Capítulo 64

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Galiza — Verão, Julho de 836 d.C.

Saíram do pântano após caminharem por uma ravina e encontram um rio que corria em direção a ele, em suas margens havia uma piscina de águas cristalinas com leito de pedras e seixos, protegida da forte correnteza, resultado das chuvas de verão.

O sol brilhava forte e resolveram parar para descansar, haviam caminhado em silêncio desde que saíram do pequeno acampamento da feiticeira, ainda constrangidos com o que ocorrera no interior do pântano.

— Preciso de um banho – decidiu Jamila após apreciar a paisagem.

Sem esperar resposta ela se despiu e mergulhou, ao sair as gotas cristalinas em seu corpo brilhavam como pequenos diamantes sob a luz do sol e ele não pode deixar de observá-la com paixão.

— Venha, Juan, você também precisa, e nossas roupas estão imundas – convidou com um sorriso feliz.

O jovem olhou novamente em volta, o pântano não estava distante, ainda podia avistar sua floresta alagada. Tinham um longo caminho pela frente e não dispunham de montarias, mas possuíam comida suficiente embrulhada em um grande alforje feito de couro que ele carregava pendurado no ombro, um presente da feiticeira.

Por que deveria ter pressa? Não queria levar Jamila para Oviedo, não sabia qual era o objetivo do rei ao ordenar que ela fosse capturada. O pensamento de uma longa viagem ao lado dela o fez sorrir ainda mais e sentir uma felicidade que há muito tempo não sentia.

Sem esperar um segundo convite se aproximou da margem e se despiu de suas armas e cota de malhas, em seguida jogou a roupa entre duas pedras banhadas pelas águas do rio, onde Jamila deixara as dela.

Nu, entrou na piscina que chegava à sua cintura, a água estava gelada, mas não era capaz de aplacar o fogo que sentia correr por sua pele, que somente aumentou quando Jamila se aconchegou em seu peito em um encaixe perfeito.

— Eu te amo, Juan, sempre amei, sempre amarei – murmurou ela encarando-o fixamente — Acredite em mim, nunca quis magoá-lo, se casei com Suleymán foi porque meu irmão me obrigou ameaçando me mandar para o Egito, onde nossos filhos se tornariam escravos assim que nascessem.

— Cristo – murmurou horrorizado, ele lera a carta que ela enviara, mas ouvir da boca dela o fazia se sentir envergonhado, por muito tempo a culpara por ela não ter fugido com ele quando pedira em Trujillo e depois em Oviedo.

— Não se martirize, a culpa foi minha por não ter lhe contado – pediu ela tocando sua face com a ponta dos dedos ao perceber sua expressão de culpa e dor.

— Eu nunca deixei de amá-la Jamila – respondeu e a beijou com paixão — Me perdoe se cheguei a duvidar de seu amor.

Beijaram-se lentamente, os lábios explorando-se mutuamente, não só as bocas, mas o corpo inteiro. Com gentileza Juan a pegou no colo e saiu do rio depositando-a carinhosamente na relva, sob a sombra de uma grande rocha.

Suas mãos exploraram a pele macia e firme dela, seus lábios se detiveram em suas cicatrizes acariciando-as delicadamente. Em seguida explorou cada recôndito de seu corpo perfeito.

— Luz da minha vida – murmurou ela chamando-o pela forma carinhosa que usara anos antes.

— Minha Dama – sussurrou ele em seu ouvido, colocando-se por sobre o corpo dela.

Amaram-se com ternura, cada toque uma redescoberta de um prazer a muito esquecido. Até que, juntos, atingiram o clímax.

Seus corpos tremendo de exaustão, seus sorrisos demonstrando toda a felicidade que experimentavam.

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora