01.09

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Acordei já era de tarde, me levantei sem esperanças, desci as escadas fui até à cozinha, precisava tomar água, muita água, abri a geladeira e bebi direto na jarra, coloquei a jarra na pia, me virei para o balcão e havia vários papeizinhos escrito por ela.

*Sai de casa, pode ficar aí, você não vai me ver mais, fui morar com meu pai, mais tarde aviso minha mãe.

Nos outros papéis:

*Pedro nunca imaginei que você, justamente você o homem que mais amei em minha vida, e sim meu amor era recíproco, te desejava da mesma forma que eu achei que tu me desejavas, se eu não tivesse aceitado eu não teria colocado o anel no meu dedo aquela noite, só não vou te devolver o anel porque foi presente de aniversário e eu amei, e é uma recordação do que você me fez, não tem desculpas pois você não estava bêbado o suficiente para pôr a culpa no álcool, me enganei com você, achei que você fosse diferente, e tinha que ser a Rebeca? com tantas na festa tinha que ser ela? estou partindo com tanta dor no meu peito, meu coração está partido ao meio. Adeus meu EX amor!

—Não Lara, não faz isso comigo!

Que dor, chorei como criança pequena abraçado aos meus joelhos na cozinha, até adormecer novamente.

...

—PEDRO? Pedro? acorda filho!

—Tia Ana?

—Levanta dai, o que faz aí no chão?

—Tia ela me deixou!

Comecei a chorar novamente, eu não conseguia me levantar, então a tia se sentou no chão perto do balcão e me abraçou, não havia mais lágrimas em meus olhos, mas eu não aguentava mais a dor.

—Pedro, ela me ligou hoje cedo ainda do avião, apesar de eu estar furiosa com ela, por ela ter ido atrás daquele inútil, que me abandonou com ela ainda bebê, mas eu a entendo...

—Tia foi um mal-entendido, eu acho que fui drogado, eu não estava bêbado eu juro que me senti estranho logo em seguida que ela foi no... banheiro... CLARO, MAS QUE PORRA, COMO EU PUDE SER TÃO IMBECIL!

Me levantei com ira quando minha ficha caiu, chutei e soquei o balcão.

—Calma Pedro!

—Tia foi isso que aconteceu, a Rebeca, foi ela, ela me deu um copo com cerveja e eu empinei, depois disso só lembro da Rebeca me beijando e da Lara chorando e apaguei, acordei hoje cedo da manhã sem saber o que tava acontecendo.

—Rebeca Madison?

—Essa mesmo!

—Tal mãe, tal filha, não surpreende nada ela ter feito isso, a mãe dela já fez coisas piores!

—Tia, por favor me ajuda, eu estou desesperado!

—Calma Pedro, eu vou conversar com ela, vocês sempre foram melhores amigos e...

—Tia eu à amo, sou apaixonado por ela, sinto muito ter escondido isso de vocês, talvez a senhora fique brava comigo até porque nós dormíamos juntos e a senhora pode achar que algum dia faltei com respeito...

—Para Pedro, eu te conheço desde pequeno, sei que você não é disso, e eu e seu pai sempre soubemos que uma hora ou outra vocês iam acabar ficando juntos, percebemos o comportamento dos dois, e nós já imaginávamos que estivessem juntos!

—Nossa, não sei nem o que dizer...

—Não diga nada, agora vá tomar um banho e desça para comer alguma coisa!

—Estou sem fome, mas vou tomar banho sim!

Subi as escadas de arrasto, a tia era como uma mãe pra mim, ela me tratava como filho, peguei um moletom e uma camiseta larga que eu tinha de dormir, entrei embaixo do chuveiro, acho que fiquei uma meia hora sentado debaixo da água escaldante, até que a tia subiu e me chamou, me vesti e desci de arrasto, eu não tinha mais vontade de viver, ela levou meu coração com ela.

—Pedro, está é minha amiga Daniela!

—Oi Daniela!

Ela me estendeu a mão sorrindo, eu apertei sua mão, mas não tive forças pra sorrir, ela tinha uma maletinha cooler pequeno na mão.

—Pedro sente-se, a Dani é dona do laboratório do centro e mesmo ela não trabalhando hoje ela veio me fazer um favor, ela vai tirar seu sangue pra fazer um exame!

—Por mim tudo bem, mas já chorei tanto que a droga deve ter saído toda do meu corpo.

—Nem sempre, em até 24 hrs ainda tem vestígios da droga no sangue, na verdade dependendo da droga até 5 dias depois ainda dá pra saber!

—E de que vai adiantar?

—Vamos fazer um B.O.!

—Não tenho provas de quem foi!

—Todas as festas têm câmera, vou pedir uma investigação!

—Tia foi numa casa particular, não tinha câmeras.

—Mas eu posso usar isso a favor, agora pare de ser pessimista e estique o braço!

Estiquei o braço e a moça tirou meu sangue, sabe, se fosse em outra ocasião eu teria tido um ataque de pânico e a Lara seguraria minha mão, mas eu não estava em meu corpo, minha mente estava com a Lara.

—Até a noite te ligo dando uma resposta!

—Obrigada Dani!

—Não à de que, boa sorte com a Lara Pedro!

—Obrigado!

A moça se foi e a tia tinha feito uma omelete pra mim, me sentei no balcão e ela pôs o prato na minha frente, olhei a comida sem vontade, mas eu jamais faria uma desfeita a ela, coloquei um pedaço na boca e aquilo caiu como uma pedra no fundo do poço, me fez bem, mas não o bastante para apaziguar minha dor.

—Ela não me atende tia.

—Eu sei filho!

—E o meu pai? Como a senhora veio?

—Seu pai ficou trabalhando, mas eu imaginei que você não estivesse bem e peguei o primeiro voo pra cá.

—Por que a senhora pensou isso de mim?

—Pedro, a Lara é seu alicerce desde pequeno, sem ela você cai, e por isso tive certeza, e a Lara agiu por impulso, não esperou explicações, errou por não parar pra pensar, ela era para ter confiado em você!

—Mas eu a entendo mesmo assim tia.

—Eu vou ligar pra ela e vou tentar explicar o que ouve.

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