Weed
Sentada na janela do quarto, deixava a ganza invadir o meu organismo. Necessitava de tranquilidade, tal como há duas noites. Agradeci mentalmente a Kaya, por ter colocado algum conteúdo na minha mala, pois caso contrário, o dia iria correr bastante mal.
Ao terminar a ganza, deixei as janelas abertas para que a minha mãe não detetasse o cheiro e coloquei algum perfume nas minhas roupas, para evitar o mesmo.
Desci as escadas, pegando numa maça e colocando-a entre os dentes, dando uma dentada. A minha mãe olhou-me um pouco confusa com a situação, tal como Kellan. Os meus ombros balançaram quase involuntariamente e eu sai do apartamento, visto que Kaya já me esperava à frente do prédio.
Entrei no carro e logo ouvi as suas gargalhadas, pois reparara que os meus olhos já não estava no seu estado normal.
Conversávamos sobre o treino desta tarde, visto que James não estava muito satisfeito comigo, pelo facto de ter faltado a alguns treinos. E o pior, era o facto dos meus dedos não estarem completamente sarados, o que podia gerar alguns problemas.
Já perto da escola, despedi-me de Kaya e sai do carro, adentrando na escola. Alguns olhares, mas nada de tão grave quanto na primeira semana.
Ao caminhar até ao meu cacifo, observei Justin com o seu típico grupo. Os nossos olhares cruzaram-se durante breves segundos, até que olhei para o cacifo e troquei os cadernos/livros.
Relembrava-me vagamente da noite de Sábado. A quantidade de droga que consumi e a bebida ao mesmo tempo, deixou-me de rastos no dia seguinte. Inventei algo como mal disposição para justificar todas as vezes que corri para a casa de banho ou evitei tocar em comida. Para além da minha mãe ser médica, Kellan não saia de cima de mim.
- Amayh Johnson... - Olhei para trás, fechando o cacifo. Os meus olhos encontraram Michael, com um sorriso suspeito no rosto. – Pensei que não aparecesses tão cedo na escola.
- O que é que se pode dizer? – Encolhi os ombros. – Parece que não sou tão fraca quanto vocês.
Ele gargalhou, fazendo-me sinal para irmos até ao campo de jogos exterior. Assim o fiz, pois não estava com ideias de ouvir um sermão de Alisson.
Eu e o Michael sentamos-nos nas bancadas e ele perguntou-me se me lembrava da noite de sábado. Disse-lhe que me lembrava vagamente. Michael apenas gargalhou, informando-me que nem a porta do prédio fui capaz de abrir. Ri-me com ele, pois lembrava-me das minhas tentativas falhadas de acertar com a chave na fechadura.
O mesmo falou-me das reuniões ás Sextas e Sábados no mesmo local. Apesar, das sextas serem menos pesadas, devido aos treinos sábado de manhã. Perguntou-me se tencionava aparecer por lá mais vezes. Balancei os ombros e o toque invadiu os nossos ouvidos. Levantei-me das bancadas, sem qualquer vontade de ir para as aulas e ele apenas se riu, murmurando algo sobre os meus olhos.
Estiquei-lhe o dedo o meio e adentrei na escola, percorrendo os corredores até à sala de Inglês. Ao entrar na mesma, o meu olhar encontrou uma Ashley sentada no lugar de Alisson.
Franzi as sobrancelhas e observei Alisson com as amigas dela, o que me deixou um pouco confusa.
Ignorei a provocação dela ou a tentativa de o fazer e limitei-me a sentar-me ao seu lado, sem qualquer problema. Um ar superior instalou-se na sua face, o que me fez rir para dentro. Se ela conseguisse imaginar o quão ridícula era, talvez pensasse duas vezes.
Carl entrou na sala pouco depois, carregando a sua típica cara trancada, que parecia mais grave esta manhã.
- Conta-me Amyah, como é ter um pai na prisão? – Arqueei a sobrancelha, encarando-a. Ashley mostrava um sorriso superior. Uma gargalhada escapou pelos meus lábios, captando algumas atenções. – Achas engraçado?
- O facto de seres ridícula? Sim, acho bastante engraçado.
Ela voltou a falar do meu pai.
Sem hesitar, dei um pontapé numa das pernas da cadeira, fazendo com que se desequilibrasse, embora não caísse da mesma. O seu olhar aterrorizado pousado sobre mim, fez-me sorrir satisfeita.
Até que teve o azar de gargalhar sobre o facto dele estar preso. Dessa vez, para além do pontapé, levei a mão às costas da cadeira, pressionando-a para trás.
- Ó meu deus, Ashley querida, estás bem? – Levantei-me em choque, fingindo-me de preocupada.
Algumas gargalhadas se fizeram ouvir. As mesmas desapareceram, após um grito de Carl, que se aproximou de nós. Reclamou com a loira, não esperando um comportamento tão infantil e inadequado por parte de uma aluna com alto prestígio, obrigando-a a sentar-se na fila da frente.
Sentei-me também, após a sala acalmar.
Ashley estava a comprar uma guerra que jamais poderá vencer. Não tinha quaisquer problemas de a enfrentar. Já não havia qualquer ameaça em relação ao ginásio, já não havia qualquer entrave.
Era maior de idade, as minhas escolhas vão ser as minhas consequências, somente minhas.
(...)
O fim das aulas chegou, entretanto.
Sentada num dos pilares que sustentava a bancada exterior, num lugar mais escuro e pouco movimentado, levava uma ganza aos lábios. Não colocara muito conteúdo com o tabaco, pois não tencionava voltar a passar mal e o meu estômago não estava propriamente forte para aguentar.
Encostei a cabeça ao pilar, sentindo o meu corpo relaxar. Fechei os olhos, dando um último bafo na ganza, antes de a atirar para o chão e a pisar.
Um suspiro abandonou os meus lábios, levando com ele parte do peso que sentia sob mim. Parte da pressão, da culpa e das emoções descontroladas dentro de mim. Se havia algo fundamente, era manter o controlo.
- O que estás aqui a fazer? – Abri os olhos, encontrando uma figura masculina conhecida. O olhar dele pousou na ganza espezinhada perto de mim, voltando a pousar em mim. Um sorriso fechado surgiu no meu rosto, apesar da sua expressão descontente.
- O que é que isso te interessa?
- Nada, nada. – Atirou as mãos ao ar, aproximando-se de mim. – Sentes-te intocável, outra vez? A flutuar? – Ele soltou uma breve gargalhada, o que me fez franzir a sobrancelha.
- Boa tentativa.
Peguei na minha mala, levantando-me e passando por ele. Antes, virei-me e repeti o mesmo gesto. Pisquei-lhe o olho, deixando-o um com sorriso fechado e idiota no rosto.
Ri-me para dentro e percorri os corredores, até sair da escola e chegar à paragem. As palavras de Madison ecoaram pela minha cabeça, fazendo com que percebesse que só iria ter autocarro dentro de duas horas. Suspirei e comecei a caminhar na direção do apartamento.
Se de autocarro chegava em quinze, vinte minutos, a pé ia demorar uma eternidade.
Coloquei os fones nos ouvidos e aumentei o som ao máximo, começando a minha caminhada. Enquanto isso, trocava algumas mensagens com Michael, que me havia informado da mudança do horário de treinos, sendo agora igual ao meu.
Se ele estava com ideias perversas, bem que as podia tirar da cabeça.
(...)
Um capítulo logo pela manhã e uma capa nova feita pela baby-idle ! Ela tem imenso jeito, o que acharam da capa?
E claro, o que estão a achar do desenvolvimento da história?