03.24

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Aurora

—Ele me levou pra dançar pela primeira vez em minha vida, e quando meus pés doeram ele correu no carro para buscar meu tênis, e quando ele voltou um louco estava tentando me agarrar a força, ele desmaiou o cara e me tirou dali, eu quase surtei e então fomos contemplados com os primeiros flocos de neve, que quase fez o carro derrapar, ele não queria me levar a um motel e eu não entendia o porquê, eu achei tudo tão lindo e colorido, encontrei umas camisinhas e ele não queria me explicar pra que era, no fim descobri com a Steff como se usava. —Ri lembrando da aula dela numa banana no banheiro. —Mas ele nunca foi desrespeitoso comigo, em momento algum ele tentou se passar comigo, pelo contrário, acho que já que estou falando tanto vou ser verdadeira com vocês, eu tento abusar dele e não consigo, porque ele não quer que eu perca minha "inocência" tanto quanto vocês, quero dizer com isso tudo, que nunca o culpem dessa maneira, ele não merece isso!

—Aurora. . . Filho vem cá! —Falou a dinda olhando pra ele com lágrimas rolando, ele se ajoelhou do meu lado e deu a mão pra ela. —Quero a verdade Erick! —Disse ela olhando nos olhos dele —Você a ama como irmã?

—Não mãe, eu a amo de muitas formas, mas não como irmã!

—Então vocês estão juntos? —Perguntou o dindo.

—Digamos que estamos nos conhecendo —Disse Erick me olhando. —Vocês sabem que sempre fui transparente com vocês, vocês não notam as mudanças em mim?

—Claro que sim! —Disse a dinda.

—Que mudanças Erick? —Perguntei.

—Aurora eu não sou o mesmo, depois que te conheci, eu mudei. ..

—Ele bebia, fumava escondido, saia todas as madrugadas escondido, aí levou um susto e sossegou um pouco —A dinda começou a contar. —Quando falei que você viria no início ele teve uma crise de ciúmes, mas depois passou a não dar mais bola, ele vivia trancado no quarto, jogava noite e dia, não tinha mais vida, era um zumbi nesta casa, então quando não pude ir te buscar ele se ofereceu, e eu aceitei, quando o vi de novo ele tinha um sorriso no rosto, brilho nos olhos, passou a se vestir melhor, era outro garoto.

—Verdade, mãe ela parecia um anjo correndo em minha direção, na verdade parecia uma princesa só que em vez de esquecer o sapatinho na escada ela o arremessou na porta do convento me fazendo rir —Todos riram. —Disse que de lá não levaria nem a poeira, em vez dela parar, ela seguiu caminhando em minha direção com o sorriso mais lindo que já vi na minha vida, meu coração parecia que ia sair pela minha boca. . . mãe eu senti as famosas borboletas no estômago que a senhora sempre me falou, desde então ela só me faz sorrir, claro que me fazia ficar roxo de vergonha com perguntas que muitas não tive coragem de explicar, e também me faz sentir medo, como aquela noite no Bill,  achei que ela tinha se metido na maior encrenca das nossas vidas porque a deixei sozinha por 5 minutos pra ela ir ao banheiro e ela conquistou o coração de uma gang inteira, não só do Bill, quando eu acho que ela vai se encrencar ela já ganhou o coração da pessoa, assim como ganhou o coração da Stefany, que tentou fazer o mesmo que a Amy comigo e em vez dela expulsar a Steff ela a levou para o quarto e a abraçou, conversou com ela, e a tranquilizou com a situação, Steff a vê como um anjo, ela tem o coração de um anjo, e sabe se sair bem em tudo como agora, nós tínhamos medo de contar essas coisas a vocês. . .

Meu coração está acelerado com o que ele falava.

—Mas filho você sabe que sempre pode falar conosco. . .

—Mas vocês nos davam indícios de que não nos queriam ver como namorados e sim como irmãos.

O dindo se levantou e foi lá em cima ainda limpando as lágrimas.

—Mãe ela é a mulher da minha vida. . .

O dindo desceu as escadas com uma caixa na mão, colocou em cima da mesinha de centro, pegou um dvd e colocou pra rodar na tv, nos sentamos no chão aos pés deles.

—Vocês nunca foram como irmãos! —Disse o dindo se sentando no sofá atrás de mim.

No vídeo eles e meus pais, estavam mais novos, o dindo de bigode, um menino peladinho correndo em direção a uma menina pelada deviam ter a idade da Kate talvez menos, as crianças se abraçaram.

—kiki! —Disse a menininha.

—Oi pinxeja! —Disse o menino.

—Erick. . . somos nós! —Apontei pra tv.

Passou a filmagem pra frente e as crianças, no caso nós estávamos andando de mãos dadas num campo de flores, eu arranquei uma flor e dei pra ele e ele me deu um beijinho inocente, mas foi um selinho.

Peguei a mão dele.

—Acho que seu primeiro beijo foi comigo! —Disse ele.

Sorri pra ele e a dinda disse;

—Primeiro beijo, primeiro namorado, primeiro pedido de casamento. . .

—Primeira briga com o sogro! —Disse o dindo rindo.

Ele correu o vídeo mais pra frente.

—Pinxeja que caja comigo?

—Ei, primeiro tem que pedir pra mim! —Disse meu pai. É tão bom poder ouvir a voz dele de novo, eu já havia me esquecido de como ela era.

—Não, eu não quelo caja com voxe dindo, eu quelo caja com a pinxeja!

—Mas ela e minha filha! —Meu pai piscou pra câmera, sorrindo depois olhou pro Erick de novo.

—E é minha namolada!

—Então você tem que pedir minha permissão!

—Não, quem tem que quele é ela dindo!

—Eu quelo papai, o kiki é meu!

Meu pai começou a rir e olhou pra câmera, não tinha mais o que falar.

—Ta bem kiki Você venceu!

—Heeeee. . .

—Tá só um pouquinho! —Disse outra voz de homem que entregou a câmera pro meu pai, o homem era o dindo. —E você comprou uma aliança pra dar pra ela?

—Não!

—Pra pedir uma menina em casamento tem que ter uma aliança sabia?

—Eu não tenho ixo, maix eu tenho uma pedá!

Ele abriu a pequena mãozinha e tinha uma pedra verde água bem clarinha.

—Quem te deu isso? —Disse o dindo.

—É uma aquamarine! —Disse meu pai.

—Eu achei é minha!

—Onde você achou kiki? —Perguntou meu pai.

—Na guta!

—Você foi lá sozinho?

—Não eu tava ká mamãe e achei!

—Você nos leva lá?

—Só se eu pude caja ká pinxeja!

—Tem minha permissão! —Disse meu pai.

O dindo deu pause do dvd.

—Bom ai nasceu a nossa riqueza, estávamos acampando em Minas gerais quando Erick achou em uma gruta um pedaço de aquamarine, tinha muito mais do que aquele pedaço, dividimos as pedras por igual seu pai abriu a empresa de lapidação e lapidamos todas as pedras, ganhamos muito dinheiro com as pedras, a mãe de sua mãe descobriu que você existia e que já tinha 3 aninhos e obrigou sua mãe a fincar raízes, era isso ou ela tiraria você deles, quando viemos pra cá vocês dois sofreram muito, Erick chorou por mais de um ano todas as noites, e nós sofremos juntos!

—O que o Jonh quer dizer é que a história de vocês não começou agora!

Eu estava com os olhos grudados na tv enquanto eles falavam, olhei pro Erick e ele estava abraçando os joelhos com a cabeça encostada neles, ele estava chorando.

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