Capítulo 50

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E hj foi o lançamento de meu novo romance escrito com Geane Diniz




Em algum lugar na fronteira do Reino das Astúrias — Inverno, Fevereiro de 836 d.C.

A febre se instalou em seu corpo e o fez delirar, a diarreia o enfraqueceu e seu corpo tremia sem parar, apesar da pele arder como se estivesse dentro de uma fornalha.

Sua mente mergulhou em um pesadelo sem fim no qual via as imagens de sua falecida esposa e seu enteado morrendo lentamente por causa da peste, que depois atingia Jamila e os filhos dela ou então, sonhava que estava nadando em um lago de sangue, nas margens todos àqueles que ele matara em batalha o esperavam.

Juan percebeu em meio aos delírios que o padre Paulus fora até ele na cabana, tentou mandá-lo embora, mas seu velho tutor o ignorou e continuou obrigando-o a beber muito líquido, além de mantê-lo sempre limpo.

Após cinco dias a febre diminuiu e a diarreia desapareceu, o jovem se sentia fraco, mas o pior passara e ao menos ele não espalhara a peste novamente.

O padre Paulus avisou-o que a situação em Luco de Ástures melhorara.

— Faz cinco dias que ninguém cai doente – avisou aliviado obrigando-o beber canja de uma caneca de madeira.

— E meu pai? – perguntou o jovem cansado.

— Está recuperado, embora esteja emocionalmente arrasado com a morte de Madalena e do neto – respondeu com bar sofrido.

— Ele não se preocupou se seu único filho sobreviveu ou não?

— Meu filho, seu pai é um homem de coração duro e a perda do neto o afetou ainda mais – disse constrangido, o Duque se recusara a ir visitar o filho ou permitir que Paulus o levasse de volta para o castelo.

— Não precisa defendê-lo, padre, sei como meu pai é e não pretendo incomodá-lo com minha presença – disse amargurado.

— Em breve você estará forte para voltar...

— Voltar para onde? Para quem? Meu pai me odeia, minha esposa e enteado estão mortos, a Ordem dos Cavaleiros de São Tiago de Compostela está extinta e não há nada para mim em Oviedo, nem mesmo consegui me vingar do assassino de meu irmão – afirmou se erguendo com esforço e se sentando na cama. Não aguentava mais ficar deitado.

— Não diga tolices, logo vou levá-lo de volta para casa – avisou de forma peremptória — E então conversaremos.

Juan ficou em silêncio, uma hora depois o padre voltou para Luco de Ástures, ainda havia alguns camponeses se recuperando e ele estava visitando-os para verificar se estavam se alimentando.

Assim que o sacerdote saiu, com passos trôpegos, após se vestir, Juan selou sua montaria e partiu da cabana trotando pela trilha da montanha.

Não queria voltar, não tinha para onde ir, sentia-se perdido e sem rumo, perdera a chance de reconstruir sua vida, a proximidade da morte o fizera meditar sobre a precariedade da vida.

Estava cansado de odiar Jamal, cansado de ser alvo do ódio do próprio pai, cansado de amar Jamila e principalmente cansado de matar.

Por isso, uma semana depois, quando chegou a uma pequena vila perdida entre na fronteira do Reino das Astúrias e Al-Andalus, antes de adentrar no local enterrou sua espada, escudo e cota de malhas que embrulhara em um manto, em um bosque nas proximidades, pretendia nunca mais empunhá-la.

Foi olhado com desconfiança pelos poucos moradores, um ancião se aproximou, ao lado dele caminhavam alguns homens armados de forcados e machados de lenhador.

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora