03.14

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Narrado por Aurora;

Olhei para os lábios dele e de volta para seus olhos, ele levantou os braços ainda segurando minhas mãos e as colocou no travesseiro, o que me deixou com o rosto mais perto, perto o suficiente para os nossos narizes ficarem encostados, eu quero mais do que tudo sentir a boca dele na minha de novo.

Olhei para os lábios dele e de volta para seus olhos, ele levantou os braços ainda segurando minhas mãos e as colocou no travesseiro, o que me deixou com o rosto mais perto, perto o suficiente para os nossos narizes ficarem encostados, eu quero ma...

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—As borboletas saem do estômago depois disso? —Perguntei.

Ele riu.

—Não! —Me deu outro beijinho —Elas aumentam!

Ele girou me colocando deitada e ficou em cima só da parte de cima do meu corpo, segurando minha cabeça com sua mão.

—Você quer aprender a beijar de verdade?

Apenas assenti, é claro que eu quero, preciso sentir isso.

—Apenas me siga, siga os seus instintos!

Ele encostou a boca e lentamente abriu a minha com a dele, sua língua fazia movimentos, que automaticamente retribui, era molhado, gostoso, suave, conseguia respirar mesmo que acelerado como estava, passei a mão pelo seu pescoço e a outra nas suas costas, ele arfou quando entrelacei os dedos em seus cabelos.

Ele encostou a boca e lentamente abriu a minha com a dele, sua língua fazia movimentos, que automaticamente retribui, era molhado, gostoso, suave, conseguia respirar mesmo que acelerado como estava, passei a mão pelo seu pescoço e a outra nas suas...

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Ele passou a mão que estava na lateral da minha cabeça pela minha nuca repetindo o gesto que eu fiz, foi tão gostoso que até gemi de prazer, eu não queria parar.

Ele passou a mão que estava na lateral da minha cabeça pela minha nuca repetindo o gesto que eu fiz, foi tão gostoso que até gemi de prazer, eu não queria parar

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Ele fez um carinho, no meu rosto, e ficou me olhando.

—Você tinha razão sobre a montanha russa! —Falei sem folego.

—Por quê? —Sussurrou.

—Tudo aquilo que você falou no parque... eu senti tudo aquilo...

—Sentiu agora?

—É a primeira vez que sinto tudo junto!

Ele se jogou do meu lado, e passou as mãos no rosto.

—Você está bem? Falei alguma coisa errada?

—Não claro que não, eu só estou digerindo o que acabei de escutar...

Apoiei a minha cabeça no peito dele e abracei-o não só com o braço, mas com a perna também.

—O que você sente Aurora, o que sente por mim?

—Eu não sei!

—Como não sabe?

—Deveríamos ser como irmãos, mas não consigo te ver como um irmão!

Ele sorriu.

—Quando pisei no último degrau daquele convento, seu sorriso foi a primeira coisa que eu vi, minhas pernas ficaram bambas, e por mais que eu não te conhecesse, não consegui parar antes de chegar bem pertinho de você, como um imã, era como se milhões... não... trilhões de libélulas se debatessem dentro de mim, quando você me pegou no colo parecia que elas queriam sair pela minha garganta, o que me fez rir na hora porque nunca tinha sentido aquilo antes, era bom sentir coisas diferentes, gosto disso, você me faz sentir muitas coisas diferentes...

—Uau!

—É por isso que estou amando passar esse tempo com você, cada minuto uma coisa nova, uma pessoa diferente que conheço, um sentimento novo, um lugar novo, me sinto livre quando estou com você, isso é engraçado não acha?!

—O que acha engraçado?

—Eu tinha tudo, tudo mesmo, pais que tinham sempre tempo pra mim, que me amavam, que me tinham como uma boneca, eu tinha muitas roupas, muitos brinquedos, muitos amigos, brincava a hora que queria, não tinha horário para as coisas a não ser pra escola, tomava banho quase duas vezes por dia, as vezes até três dependendo do nível das brincadeiras na rua... Ai sem nenhuma despedida, sem nada, fui arrancada disso tudo, passei dias horríveis, passei fome, passei frio, passei por dores internas e externas, tudo isso sem deixar cair uma só lágrima, fiz isso pelo meu pai, eu queria tomar banho pra dormir, mas não era permitido mais do que um banho por semana, tu sabe o que é ficar sem tomar banho, é horrível, e quando descobriram que eu não sabia rezar, fiquei três dias de joelho no milho até aprender, eu tenho as cicatrizes quer ver?

Levantei o Joelho debaixo da manta, ele olhou e passou a mão, aquilo me causou um arrepio, e voltei a nos tapar.

—Me conte mais, quero saber tudo!

—Eu não aceitava a religião delas, e não aceito, gosto dos Deuses que meus pais me ensinaram o cultuar, acho que de tanto eu pedir eles me enviaram a dinda. —Sorri lembrando. —A primeira visita da dinda foi algo que me encheu de esperanças. Mas antes disso acontecer. Nesses três dias ainda me deixaram com fome, enquanto eu não decorasse não teria ''privilégios'' não dormi essas três noites, meu estômago doía, minha cabeça doía, não conseguia tocar nos meus joelhos, eu era uma criança e elas foram más comigo, na primeira noite fiquei aguentando tudo, na segunda comecei a meditar, dobrava meus joelhos mesmo com dor, fazia a posição de lótus e meditava durante toda a noite, na terceira fiz o mesmo, decorei pelo menos 3 rezas, e elas me deram um pão e água!

—Nossa!

—Na verdade foi o alimento mais gostoso que comi na minha vida, aquele pão duro e a água gelada cairam no meu estômago aliviando tudo, minha tontura foi embora no quarto pedaço, comi lentamente para que não acabasse nunca, pois não saberia qual seria minha próxima refeição, minhas roupas foram jogadas fora, e elas me colocaram uns vestidos brancos que mais pareciam sacos, meus dreads formam cortados com uma tesoura enferrujada, machucaram minha cabeça quando fizeram isso, elas puxavam com raiva, por isso quando aquele rapaz puxou meu cabelo tive vontade de chorar...

—Quando você saiu do carro àquela hora fiquei preocupado, você parecia lutar consigo mesma!

—Era o que eu estava fazendo, eu precisava respirar, eu estava lutando internamente com lágrimas que não deixei cair, porque eu não vou fazer isso com meus pais, eles não queriam que eu chorasse e foi o que eu fiz!

—Mas Aurora, você entende que está guardando coisas no seu peito que te fazem mal e quando choramos essa dor diminui, você entendeu seus pais mal, eu também não quero te ver chorando, mas isso não significa que quero que guarde sua dor, isso significa que quero sua felicidade sempre, pense comigo se você tivesse um filho gostaria de vê-lo chorando?

—Acho que não!

—Mas se estivesse doendo muito o que ele tá sentindo, você ia querer que ele escondesse o que está sentindo, colocando um sorriso cheio de dor para te ver bem!?

—Eu... não!

—Foi isso que seu pai quis dizer quando te disse que não queria te ver chorar, ele na verdade estava tentando dizer que não queria te ver sofrer, ele queria te ver sempre feliz!

Aquelas palavras dele foram como um choque em mim, choque esse que me doeu por estar fazendo tudo errado, eu não sei o que pensar mais, não quero pensar...

TiesWhere stories live. Discover now