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Aquela noite eu e Erick não fizemos amor, apenas nos abraçamos e ficamos em silêncio, paz, finalmente teríamos paz. Terminamos voltando pra casa de avião.

—Estou pensando em comprar as outras casas e fazer um condomínio! —Falei a Erick.

—Pode ser, daqui a pouco Ariel e Sol vão querer ter a casa deles e acho que Miguel vai ir pelo mesmo caminho, pelo menos já ficamos preparados, não quero nenhum deles longe de nós! —Disse Erick.

—Vou fazer isso então!

—Sabe, nunca imaginei que as crianças fossem se interessar pela empresa.

—Nem eu, nunca perguntei pra saber também, mas fiquei feliz.

—Eu também!

Descemos pro café da manhã, todos estavam chegando quando dei falta da bisa.

—A vó ainda não desceu?

—Pois é! —Disse a dinda.

—Vou chamá-la! —Falei.

Subi a escada e bati na porta do quarto, ela não respondeu, abri a porta ela estava deitada.

—Vó?!

Cheguei perto para chamá-la e percebi que ela já não estava entre nós, havia um sorriso no rosto, mas o brilho de vida não tinha mais. Chamei a dinda e o dindo. E contei aos demais.

Miguel nos disse;

—A bisa queria ser cremada e que jogassem as cinzas dela no mar por todos nós! —Ele deu um sorriso em meio as lágrimas. —Disse que teria bastante cinza pra todos, e que queria música no seu velório.

Então assim o fizemos, passamos o dia a velando com seu amado rock in roll, e a noite fomos pra casa, comecei a arrumar os colchonetes na sala porque ninguém queria se desgrudar, as crianças estavam tristes e no fim virou um dormidão sem guerra de travesseiros no dia seguinte.

Miguel era quem mais sofreu com a partida da vó. O encontrei escondido no jardim, segurando uma caixinha violeta contra a testa. Sentei-me do seu lado e o abracei.

—Não tenho mais lágrimas —Disse Miguel. —Eu a amava muito!

—Eu sei, todos nós!

—Mas é diferente sabe, ela sempre me fez sentir ter o mesmo sangue, ela me deu isso.

Peguei a caixinha. Era um anel de noivado, um diamante.

—Era o anel de noivado dela, ela disse que foi muito feliz com o bizo, e que queria que eu desse a Kira, não tive coragem de dar a ela ainda.

—E por que não?!

—No começo achava a Kira muito nova, mas ela me provou que eu estava errado, a idade não prova nada, depois porque eu queria ter um propósito na vida antes de entregar.

—Por isso quer trabalhar conosco?

—Quero me encontrar! —Ele me olhou.

—Seu pai já passou por isso.

—Eu sei, ele me contou que você o ajudou.

—Vou te contar uma coisa que seu pai não contou, eu também já passei por isso, acho que todos os seus tios já passaram por isso, quando reencontrei o Pe e a Lara eles estavam fazendo faculdade, seu pai Ruan também, então, eles não estavam felizes no que estavam fazendo, eu os convidei para abrirmos a empresa e não pensaram 2 vezes em aceirar.

—Como soube que era isso que você queria?!

—Eu não sabia, tudo que eu queria era comprar a empresa dos meus pais de volta, e a encontrei dentro de um cofre na casa dos meus avós, Erick também não sabia o que queria, então ele disse que me ajudaria a reerguer. Mas eu não reergui aquela empresa eu criei uma nova junto dos seus tios. Nunca pensamos na parte lucrativa, só queríamos ficar juntos.

Ele me abraçou.

—Não de o anel a ela ainda, primeiro se encontre, semana que vem já voltamos ao trabalho e você vai junto conosco.

—Obrigado tia!

—Sempre que precisar...

—Eu vou me esconder aqui! —Disse ele com um sorriso bobo.

—E eu sempre vou te encontrar!

—Eu sei!

Me levantei e estendi a mão pra ele.

—Quer dar uma volta?

—Quero!

Saímos na surdina, fomos ao shopping assistir um filme e comer porcarias. Meu telefone tocou.

—Oi amor!

*Onde está?

—Estou com o Miguel, por?

*Bom, seus sobrinhos todos já me perguntaram onde você estava e seus filhos também, e como eu não sabia fiquei curioso.

—Não conte a eles, estou no shopping com Miguel!

*Ele está bem?

—Agora sim!

*Ok, aproveita seu sobrinho ai!

—Te amo!

*Eu te amo mais!

—Era o tio?

—Era, mas e ai que tal nos divertirmos no play?

—Vamos!

Miguel saiu do shopping com outra feição, estava sorrindo de verdade, chegamos em casa e fomos bombardeados com perguntas de onde estávamos, não contamos a ninguém. Faltando dois dias pra voltarmos as atividades e Ariel passou mal. Ele precisaria de um transplante de rim com urgência ficamos todos loucos, todos nós fizemos exames de sangue pra ver quem era compatível.

—Aurora?

—Entra Steff!

Ela me abraçou.

—Estou com medo! —Disse ela.

—Eu também estou!

—Não só tenho medo de perdê-lo, mas acho que vou ter que procurar...

—Calma, tenho certeza de que um de nós será compatível!

—Deus te ouça, não quero que ele saiba...

...

Por fim Lucas e Bruno eram compatíveis com ele. Ou seja, se não desse certo o transplante com o rim de Bruno tínhamos uma carta na manga. Estávamos esperando do lado de fora do hospital quando Steff veio com a notícia de que os dois já tinham saído da sala e passavam bem. Graças aos Deuses o corpo de Ariel aceitou o novo rim.

TiesWhere stories live. Discover now