Capítulo 06 - O correspondente - Parte 05

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Até aquele momento, Ronei estava petrificado. Ébrio com a luxuosidade, com a sensualidade das mulheres, a obscenidade dos homens. Ele não encontrava palavras, sequer em pensamento.

A muitos quilômetros de distância, sua mãe devia esperar que ele estava sentado a sua escrivaninha a noite, com o note aberto, os livros empilhados sobre a cama, cada um aberto na página consultada, trabalhando em seus processos. Algumas vezes ele recebia algumas mensagens dela dizendo: vá dormir! Na cabeça da mãe, tudo se resolveria no dia seguinte. Nem todos os eventos dependiam de nossa intervenção. Alguns problemas se resolviam sozinhos.

Em sua cabeça, ela estava sempre a caminho da cozinha, com sua saia de tecido barato tremulando sobre as dobras do quadril avantajado, o peso acumulado no decorrer dos anos. Seu tosto redondo tinha sempre um sorriso generoso, muito diferente do sorriso do homem a sua frente, que exibia um sorriso perverso. Era capaz de desfazer-se do sorriso da mãe a qualquer momento. Mas o sorriso de Heitor, não tinha meios de mandar embora.

Com um olhar, Camila entendeu, e largou Atlas por um instante. Deu a volta sobre ele, deixando o corpo cair sobre o vão entre os dois. A maciez do quadril pressionou Roonei, e quando ela ergueu o corpo, para acomodar-se melhor, pousou a mão sobre a coxa do jovem. Arrumou-se e procurou o volume sob a calça, acariciando, de início de forma delicada, para em seguida apertar com mais força, assim que achou o que queria. Aproximou-se do pescoço dele e sentiu seu cheiro, fungando muito próximo. Os lábios finalmente encontraram a pele, e pressionaram com a boca carnuda. Percebia que o corpo dele tremia.

Atlas fez o sinal para que as bebidas fossem servidas, que não tardaram. Ronei percebeu uma garrafa de vodca muito elaborada. Serviu-se de um copo imaginando o preço. Depois do gole, preferiu não perguntar. Não queria parecer um caipira.

— Senhorzinho, você vai acompanhar estes dois cavalheiros? – Perguntou o garçom.

— Ao que indica, parece que já estou acompanhando.

— Verdade. Você seria capaz de os acompanhar em todos os lugares? Inquiriu Heitor.

— Em todos, eu acredito que não.

— E em lugares comigo? Perguntou Camila.

Engoliu a salina acumulada na garganta, e disse após alguma hesitação.

— Com você, eu vou.

— Isso é tudo o que você quer? Interrompeu Heitor.

— Agora, sim. Neste momento é tudo o que quero.

— Você deve entender — arrematou, Camila — que a recompensa para o homem vulgar é grande, mas os perigos também são. Igual a você, estou presa, acorrentada neste círculo. Sou paga para ser perigosa e bela, e para te dar o prazer necessário para dizer que morreu satisfeito. Você não vai encontrar o mesmo prazer em outros lugares, nem com outras mulheres. E existe muito mais, muito mais esperando por você.

— Mas o que afinal de contas vocês querem de mim?

— Ronei, nós estamos em uma caçada. Os homens caçam por diversão. É uma tara. Alguns homens ricos caçam mulheres. Outros animais. Nós caçamos criminosos. Caçamos psicopatas. Pessoas que cometem atrocidades.

— Mas porque vocês veem atrás de mim?

— Porque não se caça demônios com anjos. São necessários cães vorazes para caçar um leopardo. Feras contra feras.

— Eu não lembro de ser um demônio.

— Talvez ainda não. Mas tem potencial. Podemos ver nos seus olhos. Camila está aqui como uma espécie de recompensa. Porque os caminhos são perigosos.

— E porque vocês não procuram a polícia?

