Luco de Ástures — Verão, Agosto de 836 d.C.
Jamila chegou a Luco de Ástures na companhia de Dom Iglesias e padre Paulus. Novamente ela era uma mulher casada e mais uma vez não era com Juan, seu único e verdadeiro amor.
O Duque cumprira sua palavra e após o casamento, Yusuf e Brunilde foram libertados, mas ao invés de seguirem-na até o ducado de seu esposo, ela pediu que eles voltassem para Al-Andalus e organizassem sua tropa, levando aqueles que ainda quisessem segui-la para o principado de Banu Qasi, no norte, entre as fronteiras dos reinos da Astúrias e Franco.
Ela ainda não sabia como, mas planejava se reunir a eles tão logo fosse possível, levando seus filhos.
— Por que não foges? – perguntou Brunilde quando eles foram libertados e se encontraram na casa que Dom Iglesias comprara quando pretendera levar Madalena e o neto para a capital — O Duque não colocou ninguém a vigiando.
— Como posso perder a chance de encontrar meus filhos? – respondera — Preciso acompanhar Dom Iglesias para ver meus filhos, ao chegar pensarei em algo.
— Não se preocupe, minha menina – interviera Yusuf — Aguardaremos você em Banu Qasi.
— Se você demorar muito irei resgatá-la – rosnara Brunilde.
E assim eles partiram, enquanto ela se dirigia para Luco de Ástures em uma carruagem fechada, puxada por uma parelha de cavalos.
Viajar pelos montes e trilhas que Juan percorrera quando jovem a emocionou, mas seu coração disparou no peito quando entraram na aldeia e se dirigiram ao castelo, finalmente reveria seus amados filhos.
A chegada do Duque fora avisada, servos aguardavam no pátio externo no interior dos muros. Jamila, ansiosa, foi a primeira a descer, observando em volta.
Então ela os viu.
A aia de confiança dela estava parada na escada de pedra que dava acesso ao interior do castelo. Agarrados em sua saia, Iasmim e Samir pareciam tranquilos olhando a movimentação de pessoas com curiosidade. Estavam grandes e corados, bem vestidos e limpos.
Sentindo as lágrimas escorrendo por sua face, caminhou não acreditando que finalmente se reunira com seus filhos. Ao verem-na eles esticaram os bracinhos em meio a gritinhos e sorrisos de felicidade.
Ela os tomou nos braços apertando-os contra si, beijando-os alternadamente, molhando-os com suas lágrimas.
— Meus filhos, meus amores – chorou ainda mais se recordando que Juan jamais os veria crescendo, que ele nunca os teria nos braços, que nem sequer tivera a chance de conhecê-los.
Dom Iglesias a hospedou em um espaçoso quarto ao lado do dele, após providenciar que os camas dos gêmeos fossem levados para o aposento. Ele novamente garantiu que não tinha nenhum interesse em consumar o casamento, mas que deveriam viver uma vida de casados de fachada, comparecendo na missa juntos e tendo ela que ficar ao seu lado nos banquetes que ele eventualmente ofereceria aos seus vassalos.
Para todos os efeitos ela era a Duquesa de Luco de Ástures e, na ausência dele, fora categórico, ela tinha todo o poder para administrar o ducado.
Nos primeiros dias ela se familiarizou com o castelo e seus servos e soldados, se emocionou ao conhecer a biblioteca que Juan adorava e onde ele passara incontáveis horas.
Na primeira semana, Jamila decidira conhecer a aldeia e a região, os moradores a tratavam com deferência se curvando quando ela passava. Embora possuísse a liberdade para ir e vir, na primeira vez que levara os gêmeos, dois cavaleiros a escoltaram e, apesar de ela os ter dispensado, estes recusaram a obedecê-la.
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A GUERREIRA INDOMÁVEL
Romance"O que acontece quando uma jovem guerreira se vê entre o amor e sua convicção?" Século IX d.C., a península ibérica dominada pelos árabes se vê envolta em fortes tensões sociais. Uma embaixada enviada pelo último rei cristão à Mérida tem o objetivo...