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Narrado por Sol:

—Não o mate Miguel, você é um bom menino! —Disse minha mãe. —Fique calmo.

—Mas ele atirou em meu pai tia!

—Eu sei!

Minha mãe estava tentando o conter, ele aflouxou um pouco seu braço o suficiente para Harry respirar, ele segurava o braço de Miguel com as duas mãos.

—Solte Miguel eu vou amarrá-lo! —Disse ela.

—Mas tia, ele vai ir pra prisão de novo e vai fugir outra vez e nossa família vai estar sempre nessa!

—Não vai amor, desta vez vai ser diferente, eu vou cuidar dele.

—Tem certeza?

—Confia em mim!

Ele o soltou, Harry caiu de joelhos.

—Me dê sua camisa Miguel!

Ele tirou e ela usou para amarrar os punhos de Harry.

Eu estava de guarda atrás do tal Kris.

—Bom menino! —Zombou Harry enquanto Miguel o olhava repugnado. —Deve ter puxado o papai!

—Puxei mesmo!

—Filho não lhe de ouvidos! —Disse o tio Ruan.

—Isso aí, ouça seu papai ou essa é sua mãe?!

—Você sempre foi tão nojento assim? —Perguntei. —Como pode conviver consigo mesmo?

—Porque eu sou homem! —Respondeu ele me olhando.

—Meus pais são muito mais homens do que você, pra que serve sua vida?

—Minha vida acabou no momento em que essa "princesinha" entrou nela!

—Não Harry, sua vida acabou no momento em que você quis ficar com uma vida que não era sua! —Disse minha mãe.

Meu pai ligou pro tio Pedro e depois fez outras ligações.

—Você levou tudo de mim! —Disse ele.

—Quer me culpar por sua vida frustrada? —O telefone da tia tocou. —Alô... Sim... Um vai pro mesmo lugar da outra e o outro pra prisão... Beleza...

—Não, eu não vou voltar pra prisão!

—Ah, vai sim! —Disse meu pai.

—Lucas não! —Gritou tio Ruan e Miguel correu jogando-se ao seu lado.

—Pai?!

—Filho... —Sussurrou Harry.

—Ele não é seu filho, assassino, você matou meu pai! —Miguel se levantou com o ódio estampado e lhe deu um soco. — Era pra você morrer e não ele!

—Miguel para! —Gritei. —O tio Ruan tá tentando reanimar ele. — Para, vamos orar!

Um helicóptero pousou no heliporto. Três homens de preto encapuzados e com armas em mãos vieram falar com minha mãe.

—Aurora? —Perguntou o primeiro com um sotaque diferente.

—Eu mesmo, estamos com uma emergência, preciso que leve meu irmão ao hospital mais próximo!

—E os...

—Primeiro meu irmão depois vocês voltam para fazer o serviço de vocês, vou pagar em dobro, agora não percam tempo!

—Ok!

Eles carregaram tio Lucas pro helicóptero.

—Filho fica aqui, eu vou com seu pai, reza por ele filho! —Disse tio Ruan a Miguel.

—Eu amo vocês dois, pai! —Disse Miguel aos prantos.

—Eu sei amor!

Tio Ruan lhe deu um beijo e meu pai foi junto com eles, deixei aquele escroto do tal Kris ali no chão e fui abraçar Miguel.

—Calma Miguel, ele é forte, vai ficar bem!

—Ele é sim!

—Eu não queria fazer isso... Eu não atirei nele... Ele se meteu na frente do outro...

—Cala a boca Harry! —Disse minha mãe abaixando-se em sua frente. —Se Lucas morrer sua vida vai virar o próprio inferno, não sou tão santa quanto pareço, não sou tão boazinha quanto falam, eu serei seu pior pesadelo nesta vida se meu irmão morrer!

—Acha que eu mesmo conseguiria viver sabendo que meu filho morreu?

—A Vai viver e muito! —Disse ela.

Miguel limpou as lágrimas ao ouvir minha mãe falar.

—Meus amores! —Disse ela virando pra nós. —Quero que vocês dois desçam, assim que vierem levar eles eu desço também!

—Não vou descer enquanto esses dois estiverem aqui! —Falei.

—Você é igualzinha à sua mãe! —Disse Miguel pra mim.

—Já você é igual a minha mãe, meu pai, seus pais, nunca vi uma mistura perfeita de todos em uma só pessoa! —Falei.

—Se meu filho sobreviver...

—Ele não é seu filho! —Disse Miguel entre os dentes.

Harry sorriu.

—Queria que meu filho fosse como você! —Disse Harry. —Nunca ninguém me defendeu dessa maneira!

—Meu pai é melhor do que você, meu pai me deu amor, me deu carinho, cobrou minhas responsabilidades, e sempre ficou do meu lado! —Disse Miguel.

—É percebi! —Disse Harry.

Harry se levantou com as mãos atadas nas costas. Ele estava a uns 3 metros de nós e uns dois metros da beirada do navio, percebi o que ele ia fazer e não deixei que Miguel saísse do lugar.

—Sol?!

—Deixa!

—Tia! —Gritou Miguel a minha mãe que estava ao telefone.

Engraçado como essas cenas parecem estar em câmera lenta, minha mãe soltou o telefone e correu para tentar pegá-lo enquanto ele se jogava lá de cima, a mão da minha mãe ficou estendida no ar, nós corremos pra ver, conseguimos ver apenas o corpo batendo na água.

Kris deu gargalhada atrás de nós.

—Cala a boca! —Falei a ele.

Ficamos nos olhando ele deve ter caído a uns 15 metros do iate, lá embaixo percebemos a movimentação. E atrás de nós havia pessoas da tripulação apavoradas.

Nem eu e nem Miguel conseguimos falar, minha mãe pegou o telefone.

—Pedro... Não, fique calmo, estamos todos bem... Harry... Não fale na frente das crianças e tome cuidado ao falar pra bisa, daqui a pouco descemos... Não, eu vou falar com o Capitão fique tranquilo.

Minha mãe passou por Kris.

—Vai querer se matar também?

—Não!

—Que pena, iria me poupar um bom dinheiro, mas se ficar quietinho aí, vai passar o resto de sua vida com sua amada está bem?

—To quietinho, eu me comporto!

—Bom garoto!

O Capitão do navio veio até nós.

—Senhora o quê...

—Capitão! —Disse ela entregando um bolo de dinheiro de um de seus bolsos dos casacos. —Aqui, apenas aconteceu um acidente, um passageiro cometeu suicídio, e vocês não puderam fazer nada a respeito!

—Mas foi isso que aconteceu, eu estava vendo!

—Que bom que o senhor viu...

Ela enganchou o braço no do capitão e saiu.

—Estou preocupado com meu pai quero ir pro hospital! —Miguel esfregava o peito.

—Nem sabemos onde o levaram.

—Espera uns minutinhos já vão resolver.

...

TiesUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum