— O que você quer? – perguntou o ancião.

— Um local para dormir e comida, em troca posso ajudar em qualquer serviço – respondeu.

Os homens confabularam entre si e depois de um momento o ancião se voltou para Juan novamente.

— Temos lenha para cortar precisamos nos preparar para a plantação da primavera, se trabalhar duro terá um local para dormir e comida – decidiu.

— É tudo que desejo e um local para guardar meu cavalo – concordou.

Juan foi hospedado em um velho estábulo, acordava antes de o sol nascer e após um desjejum ia com os homens para a floresta onde passava o dia cortando lenha. Jantava e dormia cedo, algumas vezes saía para caçar no bosque usando um velho arco do ancião e por duas vezes abateu um cervo que teve sua carne salgada.

A vida de exercícios ao ar livre logo o colocou em forma. Os camponeses sabiam que ele não era um deles e que deveria ter vindo de família rica, mas não o importunavam com perguntas e o jovem agradecia trabalhando duro.

Enquanto observava o sol se pondo nos finais de tarde imaginava que talvez pudesse se acostumar com aquela vida simples. Ninguém cobrava nada dele, ninguém tinha expectativas com suas ações.

Mas seu desejo de nunca mais empunhar uma espada foi por terra em certa manhã. Ele estava cortando lenha quando um garoto chegou correndo, buscando pelo pai que era lenhador.

— Pai! Rápido! Soldados chegaram e estão roubando tudo! – gritou o menino.

Os cinco lenhadores que estavam junto com Juan saíram correndo com seus machados para defender a aldeia e suas famílias.

Resignado Juan olhou em volta, ele poderia ficar longe, virar as costas e ir embora, não tinha nada de valor na aldeia, com exceção de seu cavalo.

O local onde enterrara suas armas não era longe, ao lado de uma grande pedra debaixo de um velho carvalho podre.

Com passos decididos ele foi até o local e desenterrou-as, seu desejo de paz fora novamente desfeito e com determinação vestiu a cota de malhas e empunhou a espada e escudo, em seguida caminhou até a aldeia.

Ao chegar percebeu dois homens mortos no centro da aldeia, os lenhadores estavam de joelhos, juntamente com os moradores do local.

Quatro cavaleiros estavam circulando entre eles, suas montarias quase pisoteando os infelizes moradores. Outro cavaleiro, desmontado, agredia o ancião esbofeteando-o.

Eram árabes, identificou-os pelos turbantes, cimitarras e escudos redondos.

— Largue o velho! – gritou Juan se aproximando com a espada na mão.

Os árabes avançaram com suas montarias brandindo as cimitarras.

O jovem aguardou impassível, o primeiro cavaleiro tentou atropelá-lo, mas ele deu um passo para o lado desferindo um golpe circular que cortou a lateral de seu adversário fazendo-o cair ao solo com um grito.

Sem se deter Juan saltou e rolou escapando do segundo cavaleiro, ao se erguer defendeu-se de um golpe descendente com seu escudo de um terceiro atacante, contra atacando com um golpe que acertou a base da coluna do cavaleiro.

Agora faltavam dois cavaleiros que retornaram as montarias em sua direção. Juan subiu em um poço feito de pedras que havia no centro da praça. Os cavaleiros se aproximaram quase em um galope, um deles atacou-o com sua cimitarra golpeando-o, mas Juan se desviou e o homem apenas acertou a madeira que sustentava a corda por onde um balde descia até a água, enquanto o jovem jogava seu escudo acertando-o no rosto.

O segundo cavaleiro tentou ataca-lo, nas o jovem enfiou sua espada no pescoço de seu adversário transfixando-o, ao virar se defendeu de um golpe do primeiro que se recuperou do golpe no rosto, ato contínuo cortou transversalmente seu peito de cima para baixo.

Agora havia apenas o líder que esperara o resultado da luta; Ao ver Juan caminhando em sua direção ele sacou sua cimitarra colocando-se em posição de ataque.

— Quem é você! – gritou o árabe.

— Não sou ninguém – respondeu caminhando com passos decididos.

As lâminas se chocaram com força, o muçulmano era rápido, mas Juan era ainda mais, e após se defender de um golpe lateral acertou-o na cabeça cortando o elmo e gravando a espada no crânio de seu adversário.

Após retirá-la com um safanão ele caminhou até os outros que estavam caídos e verificou se estavam mortos.

Olhou em volta, os aldeões que antes o encaravam com simpatia, quase como um deles, agora o observavam com olhares carregados de um respeito temeroso.

Sua esperança de levar uma vida tranquila terminou, ele devia voltar para Oviedo, a guerra ainda assolava a fronteira e talvez conseguisse ter sua vingança contra Jamal. 

A GUERREIRA INDOMÁVELWhere stories live. Discover now