— Já temos a polícia ao nosso lado. Mas o que pretendemos realizar com estes monstros, também são atrocidades. Queremos saber se você é capaz de fazer isso por dinheiro. Se fará isso por sexo, e por poder. Pode haver uma vaga pra você em nosso escritório, até para nos servir pessoalmente. Há homens e mulheres que matariam por esta oportunidade. Mas falta a eles algo que você possui. Uma beleza peculiar, e os frescor do sangue jovem.

— Estes homens, querem você, querido. Você está preparado para ser propriedade deles? Não é melhor ser servo de um rei do que ser livre e miserável? Eles vão marcar o nome deles na sua pele. Eu mesma faço isso, se quiser. — Camila dizia com sua voz sinuosa enquanto arranhava suas costas.

Ronei bebeu com eles. Bebia e ouvia. As palavras sedutoras de Camila, a voz sedutora de Heitor, e a presença sedutora de Atlas, que ouvia tudo atentamente, os olhos fixos nele.

Lembrou que aceitou aquele trabalho naquela terra distante por alguns trocados, para ter o que comer com sua mãe na capital. A mãe estava doente e sem condições de trabalhar. Ela vivia das migalhas que mandava. E agora, diante dele, de forma profana, os poderosos batiam a sua porta oferecendo uma grande oportunidade. Apesar do sexo e do dinheiro, ou por causa deles, ele temia e relutava. O mais provável seria que não dissesse palavra alguma. Eles o arrastariam para onde quisessem. Sua vontade não fazia qualquer diferença.

— Incluam minha mãe na jogada.

— Como assim, querido? — Heitor o inclinou o rosto. Parecia fitar jovem com o canto do olho.

— Quero que mandem esse dinheiro pra minha mãe, e que paguem uma indenização pra ela caso aconteça algo comigo.

— Somente isso?

Era tudo o que queria. De resto, podiam fazer com o corpo dele o que quisessem. Sentiu-se como se tivesse vendido a própria mãe para monstros que caçam monstros. Somente os iguais poderiam se devorar.

— Você merece um prêmio, querido. E agora que você é nosso, também vamos nos aproveitar de você.

Camila acenou, e um quarto apareceu por mágica. Junto ao quarto, mais uma mulher se uniu ao grupo. Entraram todos no cômodo. Camila tirou a própria roupa e se exibiu provocante. Enquanto isso, a mulher loura despiu Ronei e o começou a chupar.

Camila deitou na frente dele, sobre a cama ampla e macia, as pernas abertas, pronta para recebe-lo. Ele a possuiu sobre a cama. A mulher loura o beijava e lambia, o pescoço, o peito, os mamilos, e os testículos. Quando deu por si, Heitor, sem roupa, o abraçava pelas costas, os longos cabelos louros e lisos soltos, caindo sobre os ombros.

— O que isso significa? — Disse em sem grande força ou vontade de lutar.

— Você é nosso. Posso fazer o que quiser com você.

Enquanto Ronei, penetrava Camila, bela e macia sobre a cama, e uma mulher loura e sem nome, passava a língua pelo seu corpo, pelas as suas coxas, entre Camila e Ronei, ora ajudando a colocar o membro dentro de Camila, ora o recebendo com a boca, acariciando com a língua, Heitor o penetrou lenta e levemente. E no êxtase de possuir e ser possuído, Atlas apareceu diante dele completamente sem roupa, com os músculos expostos, pegou seu rosto, e beijou sua boca.

Pela manhã, acordou nos braços de Camila e da outra mulher. Nem Heitor, nem Atlas, estavam no quarto. Não fosse pela realidade de como acordou, diria que tudo foi um sonho.

No telefone descarregado, imaginou que aguardavam várias ligações de sua mãe. Antes de dormir, Heitor lhe disse que todos os seus desejos seriam atendidos. Não deveria se preocupar com o trabalho, que outro jovem o substituiria, e que sua mãe receberia um adiantamento de valores generosos. Sobre a cama, as duas mulheres, iguais a ele, escravas na roda doo mundo, ainda dormiam. Lembrou que algumas vezes, nos momentos mais difíceis, desejou realizar um pacto com o diabo. O dia chegara.

Nandi e os Filhos de Hórus (Em Revisão)Where stories live. Discover now