valentine's day.
32 | About the date.
33 | Tower.
34 | Picnic.
35 | Fliperama.
36 | Day 1.
37 | Day 2.
38 | Day 3.
39 | Us.
40 | Apresentation.
41 | Beach day.
42| Destiny.
43 | Sick.
44 | The truth.
45 | The game.
46 | Insecurity.
47 | I never ever.
48 | We need to talk.
49 | Best friend.
50 | Another normal day at school.
51 | Shopping.
52 | Prom.
53 | Our after-party.
54 | Love.
55 | Good day.
56 | Happy birthday, Nina.
55 | Late.
56 | Messages.
57 | Girls.
58 | Letter
59 | Loving.
60 | The day (part I).
61 | The day (part II).
62 | Back home.
63 | Shower.
64 | Everything's gonna be fine.
65 | Future.
66 | New friend.
67 | Happy Birthday, Adam.
68 | Dance with me.
69 | Not that innocent.
70 | Necessary conversation.
71 | Happiness.
72 | Dreams.
[73] Aguente firme, Nina.
[74] Coisas novas.
[75] Significado.
[75] Tentando.
[76] Solidão.
[77] Reações.
[78] De volta para você.
[79] Decisões.
[80] Término.
[81] O Adeus.
Com amor, Lena.

[15] Bolo de chocolate e as novas músicas do Ed Sheeran.

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By lavienlena

Subo as escadas pra adentrar à casa, logo atrás de Nina. Nina mandou uma mensagem para Margot avisando que matou aula, aparentemente sem temer que meu tio e Tori nos matem por isso. Talvez Margot não conte a eles.
Ainda assim, ela chegou antes de nós.
 
— Como foi a caminhada  — Margot diz.

Está batendo chantilly dentro de um pote verde. Seu cabelo está sujo de branco.
 
— Boa. — Nina responde.

Ela tem mais facilidade em falar com Margot e eu invejo a mulher por isso.
 
— Estou vendo. — Ela sorri. — Eu estou fazendo chantilly. Comprei sorvete, porque hoje é a noite do sorvete! — Ela exclama.
 
— O que é a noite do sorvete? — Franzo o cenho.
 
— Todas as terças-feiras, fazemos a noite do sorvete. Compramos sorvete e coisa pra pôr no sorvete. Assistimos filmes e jogamos alguns jogos. — Margot informa. — E não tinha chantilly no mercado.
 
— Isso parece divertido. — Digo com um sorriso.
 
— E é. Mas hoje eu não fico. A Abby tem uma apresentação na escola hoje à noite. Um trabalho sobre a natureza ou algo assim. — Ela dá os ombros. — Trabalhamos duro naquilo. — Margot diz. — Subam, já comprei comida.
 
Nina sobe para o seu quarto e eu, sendo extremamente inconveniente, não hesito em entrar atrás dela.
 
— Posso entrar? — Arqueio as sobrancelhas enquanto ela retira seu tênis. Ela assente.
 
As paredes são em branco e cinza, e uma delas é coberta por páginas velhas de livros, com frases marcadas por um forte marca-texto amarelo. Há uma parede inteira com prateleiras embutidas, recheadas de livros do chão ao teto.

Na mesa de madeira escura que fica no canto, tem alguns cadernos empilhados no canto. Seu notebook está fechado, na ponta, de frente à cadeira. Não há um ponto de cor sequer, senão ela.
 
— Qual sua... cor favorita? — Pergunto, aproximando-me da parede coberta por páginas velhas de livros.
 
Reconheco trechos de Brontë, Woolf, Dickens, Hemingway e Austen em algumas das páginas que dou uma olhada por cima, mas há uma grande parte que não me é conhecido ou simplesmente reconhecido.
 
— Não tenho. — Ela murmura. Seus olhos verdes estão arregalados, focados em mim.
 
— A minha é verde. — Digo, desviando meu olhar até ela. — As coisas mais bonitas são verdes.

Ela arqueia as sobrancelhas como quem diz "como o quê?".
 
— Bem, como as folhas das árvores, como campos vastos em grama, como as pedras de esmeralda, como... como seus olhos. — Murmuro despretensiosamente. Nina cora.
 
— Fofo. — Ela murmura e solta uma risada baixa.
 
— Um dom natural. — Brinco e ela sorri. — Nunca pensou em dar vida ao lugar onde você passa o dia todo? — Puxo a cadeira da mesa e sento-me nela ao contrário de como geralmente se usa.

Ponho meus braços cruzados na parte superior das costas da cadeira e apoio meu queixo sobre os mesmos.
 
Ela nega e dá os ombros. Se levanta e caminha até a mesa. Nina se abaixa calmamente e pega um gato cinza que estava ali. Ele se aninha em seus braços e ela faz carinho nele com um sorriso no rosto.
 
