- Mu'tasim. - chamou o árabe. Um pouco mais de silêncio. E tornou a chamar - Mu'tasim, está aí?
Ariela se perguntou se era sinal de que Colin havia mantido sua promessa.
- Eu quero ser forte, Colin. Quero mesmo acreditar que sou capaz de lutar como minha mãe fez, mas eu sou covarde. Quando a chama acende, eu fujo. Tenho muito medo. Eu não sei se consigo ficar em pé quando ele me pegar.
- Você consegue sim, meu amor. O medo é bom. Ele te deixa desconfortável e te faz agir para estar em paz outra vez. Nós estamos prontos para lutar. Tenho algo para si. - ele pegou uma caixa preta com laço vermelho e dela tirou um bracelete tão lindo e delicado e colocou, com carinho, no pulso dela. - Ficou divino. - disse
Ariela passou a mão nele, achava-o uma preciosidade e, se não estivesse com o coração apertado, estaria a vibrar com aquela jóia. Agradeceu ao marido com um beijo e disse que era incrível.
- Tem um localizador implantado. Eu vou poder te localizar a qualquer momento. Se estiver em situação de emergência, apenas aperte esta parte aqui - indicou a pedra maior e explicou que era imitação de turmalina onde havia mandado implantar o localizador - Se um dia ele te abordar, vamos procurar descobrir o que pudermos da sua estratégia. Eu sei que te vamos por em risco, e eu estou morrendo de medo disso e do que ele pode fazer contigo, mas não vejo outra saída, amor. Não podemos fugir dele para sempre. Temos que lutar. E eu não te vou deixar na mão.
Ariela ganhou mais força ao ver a inquietação do árabe quando seu homem de acção não respondeu. Então a porta foi bruscamente aberta e dela entraram Rupert e Colin, com o servo de Omar refém deles.
Ela suspirou de alívio e esqueceu a dor por um breve instante antes de Omar mudar a posição da sua mão para o seu pescoço. Sua tensão voltou a aumentar enquanto tentava entender o que ia acontecer ali. Parecia cena de um filme, e era desesperador estar na posição de refém nas mãos do inimigo.
- Deixa-a a ir, Al-Faheem. Larga a minha mulher.
Imperou Colin Vaughn, ostentando pose e autoridade. Fez-a lembrar do tempo em que era apenas sua secretaria e sua voz a punha a correr pelo escritório para cumprir as demandas dele. Uma lágrima caiu do seu olho. Ele a havia chamado sua mulher, e sua expressão era de quem estava disposto a tudo para salvá-la. Tal como prometeu.
- O que pensa que está a fazer, Vaughn?
- A resgatar o que é meu. Deixe-a ir.
- Bem sabe a quem ela pertence. Não vai impedir o que está destinado.
- Nós somos os libertinos do ocidente, Omar. Os que o seu povo tanto despreza por não seguir regras nem conhecer limites. Então você não vai nos falar da existência do inevitável, gostamos de crer que somos mestres do nossos próprios destinos.
- Isso inclui-lhe a si, Sanderson? Tornou-se um deles?
Por alguns segundos Omar conseguiu desviar a atenção do casal para Rupert. Embora aquela jogada lhe tenha desconcertado, Rupert buscou transparecer tranquilidade e controlo.
- Pode ver por onde estou. - respondeu - Eu sou um deles.
Omar riu, e Colin ficou mais intrigado ainda pela conversa paralela entre seu irmão é o árabe.
- Vai se arrepender por isso. - disse Omar.
- Ameaças e mais ameaças - gozou Rupert - Nós estamos meio que cansados de ouvir isso e com um pouco de impaciência e muita pressa agora, vossa alteza. Por gentileza, dá-nos a Ariela e toma o seu escravo. Prepare sua revanche porque claramente não vamos nos matar hoje. Nós não vamos nos esconder, sabe onde nos encontrar.
Omar cerrou os dentes com força e largou Ariela com brutalidade. Colin também empurrou Mu'tasim para ele e recebeu sua esposa. Envolveu-a nos seus braços e a beijou sem parar. Permitiu-se sentir a alegria de tê-la de volta, bem nos seus braços, viva e inteira e se apressou com ela para sair daquele lugar que com certeza ela havia vivido momentos horríveis.
Ao abrir a porta, alguém quase cai dentro do salão e trava no corpo de Rupert.
- Você! - Rupert mal acreditava no que via - mas que diabos você...
