03.09

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Narrado por Aurora;

Passei o fim da tarde agradável em um salão de beleza enquanto Erick deu suas voltas, agradeci as pessoas do salão, que hidrataram e fizeram um corte lindo no meu cabelo, mantendo um pouco do comprimento, não deixei que pintassem, não pintei minhas unhas, mas deixei elas arrumarem e passar uma base, eu não era cheia dos frufrus eu gostava de ser simples.

—Olha ae ficou uma gata! —Disse Erick.

—Borralheira?!

Entramos no carro e ele me faz uma pergunta inesperada.

—O que você gostava de fazer no convento, tinha algo de bom?

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Erick

Ela me pareceu surpresa com a pergunta, por fim olhou pra frente e com um suspiro começou a contar.

—No convento só podíamos rezar e rezar — ela intercalava o olhar comigo e a nossa frente. — a única coisa boa era ficar no pátio, sentada em um banco —Aurora fechou os olhos e passou a mão em seu rosto. — Sentindo a brisa passar pelo meu rosto, adorava quando vinha chuva porque as libélulas ficavam agitadas voando pra todos os lados. —Voltou a me olhar e a contar como se contasse uma história infantil. — Procurando onde se esconder ou fugindo dela, me lembro uma vez que uma quantidade enorme delas passou junto num entardecer eu queria ser como elas e fugir dali, como elas fugiam da chuva, eu conseguia deixar minha mente vazia, meditava por horas para não pensar bobagens e me manter sã.

—Nossa, esse convento era mais um hospício. —Não sei como ela ainda consegue sorrir.

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Aurora

—Acho que sim. Não se podia dançar, porque era errado, não se podia desenhar porque era coisa do demônio, comida eram 4 refeições por dia e duas delas era pão e água, elas fazem voto de pobreza e nos castigam junto, no início meus joelhos eram em carne viva porque eu não sabia rezar... Desculpa Erick, não sei porque estou te contando essas coisas...

Eu não devia importuná-lo com minhas histórias chatas, Erick parou o carro e levantou meu rosto para olhá-lo.

—Aurora eu quero saber de você, da sua vida, quero que confie em mim, por que não quer contar?

—Não quero te importunar!

—Não, você ainda não se deu conta do quanto me faz bem não é mesmo? 

—Como, se até agora só te dei trabalho, e em vez de sorrir comecei a falar de coisas chatas e...

Ele selou meus lábios com um beijo, as libélulas queriam rasgar meu peito, meu coração ia rasgar o meu peito, foi apenas um selinho demorado, mas o suficiente para eu querer mais, meus Deuses éramos para ser como irmãos, ele se afastou me olhando e não sei o que viu nos meus olhos, mas começou a pedir desculpas.

—Aurora por favor, me perdoe eu não... Quer dizer, eu queria sim ... Mas eu não... Aí perdão... —Ele encostou a cabeça no volante.

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