— Você só fica aqui e lê? — Arqueio as sobrancelhas.
 
Aham. — Ela se senta em sua cama novamente.
 
— Quer me ajudar a arrumar minhas coisas? Não quero te fazer de escrava. Sabe, só pra você sair do seu quarto, mesmo que seja para outro. — Ela nega com a cabeça depois de hesitar. — Você pode ficar apenas sentada na cama enquanto eu desempacoto. — Ela ainda nega. — Posso trazer pra cá e desempacotar aqui, depois levo pra lá. — Ela ainda nega e eu suspiro. — Gosta de ficar sozinha e estou sendo inconveniente.

Ela dá os ombros, não querendo responder, mas eu acredito que sim. Mesmo assim, não quero deixá-la sozinha.

— Você gosta de bolo, não é? Eu sei fazer. — Ela assente freneticamente.

Eu não sei fazer.

— Eu vou trocar de roupa e aí você me ajuda a fazer? — Digo, com um sorriso pela sua empolgação.

Ela assente novamente e eu sorrio para ela enquanto saio do quarto.
Visto uma blusa azul simples e bermuda. Fico descalço e arrumo meu cabelo. Nina está sentada na cama, vestindo uma simples blusa preta, casaco cinza e calças também pretas. Ela está de meia e seu cabelo está preso. Ela fica bem de cabelo preso.
 
— Vem. — A chamo e ela desce atrás de mim. Margot está sentada no sofá ao lado de Victória.

— Oi, meu amor. — Ela diz para Nina, que sorri quando vê a mãe. — Você está fora do quarto? Isso é otimo. — Tori se levanta e abraça a Nina. Ela abre um sorriso agradecido para mim e balanço a cabeça. — Onde vão?

— Vamos para a cozinha! — Exclamo. — Parece que essa mocinha gosta de bolo, e para a sorte dela, eu sei fazer. —  Victoria franze o cenho.

Ela sabe muito bem que eu não sei cozinhar nada além de fritar ovos, bacon, fazer macarrão e panquecas.
 
— Claro. — Ela ri. — Bom, ok. Eu vim pegar alguns papéis que eu esqueci e dei falta agora há pouco. Eu já vou. — Ela diz.

— Vem, Nina. — A puxo cuidadosamente.

Farinha, ovos, chocolate em pó, manteiga, fermento e leite. Acho que é isso. Tenho quase certeza.

Eu consigo sentir o cheiro de bolo de chocolate no fim da tarde quando eu chegava do colégio. Minha mãe estava mexendo a calda de chocolate em um pote verde. Ela sempre estava suja de farinha no cabelo e no rosto. Seu avental estava sempre manchado com glacê colorido.
Ela sorria para mim, beijava minha testa e colocava um pouco da calda na minha mão para eu provar. Sempre estava gostoso, mas ela semicerrava os olhos achando que eu dizia isso por ser filho dela, mas não, estava sempre delicioso. Eu gostava de provar as novas receitas dela, de provar as antigas... ela sempre foi boa em tudo o que fazia, porque fazia com o coração.

Lembro-me dos ingredientes que ela usava, porque a dispensa de casa estava sempre estava cheia deles.
 
— Bem, eu sei fazer bolo mas eu nunca fiz. — Digo e Nina ri. — Não sei bem a quantidade de nada, só que precisamos disso.
 
Ela aponta para os ovos e levanta quatro dedos. Quatro ovos. Quebro os quatro e mexo no recipiente transparente. Nina me entrega uma colher e levanta mais quatro dedos apos apontar para o chocolate. Quatro colheres. Fácil de se comunicar. Ela me entrega outra colher e aponta para a manteiga. Será que isso está certo? Nina levanta mais dois dedos e não hesito em prosseguir. Ela aponta para uma xícara, levanta três dedos com uma mão e aponta para a farinha com a outra. Misturo tudo e ela prossegue mostrando a quantidade de cada ingrediente que restou.

Misturo tudo e deixo um pouco cair em mim. Ela ri e inclino-me para pôr um pouco da mistura no seu nariz. Seu rosto se contrai com o toque gelado e é a minha vez de rir da sua careta. Ponho na forma e no forno.
 
— Música! — Exclamo e retiro meu celular do bolso. — Isso era o que faltava. — Digo. Nina se senta sobre a ilha da cozinha.

— Música. — Ela repete em um sibilo.

— Já ouviu a nova música do Ed Sheeran? — Digo, procurando-a na minha playlist universal bagunçada onde tem todo o tipo de música.
 
Ela nega com a cabeça.
 
— Oh, então vamos fazer isso direito!
 
Estico-me para pegar as panelas sobre a cabeça dela e as ponho de cabeça para baixo ao lado de Nina. A entrego duas colheres de pau que estavam no meio dos talheres e pego uma espátula e algo que não sei o que é, mas é de madeira.

