Capítulo 17 - A toca de Nandi

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* A música acima me foi apresentada pela minha esposa. Não pude deixar de perceber que ela me falava de Shinobu. Não pude deixar de colar aqui o link, em homenagem a este personagem tão querido.  Certo que eu não dei o meu braço a torcer. Eu não admiti que amei a música.  Mas amei. Aqui ela está. 



Eles chegaram num carro alugado. Heitor e Atlas sabiam exatamente onde iam seus serviçais. Qualquer necessidade, poderiam ser localizados pelo GPs do celular. A missão continuava indefinida. Ainda assim sentiam que algo guiava seus passos. Eles pararam junto uma esquina e ficaram observando. Já estava adiantado na hora. Poucas pessoas andavam nas ruas. Eles passaram a rodar. Saiam de uma viela pouco iluminada para entrar em outra que sequer tinha asfalto. Naquela parte da cidade este tipo de fenômeno era comum. As ruas permaneciam no seu estado mais bruto, com as vísceras expostas, a lama entre ilhas de mato e lixo. Repararam que era comum encontrarem todo o tipo de igreja evangélica pelo caminho. Deus é amor, deus é fé, Assembleia Libertar, e sabe-se lá o que mais.

As pessoas seguiam para as suas casas, a maior parte em grupos. O homem ou a mulher iam levando algum livro a tiracolo. Pela experiência, devia ser uma bíblia.

— Cristiano, eu gostaria de saber por que você tem tanto terror deles?

— Como assim?

— Eu sei que devemos respeito a eles como nossos chefes, mas você fica aterrorizado perto deles. Lá, em cima daquele prédio, você perdeu o controle. Eu fiquei com medo.

— Você não sabe com quem está lidando. Eles são verdadeiros monstros. Fico feliz que você não tenha visto esta face deles.

— O que foi exatamente que você viu? Vamos! Conte pra mim! Você não me acha digna de saber? Você não confia em mim?

— Na verdade eu estou protegendo você. Quanto menos souber, melhor.

— E quanto a esta missão? Recebemos cada tarefa maluca.

— Tudo tem um sentido. Nós só não sabemos qual é, mas existe. Nenhuma das atitudes deles é sem motivo. Isso eu posso garantir pra você. E agora, eu gostaria que você me deixasse falar. Não gostaria que participasse novamente.

— E qual seria o problema? Você está com ciúmes de mim, ou seria deles?

— Você não entende. Não conseguimos esconder nada deles. Eles são capazes de ler cada movimento nosso, cada palavra. Eu poderia jurar que eles são capazes de ler nossos pensamentos. Você ainda não tem familiaridade com eles. E caso eu não retorne, não procure por mim. Suma imediatamente, e você terá alguma chance. Eles podem pensar que simplesmente não vale a pena ir atrás de você.

— E o que estamos procurando?

— Eu esperava que você me dissesse. Da última vez eu pedi que você ficasse distante, e mesmo assim você trouxe uma informação que eles gostaram.

— Me sinto uma criminosa.

— Realmente, é o que somos. Refaça seus passos. Como foi que você encontrou a Fortaleza?

— Eu simplesmente passei a rodar sem destino. Fiz exatamente como você me pediu, e o destino me mostrou aquele local. Quem sabe podemos repetir a proeza? Mas você vai precisar continuar dirigindo. Espera aí! Eu conheço aquela mulher, para aí!

Cristiano se aproximou de uma mulher negra que andava próxima a rua.

— Ei, Fátima? O que faz por aqui?

Nandi e os Filhos de Hórus (Em Revisão)Where stories live. Discover now