O lugar era mesmo lindo, até Sará ficou olhando o lago, passou a mão nas águas cristalinas, a palma ainda rosada, marca das queimaduras que se curavam de maneira milagrosa graças à pomada de Orin. Cecilia correu para um campo de flores, flores amarelas de pétalas enormes. Ivna admirava-se com o tamanho de uma arvore, a copa carregada de folhas verdes que filtravam pequenos raios de sol.
– Essa sombrinha é muito boa.
Emilian sorriu vendo todos admirarem o lugar, a grama movia-se de leve com a brisa, pássaros nas copas, ciscando, uma folha caiu no lago desapontando um peixinho que agitou a superfície espelhada.
– Vamos começar. – Disse a senhora Adriel surgindo de surpresa. Orin sentou recostado na arvore acendendo o cachimbo. – Venham para cá.
Andamos todos juntos e ao sinal dela sentamos na grama baixa, o sol aquecendo minhas costas.
– Pensei que nosso capitão e mestre seria Orin. – Comentou Sará, sentado de penas cruzadas.
– Ele só requisitou minha ajuda para que descobrissem os poderes de seus itens, não sei por que pensam que é minha especialidade, algum problema com isso?
– Não, nenhum, nenhum.
– ótimo, então se vocês puderem controlar suas línguas por um instante espero conseguir falar.
Emilian observava Adriel sentado ao meu lado, o rostinho contra o sol, dava impressão de que ele reluzia, como se fosse um ser de luz, sorri distraída.
– Entendeu o que eu disse senhorita Plim? – Perguntou Adriel me olhando, vi que todos me olhavam, até Emilian que agora parecia um menininho comum.
– Ah, é, acho que sim.
– Levante-se. – Ordenou Adriel.
– Agora faça o que eu pedi.
Congelei, tentando adivinhar, recolher algum dado dos olhares alheios.
– Não estava ouvindo né? É preciso foco, atenção, vocês não parecem querer que isso dê certo, pode sentar Plim, ou vai ficar aí o dia todo?
Me senti uma tola, percebi o sorrisinho na cara de Sará e até Cecilia olhava pra mim parecendo se divertir, fiquei com raiva e perguntei baixinho a ela o que Adriel tinha falado antes.
– Nada.
– Mas podia ter falado. – Retorquiu Adriel sorrindo pra mim, que desgraçada. – Peguem seus itens e os segurem com as duas mãos, você Plim dê as mãos com Emilian e olhe um no olho do outro.
Todos pegaram os itens, Ivna encarando sua máscara branca de lobo, o lobo com os dentes mostrando como se estivesse à beira de um sorriso maligno. Sará com seus dois anéis de coração e Cecilia com sua enorme e levíssima espada. A menina a segurava com as duas mãos como se fosse uma bandeja.
– É preciso criar laços com seu item, quando não se sabe o que ele faz temos que andar com ele por todo o lugar, fazer algumas coisas com eles, experimentar sentimentos diferentes com ele, alguma dessas coisas pode ser o gatilho, mas prestem atenção, pode ser perigoso, afinal não sabemos o que eles fazem. O item veio pra ajuda-los a conquistar seus objetivos, por isso é preciso saber o que você quer nessa vida. Sará!
– O que?
Adriel estava com um pedaço de pau andando ao nosso redor e quando Sará falou ela deu uma paulada bem na cabeça, o garoto gemeu e começou a esfregar o crânio magoado, foi minha vez de segurar o riso.
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Escama Negra
FantasyPlim é uma órfã de dezesseis anos que odeia seu nome e detesta crianças. Depois de perder um de seus olhos num ataque com bandidos ela decide participar de uma competição especial, conseguir um dos cobiçados itens mágicos e se tornar uma cavaleira a...