01.10

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Narrado por Lara

Desci do avião a procura de alguém com uma placa com o meu nome, olhava para os homens mais velhos, eu nem sabia como era a cara dele, até que vi um rapaz mais ou menos da minha idade com um cartaz na mão com o meu nome, fui até ele que parecia nervoso.

—Oi sou Lara!

—Muito prazer maninha!

Ele era forte, me abraçou e me girou no abraço, minhas costelas ficaram doendo, mas retribui o sorriso. Os olhos eram encantadores e sorriso doce.

—Quer dizer que você é meu irmão?!

—Sou sim, me chamo Ruan, eu estava louco pra te conhecer!

—Perdão eu não poder dizer o mesmo eu nem sabia que tinha um irmão então...

—Fica fria, não esquenta com isso, vamos nos conhecer melhor, vem vamos pra casa, o papai não pode vir, como sempre a empresa teve alguma coisa e ele correu pra lá.

—Empresa?

—Sim, nosso pai é dono de uma das maiores empresas de marketing do país.

—Nossa!

—É somos ricos maninha.

—Eu não!

—Bom o que é dele é nosso, um dia herdaremos e teremos que seguir o legado.

—Perdão Ruan, mas não quero nada dele.

—Humm então por que veio?

—Eu agi por impulso por algo que aconteceu comigo, mas mesmo assim valeu a pena só por te conhecer!

—Own que fofa, fico feliz e lisonjeado por isso!

Chegamos a um prédio luxuoso, Ruan tirou minhas malas e deu pro porteiro levar em outro elevador, ele pegou meu braço e subimos num Elevador cheio de espelhos, o apartamento era na cobertura, luxo era pouco, era tudo tão sem vida de tanto luxo, era tudo branco e bege, algum que outro detalhe com cores diferentes, mal entrei e já me sinto deslocada, não se via uma revista, uma roupa no sofá, ou algum tipo de objeto pessoal, logo em seguida uma mulher apareceu em uma cadeira de rodas, não era mais velha que a minha mãe, mas era parecida com Ruan, estava pálida sendo empurrada por um enfermeiro, ela sorriu pra mim e eu pra ela.

—Você que é a Lara?

Me aproximei e me abaixei.

—Sim senhora!

—Por favor não me chame de senhora, me chame de Vânia.

—Está bem Vânia.

—Sou mãe do Ruan seu irmão!

—Prazer em conhecê-la, eu nem imaginava que eu tinha um irmão e...

—Venha comigo, preciso conversar a sós com você querida!

—Claro!

Eu a segui e antes de entrar em um quarto enorme, vi Ruan me olhar estranho e baixou a cabeça.

—Venha querida!

Entrei no quarto, parecia mais um hospital do que um quarto, tinha muitos aparelhos e uma cama, super, hiper, mega gigante no quarto dela, o enfermeiro a colocou na cama e saiu, puxei as cobertas para cobri-la.

—Você é gentil!

—Obrigada!

—Lara, talvez você venha a me odiar depois do que eu vou lhe contar, mas como vê estou morrendo, e preciso partir com o seu perdão, pois você foi a mais lesada em toda está história.

—Eu não teria como odiá-la.

—Veremos... bom engravidei de seu pai na mesma época que sua mãe estava grávida de você, a diferença é que você nasceu em janeiro e o Ruan em março, mas seu pai não te abandonou porque quis, não o odeie, ele não tem culpa.

—Ainda não estou entendendo aonde quer chegar.

—Meu pai era um homem da sociedade, e não admitiu sua filha grávida sem um marido, ele ameaçou-o até de morte caso me deixasse, eu não queria que ele fosse forçado a casar comigo, eu sabia que ele não me amava como amava sua mãe, nós já tínhamos terminado nossa relação e em um deslize nosso engravidei, meu pai chegou a me bater mesmo eu estando grávida, seu pai me defendeu e o meu o ameaçou, ele me faria abortar se seu pai não ficasse comigo e eu já estava de 7 meses quando ele ameaçou, seu pai não queria isso e pediu ao meu pai só uns meses para ficar com você e nunca mais veria sua mãe ou você, seu pai foi corajoso, mas sempre o ouço chorar no meio da noite nesses 17 anos juntos, meu pai morreu ano passado quando descobriu que eu estava com câncer, ele teve um infarto fulminante quando recebeu a notícia — cof - cof.

Olhei sua mão e tinha sangue, comecei a tremer.

—Meu Deus o que eu faço? Chamo o enfermeiro?

—Não, apenas deixe eu terminar Cof-cof

—Se você seguir falando pode morrer, eu não preciso ouvir mais nada, eu te perdoo não foi sua culpa, RUAN!

Gritei e em segundos Ruan entrou no quarto.

—Mãe?

—Calma filho eu estou bem!

—Mãe é sangue!

—Filho, eu te amo e não quero que chore por mim, fique feliz que meu sofrimento está no fim.

—Não mãe, não!

—Lara, Perdoe seu pai, me perdoe...

—N-não precisa me pedir isso...

—Preciso sim, preciso que cuide do seu irmão, seu pai é um homem ocupado.

—Eu vou cuidar, agora fique calma, por favor!

Ruan chorava em cima da cama agarrado a sua mão e eu chorava desesperada, como eu vim parar aqui, por que isso ta acontecendo comigo, tanta coisa despejada em cima de mim e agora estou vendo uma mulher frágil morrer em meus braços.

—Não se desespere querida, nada é por acaso nessa vida, agradeç-cof-cof-cof agrade...

—Não fale mais por favor!

—Agradeço sua generosidade e perdão por você não ter convivido com o seu irmão.

—Por favor não morre mãezinha!

—Filho, eu estou me sentindo bem, a dor passou e um dia a gente se encontra por ai, quando for a sua vez, mas agora você tem sua irmã para cuidar, ela precisa de você como você precisa dela!

—Te amo mãe!

—Estou tão leve...

Ela fechou os olhos suspirou e partiu...

...

Fiquei inconsolável com o que eu havia presenciado.

—Foi uma morte bonita! —Disse Ruan quase sem voz.

—E-Eu nunca vi ninguém morrer, mas acho que foi sim, ela está com um sorriso no rosto.

—Sim, como ela disse o sofrimento acabou!

Um homem com uma barba grande, mas bem-feita, entrou no quarto desesperado, deduzi ser o meu pai, ele nos olhou abraçados no outro lado da cama, depois voltou os olhos a mulher sorridente em seu sono eterno.

—Vânia! —Ele passou a mão no rosto dela e as lágrimas começaram a brotar em seu rosto, ele se ajoelhou no chão e pegou sua mão que já estava fria mesmo antes dela partir, encostou a mão da mulher no rosto e chorou, Ruan se levantou e foi até o pai e o abraçou e eu me levantei para sair do quarto vendo os dois abraçados, mas quando ia passando por eles Ruan me pegou pelo pulso e me puxou, os abracei sem pensar e choramos abraçados, até que meu pai falou.

—Obrigado por vir Lara, ela se sentia tão culpada por tudo...

—Ela não teve culpa... e... nem você.

—Obrigado filha, muito obrigado!

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