Capítulo 28

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Ela podia sentir o cheiro do monstro na Floresta. A vários quilômetros, com sua visão aguçada, ele poderia identificar seus movimentos suspeitos. A notícia do grupo de monges assassinados já deveria ter chego aos seus ouvidos. Seus perseguidores recolhiam informações como ratos, presos as engrenagens do mundo dos homens.

Tudo corria conforme o esperado. Analisando detidamente as migalhas que deixou pelo caminho, ele tinha previsto com precisão seu destino. E ali estava, para o último encontro.

Ainda se sentia fraca do sangue que sua mãe lhe sorvera. Não entendia como ela em momento tão crucial poderia feri-la mortalmente. Mas uma mãe vampira não segue as mesmas regras que as de outras espécies. Ou suas filhas seguiam em frente, ou eram devotadas. Nesse sentido, sentia que falhara, como mãe e como filha.

Seu último desejo lhe pareceu ridículo. Como pedia para salvar um humano? Era como pedir para salvar seus perseguidores. Naquele momento, sua anciã já deveria ter buscado o jovem na casa de sua amiga. Ela o levou para um lugar distante, para um lugar do qual não pudesse sentir o cheiro de seu sangue, ou seus gritos. Se a anciã o matara, ou deixara morrer, não sabia. Os deuses fazem o que querem, e ela não tinha nenhum poder sobre ela. Quase pode sentir a dor de imaginar seus olhos sem brilho de sua cria sobre uma pedra banhada pelo oceano. O mundo não merecia seu filho, como ela mesma era indigna dele e de sua amante dourada.

No final, a vampira remota a criara para devorar a própria semente. Não era incapaz de salvar qualquer pessoa. Simplesmente não queria, não se importava.

Em outro assunto seu perseguidor não a decepcionava. Não estava sozinho. Percebeu que ele chegou a cidade acompanhado de um homem, que estranhamente, deveria ser seu amante. Dormia com ele, abraçava seu corpo. Era um humano, e não era um caçador.

O outro caçador não tardou a chegar. Apareceu do nada. Não veio pelo metrô ou pelo trem. Também não usou o carro, ou correu pela floresta. Estranhamente, ele não foi ter com o primeiro. Ficou estacionado em algum lugar distante da montanha. Nandi imaginou que aguardava o momento certo de atacar.

Sua anciã e a própria aprendiz permaneciam imóveis. Elas sabiam que seus perseguidores possuíam a visão aguçada. Qualquer movimento estranho na floresta, eles perceberiam. Natsume não estava distante. Como uma escultura debaixo da neve, observava tudo. Não se mexeria até o momento seguro. Não esperava qualquer ajuda. Ela a deixaria morrer.

Somente mais um moimento a deixava inquieta. Sua última criança, Cristina, e o velho Hans ainda permaneciam na cidade. Esperava sinceramente que não tentassem qualquer gracinha, e ficassem de fora de seu confronto. Qualquer envolvimento significaria a morte deles, e ela não poderia fazer nada. Eles foram avisados.

As várias lápides se multiplicavam sobre as pedras entre as árvores. O caminho de pedra contornava o terreno acidentado. Atlas apareceu andando calmamente. A bengala tinha dado lugar a uma lâmina, que usava para se apoiar no caminho.

***

— Não acredito que irás realmente atrás de Atlas. — Um homem sentado sobre um ampla poltrona em estilo classista observa uma pintura renascentista na parede.

— Não temos alternativa. Estamos desesperados.

— O Conselho proibiu permanente que nos envolvêssemos.

— E achas que o próprio Khalil não monitora tudo de perto? Ele somente não quer dividir o sangue com a gente. Ele quer essa caçadora somente para ele.

— Por essa razão devias me permitir te acompanhar. É uma missão perigosa.

— Melhor não. Se sairmos dos dois, eles perceberão. Mantenha tudo em ordem. É arriscado, mas seu eu conseguir o sangue, então poderemos nos concentrar em outra presa pra você. Eu tenho menos tempo.

Nandi e os Filhos de Hórus (Em Revisão)Where stories live. Discover now