Prazer, seu item.

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Os murmúrios ecoaram pelo salão empoeirado. Todos nas arquibancadas estavam de pé, olhando, espichados, murmurando admirados. Blasco, Fid e Gil gemiam atrás de mim por conta da queda, mas já se levantavam. Eu não, eu estava com o garoto em cima de mim.

– Será... Será que você pode sair de cima?

Eu estava irritada e dei meu pior sorriso. O garoto rapidinho se levantou estendeu uma mão pra me ajudar e eu o ignorei. Me levantei sacudindo a poeira das roupas, ajeitei as faixas na cabeça e no olho. Todos olhavam curiosos pro garoto, ninguém parecia saber o que fazer, exceto Blasco. Ele se aproximou do garoto estendendo a mão e se apresentando.

– Sou Blasco, muito prazer em conhece-lo.

O rapazinho de cabelos negros ficou olhando confuso pra Blasco, por um momento parecia um bicho acuado, avaliando, numa postura ofensiva, mas de repente arregalou os olhos como se finalmente tivesse compreendido o gesto. Ele era bem estranho.

– Ah, sim, cumprimento, ele me ensinou. – Disse o garoto sorrindo bastante, ele respirou fundo e ficou com as costas eretas e estufou o peito, fazendo cena como se fosse conhecer a imperatriz. Estendeu as mãos pegando a de Blasco. – Ah é, você se apresentou agora deve ser minha vez. Meu nome é Emilian, mas pode me chamar de Emil.

– Prazer Emil.

Gil se apresentou e até Fid. Eu ainda não entendia nada, todos nos olhavam e eu me sentia desconfortável.

– Emilian, né? – Perguntei e ele abriu ainda mais o sorriso quando falei. – Pode vir aqui um instantinho?

– Claro!

Ele se aproximou andando pelo enorme salão, ele era bem pequeno, devia ter uns oito anos, magricela e de aparência frágil. Gil e os outros vieram também e nós formamos um círculo bem apertado, por algum motivo Emilian ficou empolgado com isso.

– Vamos fazer um ritual? – Perguntou ele. – Esse é um círculo magico alguma coisa?

– Só não queremos que os outros escutem. – Disse Gil.

– Eu devo dar as mãos? – Perguntou Emilian. – Meditar alguma coisa? Eu sei como....

– Calma rapaz. – Eu pedi controlando minha paciência. – Calma. Só quero te fazer algumas perguntas. Tá pronto? Beleza. Hum... Deixa vê, ah, primeiro de tudo. Você sabe se por acaso, eu não vou ganhar nenhum item não? De preferência igual do Gil e do Blasco. – Eles mostraram as pedrinhas para Emilian. – Domar feras sabe. Quero ter um grifo. E então?

Ele ficou me encarando ainda sorrindo, foi ficando sério olhando para cada um de nós no círculo, Blasco, Gil, Fid.

– Mas... – Começou ele – Sou eu, eu... Sou seu item.

– Era o que eu temia. – Disse desapontada e acho que ele percebeu, porquê ficou sério e olhou pra baixo, como uma criancinha que tira notas baixas na escola. – Tudo bem, fazer o quê, não dá pra escolher.

– Plim! – Exclamou Gil chamando minha atenção.

– O que? Tá bom, tá bom, você não tem culpa garoto. Tá legal, a outra pergunta. O que é você?

Todos no círculo prestaram atenção no garoto.

– Essa é fácil. – Disse ele sorrindo. – Eu... eu sou... Ele me disse. Bom eu sei que sabia, mas agora não sei o que sabia há um momento atrás, estranho né... Que dia é hoje?

– Sei lá. Isso importa? Caramba eu tô ferrada mesmo.

Eu desmanchei o círculo e percebi que todos ainda nos olhavam, sussurrando. Um cara se levantou da arquibancada.

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora