Capítulo 53

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Mérida- primavera, Maio de 834 d.C.

Juan galopara até próximo à exaustão do pobre animal e ficara ansioso esperando que ele se recuperasse. Como voltara para o território de Al-Andalus, guardou suas roupas e vestiu um típico traje berbere com turbante e manto com que Jamila o presenteara.

Evitava entrar em cidades ou aldeias, preferindo dormir ao relento e comprar mantimentos em casas de camponeses.

Galopando sem parar, finalmente chegou às proximidades de Mérida perto do crepúsculo, vinte e cinco dias depois que se despedira de seu irmão.

Hospedou-se na casa de um granjeiro que, por uma moeda, prometeu cuidar de sua montaria e lhe deu pouso.

Antes do alvorecer, entrou na cidade passando pelos portões que um dia defendera, usando manto e turbante sob o olhar displicente das sentinelas, juntamente com pastores que levavam seus rebanhos para vender no mercado.

Com cautela se aproximou do bairro onde ficava o palácio de Jamila. Ainda não tinha um plano definido, mas sua única certeza era de que precisava vê-la e se fosse o caso resgatá-la.

Sentou-se de cócoras ao lado de uma fonte fingindo descansar, enquanto ouvia atentamente as conversas animadas de servas e matronas que tinham ido ao lugar para encher ânforas de barro com água antes mesmo de o sol despontar.

Em uma dessas conversas ouviu que Jamila se casaria naquela manhã e que a cerimônia seria fora da cidade.

Juan ficou atônito e sentiu como se uma faca perfurasse seu coração. Como ela podia se casar? Estaria sendo obrigada?

Atento, se aproximou ainda mais do palácio e simulou ser um pedinte, sentando-se com as costas apoiadas na parede de uma casa, colocando na sua frente uma pequena cuia de barro.

Observou a entrada do palácio, tudo parecia tranquilo. Enquanto meditava em como entrar, os portões foram abertos e soldados fortemente armados se espalharam pela rua.

Não demorou e uma liteira, carregada nos ombros por quatro enormes escravos negros, saiu do palácio.

As cortinas estavam cerradas, mas Juan sentiu em sua alma que em seu interior estava Jamila.

Após a comitiva se afastar em direção aos portões da cidade, ele se ergueu e a seguiu a distância, juntando-se aos curiosos e desocupados que foram atrás, desejosos de conseguirem uma ceia farta. Caminharam para longe dos muros até uma campina onde uma infinidade de tendas estavam montadas.

Fogueiras ardiam com ovelhas espetadas, o cheiro de carne assada e especiarias se espalhavam pelo ar. Crianças seminuas corriam por todo lado, enquanto mulheres com túnicas longas e coloridas, usando véus cobrindo os cabelos e metade do rosto, preparavam refeições.

Guerreiros com suas cimitarras se reuniam em grupos de conversas animadas.

Juan conseguiu captar, pelas conversas que ouviu, que aquela gente eram muladis do clã liderado por Suleymán, o qual se casaria com Jamila.

Recordou-se do guerreiro que olhara com paixão a dança da jovem que seu pai a fizera dançar em homenagem ao convidado. Lembrou-se também dos olhos verdes o seguindo enquanto dançava, como se dissessem que a dança era para ele, ignorando o convidado.

A liteira parou em frente uma enorme tenda colorida e Juan conseguiu ver brevemente, à distância, Jamila entrando.

Pensou em ir até o local, mas havia vários guerreiros cercando-a.

Todos começaram a cantar e se reunir em volta de outra tenda, essa com as laterais erguidas, em uma pequena elevação não muito distante.

Quase duas horas depois, Jamila saiu acompanhada por várias servas e escoltada por guerreiros de ambos os lados.

O jovem teve que conter um arquejo, ela estava belíssima, embora sua aparência fosse triste, pensou enquanto se acotovelava em meio à multidão tentando se aproximar.

Imaginou sacando sua espada debaixo do manto berbere que usava, mas logo desistiu da ideia, seria morto antes mesmo de alcança-la.

Jamila sentou-se em um coxim debaixo da tenda, a cantoria aumentou e Suleymán chegou em meio a vários guerreiros, tendo Mahmud ao seu lado que segurou sua mão entre a dele.

Um mulá entoou passagens do alcorão, Mahmud entregara a irmã no lugar do pai e um grito gutural emitido por centenas de gargantas marcou o fim da cerimônia.

Um banquete foi oferecido, enquanto os muladis festejavam, Juan esperou por uma chance.

A guerreira berbere parecia infeliz sentada no meio da tenda enquanto o Sheik recebia os cumprimentos. Por um momento ele pensou que ela o tinha visto, mas foi apenas impressão, pois ela voltara a curvar a cabeça olhando para as próprias mãos.

No começo da noite, várias mulheres levaram-na cantando para a mesma tenda da qual saíra mais cedo e após um tempo saíram deixando-a sozinha.

Pelo que Juan aprendera sobre os casamentos berberes, não demoraria para que Suleymán fosse até o local para consumar sua união.

Era sua chance, não parecia ter sentinelas suficientes, a maioria festejava o casamento observando as várias dançarinas que requebravam em volta das fogueiras.

O jovem segurou o punhal por baixo do manto, seu plano era simples e perigoso, cortaria a tenda pegaria Jamila cobrindo-a com o manto que usava e sairiam o mais rapidamente possível, se misturando com a multidão. Ele avistara vários cavalos presos em um cercado improvisado de madeira, não havia sentinelas nesse local e seria fácil pegar dois cavalos para fugirem.

Não era um plano muito bom, mas fora o melhor que ele conseguira planejar.

Agora estava a poucos passos de distância, esperou uma das sentinelas se afastar alguns passos e se preparou para correr e cortar a tenda.

No momento em que avançou e encostou o punhal no tecido sentiu uma violenta pancada na cabeça e mergulhou na escuridão. 

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora