'Cuz I love you and I can't see you in pain'
Percorria os corredores da escola com um único pensamento na minha cabeça. Encontrá-lo, desculpar-me pelas minhas ações e explicar-lhe o porquê das mesmas. O Brandon estava certo, a conversa desta manhã, de certa forma, por mais que custasse admitir, fez-me perceber várias coisas.
As minhas defesas estavam fracas, assim como a minha mente. Naquele momento, eu percebi que deixara os meus sentimentos levar a melhor.
Avistei Ryan ao fim do corredor, com Michael, Philip e outro rapaz da equipa e consequentemente, da sua turma. Parei perto dele, toquei o seu braço, para que me encarasse.
- O Justin?
Ele arqueou as sobrancelhas e pensou duas vezes antes de me responder. Tanto Michael, como Philip, encarava-me silenciosamente.
- Não achas que já fizeste o que tinhas a fazer, Amyah? – Desta vez, eu arqueei as sobrancelhas. Não tinha que se meter nos assuntos que não lhe diziam respeito. – O Justin não precisa destas merdas, percebes?
- E tu és o quê, pai dele? – Revirei os olhos. – O Justin?
- Balneários masculinos.
Assim que a voz do Michael invadiu os meus ouvidos, mostrei um sorriso vitorioso a Ryan, que revirou os olhos e suspirou chateado. Sai de perto dos rapazes, caminhando num passo apressado até aos balneários.
Pareciam vazios. Não havia qualquer barulho, qualquer voz ou passos. Adentrei ainda mais nos balneários, encontrando o moreno pouco depois.
"- Estou farta de avançar três e recuar dez, Justin. – Sussurrei, ao vê-lo de cabeça baixa num dos bancos entre os cacifos dos balneários masculinos."
Lentamente, levantou a cabeça e olhou para mim.
Os nossos olhares conversaram-se por longos minutos. Não preparara qualquer discurso, pois não tencionava fazer um. Era desnecessário. Os meus sentimentos estavam à flor da pele, tornaram-se óbvios. Não que estivesse apaixonada por ele, mas havia algo que me levava até, contrariando tudo aquilo que lutei para construir ao longo dos anos.
Um suspiro longo abandonou os seus lábios, quando me encostei aos cacifos à sua frente, interrompendo toda a conversa entre olhares.
- Tu sabias como era, porque raio continuaste a insistir?
- Porque te amo e não consigo ver-te sofrer.
As palavras dele atingiram-me da pior maneira, pois uma gargalhada alta escapou-me pelos os lábios, deixando-o confuso e meio chateado. Talvez, não fosse a reação que esperava, embora não conhecesse uma outra possível.
Amar-me? É possível amar alguém que está constantemente a afastar-te? Era impossível, totalmente impossível.
Atração, não dúvido. Não depois do que aconteceu e na intensidade envolvida no momento. Não duviada, pois também sentia a ligação. Mas não tão forte, tão exagerada. Amá-lo? Não, não mesmo. Um sentimento demasiado forte para ser desenvolvido no meio de discussões e dramas.
- Achas piada?
- Claro que acho piada! – Revirei os olhos. – Iludiste-te a ti mesmo e nem precisei de fazer nada, Justin. – Balancei a cabeça, sentando-me ao lado dele.
- Sem teres feito nada? Só podes estar a gozar comigo.
- Pensa bem, Justin. – Murmurei menos rude e sarcástica. – Foste avisado inúmeras vezes, continuaste a insistir porque quiseste. E sim, tivemos umas cenas, mas amar? Muito longe disso.
- O que é que queres de mim, Amyah?
- Quero pedir-te desculpa pela forma como agi contigo. – Encarou-me, virando-se ligeiramente para mim. – Ouve Justin, eu gosto mesmo de ti e não pretendo lutar contra isso, mas...
- Isso para mim chega. – Murmurou baixo, interrompendo-me. – Custa-te assim tanto aceitar que também precisas de alguém? – Balancei a cabeça negando e ele juntou as mãos, como se acabasse de presenciar a um milagre.
- Vai ter que dar certo, de uma maneira ou de outra... - Encolhi os ombros e ele sorriu, levando a mão à minha bochecha.
- É esta a minha oportunidade para te fazer mudar de ideias?
Encolhi os ombros e ele gargalhou, levantando-se. A sua expressão era outra. Parecia animado com o desafio. Levantei-me também, beijando a bochecha dele. Embora, o seu rosto ter virado na direção do meu e os nossos lábios chocado de repente.
Ambos nos afastamos ao assimilar o acontecido e um ambiente tenso instalou-se entre nós.
Queria beijá-lo, por mais que lhe tivesse negado qualquer existência de sentimentos. No entanto, havia algo. Algo dentro de mim que despertava sempre que Justin estava por perto. Não era amor, mas talvez fosse a porta a abrir para o mesmo. Justin, guiou os dedos até à minha bochecha e lábios, contornando-os lentamente.
Um pequeno sorriso surgiu no meu rosto, incentivando-o a juntar os nossos lábios. O que fez, sem hesitar. Assim que os lábios dele tocaram nos meus, uma descarga elétrica visitou todo o meu corpo.
As minhas mãos agarraram a camisola dele. Puxei-o para mim, juntando os nossos corpos. O beijo intensificou-se por leves segundos, visto que várias vozes masculinas ecoaram pelo balneário. Afastei-me de Justin, vendo-o com um sorriso relaxado no rosto.
- Vejo-te mais tarde? – Ryan observava-nos agora, tal como Michael.
Balancei a cabeça e sai do balneário, evitando olhar para Ryan ou Michael. Não precisava de testemunhas para o que se estava a desenvolver entre mim e aquele rapaz, que tanto me frusta.
Encontrei-me com Alisson no corredor perto da sala, juntando-me à mesma.
Texting: Brandon Jones
- It's done, captain
(...)
Brandon e Justin resmungavam um com o outro, devido ao jogo de futebol que disputavam na consola de jogos. Madison e Ian encaravam-os um pouco assustados, pois a quantidade de palavrões e insultos eram incontáveis.
Continuei a comer a tosta que Madison me havia preparado, apreciando também o jogo que ambos disputavam.
Pouco depois, a morena e o namorado foram para o quarto da mesma, o que me levou a soltar a típica piada de mau gosto. Ri-me para mim mesma, terminando a tosta pouco depois. Levantei-me da mesa, caminhando até à sala, onde me aconcheguei na poltrona de um lugar, ainda atenta ao jogo que era disputado na televisão.
Brandon acabou por vencer a Justin, o que deixou o rapaz irritado. Gargalhei das figuras de ambos, pronta para piorar a situação, embora Kellan e a minha mãe aparecerem na 'hora H'.
- Boa tarde meninos! – A minha mãe saudou, pousando os sacos na cozinha. – A Madison?
- Está com o bebé no quarto. – Respondi, encarando Kellan, que arregalou os olhos.
- Boa tentativa! – A voz de Madison fez-se ouvir pouco depois, o que me fez gargalhar e encará-la, reparando na sua expressão divertida.