Feito Um Raio.

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A comemoração foi bem festiva, de fato houve uma festa. Um banquete luxuoso onde os mestres e discípulos puderam conversar, comemorar e esquecer um pouco o pavor das ultimas semanas. Eu estava sentada num canto afastado, ao invés de cerveja ou vinho eu bebia um dos chás de Lídia. As vozes dos campões, os brindes, a luz da lua invadindo por uma janela alta, era uma bela noite e mesmo assim pensar nos últimos dias me esgotava, me deixava triste e feliz ao mesmo tempo, saber tudo o que conquistamos, tudo que tínhamos conseguido fazer, pensei em Fidlian, e agora Ivna. Ela ficaria bem disseram os médicos, a mascara estava curando a garota e todos tínhamos ido visita-la. Cecilia se preocupava e até Emilian estava aflito, mas fomos tranquilizados pelos curandeiros. Em certo momento ela acordou mas só Alana conseguiu falar com a garota antes que caísse novamente num sono profundo. Depois todos sorriram quando Adriel apareceu e depositou com carinho a escama de dragão aos pés de Ivna.

Sará bebia bastante e chegou a subir na mesa gritando que os dragões tinham arrasado nos testes, as pessoas concordaram mas também não quiseram ficar atrás, o jovem Will levantou e gritou como Evarti era melhor, nesse ponto pensei que a briga estava prestes a estourar, as pessoas ficaram encarando Sará olhar Wiliam, mas o cigano envolveu Will com o braço e disse:

– Não sei se são melhores, mas você é danado mesmo moleque, tenho que admitir. Um brinde para Evarti.

As pessoas comemoraram. Davel já estava bem e bebia com Liandra e Galien. Marlon com Andy e os outros pareciam felizes, Joran, Isabel, Elen e seus elfos que conversavam com Cecilia. Os mestres também conversavam e tudo parecia maravilhoso, mas não pra mim. Quando ninguém estava prestando atenção eu deixei o salão. Caminhei pelos corredores ouvindo o som da festa diminuir. Meu corpo estava exausto, pensei no que Treysa diria quando me visse num esquadrão oficial e que esse esquadrão tinha conseguido se consagrar como um dos melhores de todo o império. Ela apenas me daria um abraço, assim como se eu tivesse perdido, por que Treysa era talvez a única pessoa que eu não precisava provar nada, desde o primeiro dia ela me viu como uma vencedora e fico pensando o que eu fiz para merecer tanto carinho.

Entrei num dos quartos. A janela estava aberta deixando o luar entrar, as cortinas balançavam de leve com o vento fresco. A luz dos candelabros tremeluziam sem se apagar, olhei pra cama, olhei pra Ivna, o rosto pálido e calmo de quem dorme um sono justo, ela merecia, tinha feito a maior bagunça mas conseguiu resolver tudo e ainda ganhou o teste pra gente. Ela não sabia, mas seu nome era recitado na festa com frequência, e todos de Lins tinham orgulho de dizerem que Ivna seria a próxima duquesa. Talvez ela não gostasse dessa noticia, mas apesar de tudo ela estava conseguindo ser a líder que seu pai tanto queria. Beijei o rosto de Ivna e quando saí encostei a porta com cuidado. Parei no corredor e tomei coragem, havia outra pessoa que eu precisava ver.

O quarto de Bradir era bem parecido com o de Ivna, ele estava deitado e parecia dormir, o corpo muito menos ferido, as queimaduras agora eram apenas vermelhões na pele, como se tivesse exagerado com o sol. Luna estava sentada no criado mundo ao lado da cama de Bradir, ela parecia exausta e tentava não dormir, mas sua cabecinha teimava em cair, ela levantava sobressaltada apenas para repetir a cena. Me aproximei e a fadinha me viu. Levantou assustada e depois me encarou, ficamos nos olhando e ela sorriu.

– Só vim ver como ele está. – Luna assentiu com a cabeça.

Eu fiquei olhando Bradir, queria que ele respondesse tanta coisa, queria entender o que tentou me dizer, ele parecia saber muita coisa, dos assassinos, algo sobre Alana, sobre o Império, ele ficaria bem, agora dava pra perceber. Suspirei e toquei a mão de Bradir desejando que ele melhorasse logo.

– Você fez um excelente trabalho Luna, ele tem sorte por ter você.

A fadinha sorriu, se transformou em luz e tocou no meu rosto, um toquezinho quente e macio, acho que era um beijo. Ela gostava muito de mim e talvez fosse o sentimento que Bradir nutria por mim refletido na fadinha. Me despedi e saí do quarto.

Escama NegraWhere stories live. Discover now