Cortou a frase a meio e suspirou, exasperado. Não adiantava perguntar. Hope era metida demais e estava em todo o lado, até onde era suposto ser só seu refúgio. Pegou-a pelo braço e seguiu atrás de Colin e Ariela que apenas abanaram a cabeça quando a viram e seguiram para onde estava o carro.
- Solta-me o braço, seu desvairado - Hope livrou-se dele e massageou onde Lupe havia pegado. - Da próxima que fizer isso eu lhe levo na traseira do meu carro. Algemado.
- E então você vai ter que explicar o que faz aqui. Continua a nos seguir? Lupe, achei que tivesses resolvido isso. - Colin interveio, irritado.
Rupert olhou para ela inquisitivo, mas antes que falasse algo Hope adiantou a explicação.
- Hoje eu não estava seguindo ninguém. Eu ia ao centro de recriação para ter umas informações com a Ariela quando vi-a sair com aquele árabe assustador no banco de trás. Não era preciso ser uma detective para saber que algo estava mal, então a segui, mas não conseguia entrar aqui. Até que vocês chegaram e tive minha brecha. O que aconteceu aqui? Não vão me dizer que nada porque algo muito sombrio estava a acontecer dentro daquele salão com o Sheik. Qual é a vossa afinal?
- Nada que seja da sua conta, detective.
- Tal como o que quer que seja que te pôs a chorar sozinho na praia a alta noite naquele dia?
Hope apenas percebeu que falou seus pensamentos alto demais quando Rupert a olhou com raiva e Colin perguntou de que ela falava. Ela quis responder para se retratar por quebrar sua promessa de silencio, mas Lupe foi mais rápido ao dizer ao irmão que tivessem foco no real problema que tinham. Depois pediu um segundo para se livrar da detective. Puxou-a para um canto e deixou o casal sozinho.
- Ele vai atacar o nosso casamento, Colin. - Ariela libertou o que queria dizer. Havia descoberto a estratégia do árabe no fim de tudo - Ele tentou me coagir ao divórcio, mas assim que resisti ele vai tentar anular nosso casamento, eu sei.
- Lupe desconfiou que fosse. Nós vamos ter que fechar-lhe as possibilidades. A começar por destruir o contrato de casamento.
- Destruir o contrato?
- Devíamos ter feito isso há bastante tempo, Ari. Não precisamos mais dele. Não pretendo me ver longe de ti nos próximos meses nem nunca. Você é minha mulher. Até que a morte nos separe.
Ainda se emociona a por ouvir-lhe chama-la "minha mulher". Lança-se no colo dele para um abraço. Depois de todo o medo, finalmente está no seu lugar.
- Até que a morte nos separe, meu amor.
Rupert ainda discutia com Hope para que fosse embora quando ouviu as juras do casal e mandou-a calar com simples gestos. Percebeu algo que lhe havia escapado e lhe deixava com dúvida sobre a possibilidade de sucesso do seu plano. Eles acabavam de lhe dar o último movimento que precisava para vencer o jogo. Aproximou-se deles, agitado.
- Anular o contracto de casamento apenas não será suficiente para parar Omar. O casamento civil pode ser anulado num processo judicial, mas há algo que os árabes respeitam. E bastante.
- A religião? - Ariela lançou.
- Exactamente. Vocês devem casar pela igreja. E agora.
- Casar? Na igreja? Agora? - ela olhou para Colin. Também parecia tão absorto quanto ela.
- Lupe, não tem outro jeito? Não que não queiramos, mas... é que nos nossos planos, o casamento na igreja era a nossa chance de organizar um casamento real, algo que nunca tivemos. - Colin explicou.
- Sinto muito por isso. - disse Rupert. - Mas tem que ser. Temos o padre Filippo. Ele me deve uma e pode casar-vos sem problema. So precisamos de mais alguém para ser testem... - Ele olhou para Hope - Ei, detective, boas noticias para si. Nós dois vamos a um casamento hoje.
Hope levou às mãos á cintura ao nunca ao ouvir-lhes.
- Vocês são loucos! O que infernos há convosco? - ela perguntou.
- Não se estresse por causa de um vestido, querida. Você é mais charmosa de distintivo e revólver na mão.
Rupert tomou tudo na mão e já ia ligar ao padre quando Ariela decidiu falar.
- Lupe, pára! Eles já arrancaram mulheres casadas dos seus lares, já acompanhei isso. O que vai lhes impedir de fazer o mesmo comigo?
- Ari tem razão. Por que o nosso casamento iria ser diferente e parar o Omar de vir atrás dela?💐