Apenas Conversas.

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O dia vinha sendo uma loucura. As irmãs estavam animadinhas, faziam doces, brincavam muito com todos, limpavam a casa deixando tudo em ordem, me paparicavam e contavam piadas, algumas me deixavam emburrada e sarcástica, não estava gostando de toda essa atenção. Blasco e Gil comentavam que com eles não houve tanta festa e agitação, mas entendia, no meu caso ninguém esperava um pretendente, e ainda um que todas elas considerassem tão bom. Por isso eu tentava aguentar, não ser tão grossa, sorrir, meio trombuda, das piadinhas e felicitações.

Vieram com vários projetos de vestidos pra cima de mim. Eu fiquei quase a manhã toda experimentando os modelos. Treysa me ajudava e Emilian confuso com toda a situação ficou me encarando, me encheu de perguntas, e cada resposta que eu dava formava outra questão, uma maldita bola de neve.

– Bom, pretendente é quando alguém vem pedir sua mão.

– Sua mão? Pra que ele quer sua mão Plim?

– Pra noivado, ei, Treysa, cuidado com essa agulha.

– Noivado? O que se faz com uma mão em um noivado, o que é noivado?

– Noivado é como uma promessa, que depois você vai se casar com a pessoa, entendeu?

– Esse ficou muito bom. – Disse Treysa me olhando. Fui até o espelho.

– Sim, até que não tá mal, só tirar todas essas besteiras, essas rendas, isso aqui, ó.

– Não, Plim. – Protestou Treysa. – Para de arrancar, olha aí, agora ficou pobrinho.

– Mais do meu jeito.

– Mas.... Olha, ei! O que é um casamento?

– Casamento.... Casamento é outra promessa acho, de que você vai ficar pra sempre com a pessoa, criar uma família juntos, ser fieis, amigos, amantes, tudo.

– É isso que ele quer com você?

– Sim.

– Quem ele pensa... Você.... Você...

Eu me abaixei e mexi nos cabelos de Emilian.

– Não se preocupe baixote, eu não vou aceitar.

Ele deu um sorriso. Treysa se aproximou sorrindo e repreendendo a gente.

– É Emil, mas um dia Plim terá que se casar, é o natural.

– Problema resolvido. – Disse Emilian feliz. – Ela se casa comigo e pronto.

*

Eu estava bem calma o dia todo, só observando o nervosismo dos outros. Todos pareciam bobocas, as irmãs preocupadas por que um dos bolos não cresceu, ou por que a casa ainda não estava em ordem, Treysa agitada me dizendo que eu não deveria ser rude, até os meninos começaram a se perguntar como seria o tal sujeito, suas intenções, se era alguém decente. Eu ria de tudo isso, pareciam um bando de crianças, eu não aceitaria e pronto, não era como se eu fosse me casar no mesmo dia. Mas quando fomos almoçar eu senti um frio na barriga, meu apetite diminuiu, minha cabeça se encheu de cenas prováveis e improváveis, a ansiedade me pegou de vez.

Acabamos de comer e as pessoas foram fazer suas coisas, eu fiquei na sala, o cabelo escovado e liso, um sacrifício que tive que aceitar, só por conta disso minha estima por Fabre diminuíra. Tentei ficar tranquila, puxar um livro, mas eu não conseguia, o vestido novo limitava meus movimentos e Treysa não queria que eu o amassasse então não podia nem deitar no sofá, tentei pensar em outras coisas. Quando anunciaram que Fabre chegara senti um gelo no corpo, afinal o que ele tanto queria, não conseguia entender seu interesse, eu queria tirar o vestido, andar descalça, falar na cara dele, perguntar, ser direta. Mas tudo o que fiz foi ajeitar a roupa, Treysa alinhou meus cabelos, calcei as sapatilhas e o cumprimentei quando ele entrou.

Escama NegraHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin