Capítulo 16

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Mérida- Primavera, Maio de 833 d.C.

Na manhã seguinte, perto do meio dia, as tendas começaram a ser desmontadas e Ibrahim levou-os até a casa em que estavam hospedados avisando-os que um servo viria perto do crepúsculo, após as orações da tarde, para levá-los até a residência do Sheik onde jantariam.

Juan passou o restante do dia com os dez mercenários que vieram como escolta e, antes do entardecer, se banhou em uma tina com água que os servos haviam preparado, vestiu então sua melhor roupa, e colocou a espada na cintura.

Um pouco depois do anoitecer, um servo se apresentou para leva-los. Caminharam pelas ruas movimentadas de Mérida, iluminadas por archotes presos às paredes das casas e prédios, e após se encontrarem com o bispo Ariulfo, um homem alto com uma barriga protuberante e uma calva que chegava a brilhar sob as luzes das tochas, em sua residência, chegaram ao local que visitaram dois dias antes, localizado no topo de uma elevação de onde se avistavam os muros da cidade ao longe.

Juan ficou impressionado, quando foram recebidos pela primeira vez não imaginou que o local fosse tão grande.

O palácio, pois para ele aquela construção parecia um, era de alvenaria, grandes portas davam acesso a um pátio interno aberto, o chão era de ladrilhos coloridos, vasos com plantas e flores decoravam o local, no centro uma enorme fonte jorrava água cristalina.

O ambiente estava iluminado com archotes presos às paredes e braseiros onde uma lenha odorífica ardia espalhando um leve aroma parecido com incenso.

Em volta do pátio quadrangular, arcos largos davam acesso a um corredor protegido pelo telhado da estrutura que levava a outros aposentos.

Seguiram o guia por um dos corredores com portas fechadas e janelas de grades de madeira que protegiam o interior dos aposentos juntamente com delicadas cortinas coloridas.

O som do eco de seus passos ressoava no chão liso de pedras. Juan ficou intrigado, não visualizou ninguém, mas sentiu que eram observados, pelas frestas das cortinas cerradas, por olhares curiosos.

Entraram em um átrio, que ao contrário do primeiro era fechado por um telhado, mas como o anterior havia uma profusão de vasos com plantas e flores. Trepadeiras floridas se agarravam às várias colunas que sustentavam o teto. O local estava ainda mais iluminado com dezenas de archotes, além de cinco grandes candelabros de metal com velas, suspensos no teto por correntes.

No centro do aposento havia uma mesa baixa retangular coberta com uma toalha branca onde havia pratos e taças de metal, além de jarras e bacias com diversas frutas, alguns candeeiros estavam acesos sobre ela. Em volta da mesa, em vez de cadeiras, estavam posicionadas várias almofadas.

O guia silencioso fez um gesto apontando as almofadas em um convite para que se sentassem, o que fizeram de forma lenta, não acostumados ao estilo árabe.

Juan ficou sentado ao lado direito da cabeceira da mesa, que era reservada ao líder do clã, enquanto Paulus sentou-se ao seu lado e o bispo ao lado do padre.

Por outra porta, de repente, entraram Abd al-Ŷabbãr, seguido de seus filhos Mahmud, Ibrahim, pelo velho conselheiro Yusuf e o guerreiro que fora derrotado por Jamila no torneio, que o filho mais novo do líder tribal contara se chamar Jamal, o segundo comandante do clã, que se sentaram no lado esquerdo da mesa.

- Sejam bem vindos à minha humilde morada - cumprimentou Abd al-Ŷabbãr fazendo um gesto para que os três se sentassem, uma vez que haviam se erguido rapidamente com a entrada deles.

- Agradeço a hospitalidade - respondeu Juan fazendo uma leve mesura.

- É um prazer revê-lo, meu senhor - cumprimentou o bispo.

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora