Reencontros e Encontros

Capítulo 90

Milena on:
- O que vamos fazer amanhã? - a voz animada da Lin preenche a cozinha.

Além de nós duas, Diego, Marcos, James, Lunna e o Hugo estavam na cozinha. O Marcos tava fazendo alguma coisa pra gente tomar café agora a noite, junto com o James. A Lunna, o Diego e o Hugo tavam só olhando. Eu era o mistério de está aqui, porquê nem eu mesma sei. A Lin, provavelmente está procurando algo para fazer.

- Acho que o mesmo que no último domingo. Ir pra praia e ficar por lá mesmo. Como se fosse dia. - respondo, olhando pro nada.

- Não creio! - a Linha exclama de boca aberta.

- No quê? - a Lin pergunta.

- A Mily me fez trazer o meu melhor vestido para a festa de ano novo e diz que a gente só vai ficar na praia, como se fosse um dia qualquer?! - ela responde. O drama que ela faz por um vestido novo e caro, é impressionante. Mas, fazer o quê. Se não fosse ela, não teria drama.

- Eu não fiquei sabendo de nenhuma festa aqui em Santos! - digo. - Usa o vestido pra um casamento então. - dou de ombros.

- Qual? O seu? Até lá, duvido que o vestido caiba mais em mim. - ela reclama.

- Poxa! A gente faz dieta juntas até lá. - respondo pensando alto. Bem alto.

- Sério? - indaga o Hugo sobressaltado.

Olho pra ele. Na verdade, eu olho para todos, que me olham estranhos. Será que eu falei besteira?

- Sério o quê? - indago.

- Sério o quê você falou? - ele parecia animado, mas também meio perdido e assustado.

- O que eu falei? - agora isso estava me assustando.

- Você não sabe mesmo o que falou a um minuto? - era o Diego falando. Até ele estava assustado. Então eu realmente falei algum coisa séria.

- O que eu falei? - pergunto desesperada.

- Vem comigo! - o Hugo me chama e estende a mão pra mim por cima do balcão.

- Mas eu tenho que vê o café... - ele me interrompe.

- Não precisa. Aliás, Marcos vê se ela não trocou o açúcar pelo sal. Pelo amor de Deus! - o Hugo segura a minha mão e me guia para fora da casa. Pelos fundos.

Talvez eu esteja aérea demais esses dois últimos dias. Ando comendo mal, fico viajando na maionese e pior, pensando na morte da bezerra. Eu particularmente não sei exatamente por quê. Talvez seja só o fato de está à oito dias longe dos meus pais e do meu irmão. E também não ter que aturar o meu irmão no natal e no ano novo. Ou talvez seja o fato de que a última vez que vi a minha vó foi no natal. Ou que daqui a pouco eu vou ter que entrar na faculdade. Ou até mesmo sobre o futuro.

Acho que tem muita na minha cabeça nesse momento. Coisas que eu jurava que não iria me perturbar tanto assim.

Eu deixei o Hugo me guiar até a praia. O céu estava estrelado, sem nenhuma nuvem. A brisa fresca fazia meus cabelos soltos voarem e os pelos do meu braço e nuca se arrepiarem.

Ele ia na frente, puxando minha mão e consequentemente meu corpo. Ele parou um pouco distante na casa, largou a minha mão devagar e se sentou no chão. Me chamou silenciosamente para sentar no seu colo e assim fiz. Sentei no seu colo, com cada perna de uma lado, de frente para ele. Ele pôs as mãos na minha cintura e eu nos seus ombros.

Uns cinco segundos olhando cara a cara e eu desabei. Apoiei minha cabeça no seu ombros e algumas lágrimas desceram.

- O que aconteceu? - sua voz estava baixa e rouca no meu ouvido. Ele parecia triste, assim como eu.