Quando a música começa a tocar, canto junto as partes que sei, já que o resto sai enrolado enquanto Nina gargalha alto. Bato nas panelas conforme o ritmo da música enquanto danço da forma mais estranha. Eu sempre gostei de fazer palhaçadas sem sentido, porque sempre gostei de ver as pessoas rindo. E uma pessoa com um sorriso lindo como ela merece sorrir sempre.
 
"I'm in love with the shape of you
(Estou apaixonado pelos seus contornos)
We push and pull like a magnet do
(Nos atraímos e nos repelimos como um imã faz)
Although my heart is falling too
(Embora meu coração esteja se apaixonando também)
I'm in love with your body
(Estou apaixonado pelo seu corpo)
Last night you were in my room
(Noite passada você estava no meu quarto)
And now my bedsheets smell like you
(E agora meus lençóis cheiram como você)
Every day discovering something brand new
(Todos os dias descobrindo algo novo)
I'm in love with your body
(Estou apaixonado pelo seu corpo)

Come on, be my baby, come on
(Vamos lá, seja meu amor, vamos lá)
Come on, be my baby, come on (I'm in love with your body)
(Vamos lá, seja meu amor, vamos lá, eu estou apaixonado pelo seu corpo)"
 
— Você canta bem. — Ela sorri assim que paro de bater nas panelas.
 
— Valeu. — Sorrio. — Tem outra, olha! — Digo. — Quer ouvir? — Ela assente e fico feliz por isso.
 
Geralmente, nenhum dos meus amigos e nem mesmo Natalie, têm interesses em comum comigo. Eu me sinto confortável agora.

"When I was six years old, I broke my leg
(Quando eu tinha seis anos de idade, eu quebrei minha perna)
I was running from my brother and his friends
(Eu estava fugindo do meu irmão e seu amigo)
And tasted the sweet perfume of the mountain grass as I rolled down
(E eu provei o doce perfume da grama da montanha enquanto rolava até lá embaixo)
I was younger then
(Eu era jovem naquela época)
Take me back to when I
(Leve-me de volta para quando eu)
Found my heart and broke it here
(Achei meu coração e o quebrei aqui)
Made friends and lost them through the year
(Fiz amigos e os perdi através dos anos)
And I've not seen the roaring fields in so long, I know I've grown
(E há muito tempo não vejo aqueles vastos campos, eu sei que cresci)
But I can't wait to go home
(Mas eu não posso esperar para ir para casa)

I'm on my way
(Estou no meu caminho)
Driving at ninety down those country lanes
(Dirigindo a 140 km/h por aquelas estradas)
Singing to Tiny Dancer
(Cantando para uma dancarina magra)
And I miss the way you make me feel and it's real
(E eu sinto falta do jeito que você me fez sentir e é real)
We watched the sunset over the castle on the hill.
(Nós assistimos o por do sol sobre o castelo da colina)" Canto.

Ela inclina a cabeça para o lado, com um sorriso no rosto. Passo alguns minutos admirando-a enquanto outra música velha toca em meu celular.

— Adam? — A voz de... Natalie?

Viro meu rosto e a encontro com a boca parcialmente aberta a olhar pata mim.

— O que faz aqui? — Pergunto.
 
— Você saiu da aula e eu não te achei. Seu carro estava o no estacionamente e sua mochila estava na sala. Você nem sequer atende o celular. Eu te liguei varias vezes. Fiquei preocupada. — Ela suspira e caminha até mim. Deixa minha mochila sobre a ilha, ao lado de Nina.
 
— Eu saí mais cedo. — Dous os ombros. Ela põe seus braços ao redor da minha cintura e me abraça. Em seguida, me solta.
 
— Poderia ter me avisado, Adam. — Ela segura meu rosto com as suas mãos.
 
— Eu não pensei nisso. Desculpa. — Digo.
 
— Tudo bem. Eu vim aqui porque fiquei  preocupada com você. — Ela sorri. — Aliás, essa casa é linda, e esse lugar também, mesmo que eu prefira a cidade. — Ela diz. — Você está bem? Por que está sujo? Desde quando você canta?
 
— Eu estou. Nós estamos fazendo bolo e eu não canto. — Dou os ombros.
 
— Você não cozinha, Adam. — Natalie ri.

— Estamos tentando. — Digo e olho pra Nina. Ela abre um pequeno sorriso envergonhado e desce da ilha. Nina caminha em direção à saída da cozinha. — Aonde você vai? — Franzo o cenho.
 
Ela aponta para as escadas e entendo que ela vai para o seu quarto. Nina quase tropeça no gato cinza no caminho e o pega no colo, desaparecendo da minha vista.
 
— Você está bem mesmo? Parece estranho. — Ela arruma meu cabelo.
 
— Estou bem, Natalie. — Suspiro.

Eu estava até Nina sumir, para ser sincero.

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