Nasce TeenAngels - VI

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Cielo não pôde acompanhar Nico durante todo o processo judicial como lhe havia prometido, porque se dedicou totalmente a pequena Luz. A menina finalmente aceitou ir para a mansão, mas se negou a ver e falar com Justina.

No principio, Cielo considerou que, tendo estado sozinha a vida toda, seria conveniente um processo de adaptação, pelo que decidiu instalá-la em um quarto solo. Depois, se ela quisesse, a mudaria para o quarto das garotas, para estar acompanhada.

Justina estava feito um mar de lágrimas, vagava pela casa soluçando, e quase não falava, ou o fazia como pedindo perdão. A carcereira prepotente e cruel havia ficado distante.Bartolomeu se via muito preocupado pela conexão que advertia entre Cielo e sua irmã, e se perguntava quanto poderia demorar até a empregada atar os cabos. Mas as coisas haviam ido longe demais como para tomar medidas extremas nesse momento. Além disso, com Bauer morando na casa, não era conveniente remover o vespeiro.

Luz havia caído em uma depressão severa. Se adaptar a sua nova vida nessa casa linda, onde viviam outras crianças, onde havia musica e brincadeiras e comidas em família era um recordatório permanente da mentira na qual havia crescido.

Ainda que se negava a falar com Justina, aceitou, a pedido de Cielo, escutá-la. Entre lágrimas e soluços, Justina havia lhe contado a história dos traficantes de bebês, e havia explicado que fez tudo isso com o intuito de salvá-la. Ainda que a história era uma falácia, tinha alguns pontos de verdade. Luz só a escutou e não disse nada. Apesar de que uma parte sua ainda acreditava em sua mãe, seguia sem poder compreender o porquê de tantos anos de engano.

Cielo, por sua parte, tinha inúmeros motivos para suspeitar da veracidade dessa história.

- O que pensa sobre o que Tina disse? - havia lhe perguntado Nicolas.

- Não sei o que pensar... - disse ela, se contendo para não contar a ele seus verdadeiros motivos para não dar nenhum crédito a seus dizeres.

Bartolomeu os colocou em contato com um comissário, Luis Blanco, quem lhes confirmou a existência dessa suposta quadrilha de traficantes; e essa revalidação oficial deu um pouco mais de credibilidade aos dizeres de Justina. No entanto, para ambos nada justificava a atrocidade de ter tido uma menina trancada durante dez anos em um porão. A Cielo lhe partia o coração saber que a menina levaria essa marca pela vida toda. Se esforçava para dar a ela toda a alegria e felicidade que podia, cada dia, no entanto, notava que a alegria angustiava ainda mais a Luz, quem ia se tornando um tanto agressiva. Era reaça a compartilhar, se negava a brincar com os pequenos, a não ser com Lleca, e se resistia a emprestar seus brinquedos. Apesar de todos os esforços que Alelí havia feito para se aproximar, Luz a ignorava por completo. "Compartilhar é algo que não existe no mundo de alguém que se criou sozinho", pensou Cielo.

A chegada de Luz mudou o olhar de todos os jovens da fundação. Paradoxalmente, comparando suas histórias com a dela, se sentiram algo privilegiados; mas ao mesmo tempo todos começaram a ver Bartolomeu e Justina com mais apreensão que antes: se haviam podido fazer algo assim, do que não seriam capazes com eles?

Quando conheceu Luz, Thiago chegou no limite do ódio e da repulsa por seu pai e Justina. Mal falava com eles, e lhe custava horrores continuar fingindo que não confiava neles, mas aceitava o pedido de Cielo, já que entendia que era melhor deixar que Bartolomeu não se sentisse ameaçado. Mas Thiago decidiu que era momento de começar a reverter as coisas, e para isso teve uma ideia.

- Um bar? - perguntaram em uníssono Mar, Tacho, Jazmin e Rama quando Thiago os propôs.

- Sim, aqui em frente... a loja de antiguidades do falso James Jones fechou. Eu já averiguei e pode ser habilitado como bar. Se Nico nos ajuda como garante, podemos alugar o local e montamos um bar, e o atendemos nós mesmos. Estando ao lado do colégio, vai encher de jovens.

Quase Anjos - A Ilha de Eudamón (Português)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora