A Ilha de Eudamón - VI

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O dia do casamento amanheceu com um sol radiante, festivo. Todo mundo madrugou, e todos estavam apressados, ocupados com seus próprios preparativos.

Felicitas, Luz e Alelí ajudavam Cielo a terminar o vestido e a escolher um penteado. Monito e Lleca ajudavam Nico. Malvina insistia com que queria ajudar, então Nico lhe pediu que fosse buscar Cristobal, que tinha ficado para dormir a noite anterior na casa de sua mãe.

Enquanto isso, nos quartos dos jovens havia um emotivo nervosismo. Mar, Thiago, Rama, Tacho e Jazmin, os cinco TeenAngels, estavam se preparando para o que seria seu primeiro grande show. A emoção não era somente por dimensionar aonde haviam chegado, era também por entender desde onde haviam partido.

Nico foi dar um beijo em Cielo e a se despedir, pois logo voltaria a vê-la apenas na igreja. Naquela tarde lhe falou das decisões, de como cada escolha que fizeram os conduzira a esse lugar. Nico se perguntava o que teria acontecido se tivessem tomado outras decisões. Se ele, por exemplo, a tivesse alcançado no dia que a conheceu e pensou que era uma ladra, e ela, em vez de ter se escondido no jardim, tivesse terminado em um calabouço.

- Teria me mandado presa? - disse ela sorrindo.

- Claro que não, porque na realidade naquele dia eu te deixei escapar. Essa foi minha decisão, e com cada decisão que tomamos tudo mudou. Esse é o bom das decisões, Cielo, mudam tudo.

Nesse mesmo momento, enquanto se provavam figurinos para o show, os cinco adolescentes se olhavam no espelho, pensando em suas próprias decisões. Em suas escolhas. No caminho recorrido, e na sorte que todos tinham de ter se encontrado.

- Esta é Mar... a fratacha incendiaria do reformatório. - disse Mar, se olhando no espelho e abraçada a Jazmin.

- Esta é Jazmin, a ciganinha rebelde de Joselo. - disse ela, emocionada.

Tacho e Rama não necessitavam palavras. Ambos haviam crescido juntos nesse inferno. Tinham muito em claro de onde vinham.

- Eu escolhi bem. - disse a si mesmo Thiago, se olhando no espelho.

Os cinco se reuniram no pátio coberto, estavam todos já vestidos para o show. Se olharam, em parte tentados, em parte emocionados. E como não sabiam o que dizer, juntaram suas mãos e improvisaram uma saudação que seria sua marca, para sempre.

- Um, dois, três, quatro, cinco! - gritaram, agitando suas mãos unidas. Seriam cinco, para sempre, eles cinco.

Antes de partir para o prédio onde fariam seu recital, foram se despedir de Cielo. A encontraram em plenos preparativos para a cerimônia. Lamentaram muito não poder ir, e Mar quase ameaça suspender o show. Mas Cielo lhes disse que não podiam perder isso pelo que lutaram tanto. Eles iriam a seu show, ela a seu casamento, e depois se reuniriam na festa, para festejarem todos juntos.

Não era qualquer momento esse, estavam todos a ponto de realizar seu sonho. Mas os garotos tinha uma dívida de gratidão eterna com Cielo. Foi ela quem os incentivou a cantar, a dançar, e a lutar por seus sonhos. Ela era esse anjo que lhes havia mudado a vida. Cielo, em troca, pensava que eles eram seus anjinhos; eles lhe haviam devolvido sua vida e sua identidade. Se despediram com um abraço interminável, e os cinco saíram do sótão, caminhando para trás, sem deixar de olhá-la, com lágrimas nos olhos, enquanto ela os despedia com um suave movimento de sua mão.

Os cinco desceram as escadas e se toparam com Nico, que já estava vestido com o terno para o casamento. Felicitas corria buscando o lustrador de sapatos. As garotas elogiaram a pinta do noivo, e ele questionou o quão curtas eram essas mini saias que elas usariam.

- Vocês não tem nem ideia do quanto eu os amo. - disse Nico, e os cinco o rodearam em um abraço grupal.

Nico continuou dando instruções e recomendações, basicamente que cuidassem das garotas, e que se lembrassem que, ainda que pareciam mulheres, eram meninas!

Quase Anjos - A Ilha de Eudamón (Português)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora