Velhos Inimigos.

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Ao abrir do portão nos separaram, cada um mandado pra tuneis diferentes. Fiquei com medo de caminhar sozinha, e temi pelos meus amigos também. Mas depois percebi ser besteira, chegamos até ali, não seria a escuridão nem a solidão que nos derrotaria, todos estavam prontos e sabiam se defender, principalmente os menores, Cecilia e Emilian eram espertos e fortes, Sará um verdadeiro sobrevivente. Mas então pensei em Ivna, ela era a mais inteligente de nós, observadora, porém péssima lutadora, e seu item era praticamente inútil já que o tínhamos medo dele. Temi por Ivna.

O túnel curto logo deu lugar para galerias, depois um salão, tudo iluminado por tochas. Eu arranquei uma da parede e a carreguei comigo, me senti mais segura e continuei a caminhar. De repente senti um arrepio, minha vontade era olhar para trás, parecia que algo me seguia, mas mantive a postura, continuei a andar, não queria alarmar o perseguidor. A alguns metros notei um caminho escuro, joguei a tocha no chão e acelerei o passo, sumindo na penumbra. Usei toda minha habilidade de andar oculta, respirando o mínimo possível, pisando de leve, percebendo se algo me denunciaria, fiquei nas sombras até conseguir ver o inimigo. Não demorou e um sujeito encapuzado passou perto de mim, sem nem me notar, ele parecia confuso, avançou e entrou numa passagem a esquerda, sorri no escuro, eu era um fantasma, a assombração daquele teste.

Quando julguei seguro saí das sombras e continuei a caminhar, sem tocha nem nada, usando o escuro como camuflagem. Deslizando feito sombra que cobre os cantos esgueirei rente as paredes, passei por um salão, uma assombração quieta e mortal de faca na mão. Estava caminhando quando vi o anel incandescer no meu peito, puxei a correntinha e notei o anel laranja, já vira ele ficar assim quando Sará usou o outro e eu não. Me escondi numa fresta da caverna, sentei no chão e me concentrando coloquei o anel. Senti o bem estar da força de Sará correr por minhas veias, a sensação era incrível, mas ao poucos experimentei algum desconforto nos braços e um leve cansaço nas pernas, ele estava lutando, tinha se encrencado, me concentrei a fim de passar o máximo de força que podia. Meu braço ardeu e vi brotar uma gota de sangue, senti dor no rosto e consegui perceber bem quando levei um soco no estomago, concentrei na espada, nas habilidades, no que tinha aprendido com Gil e Blasco, nos ensinamentos de Gostantin, e no que Orin e Adriel tinham nos mostrado, era o básico mas eu dominava a técnica básica e mais alguns truques que Sará possuía. Senti uma alegria, depois mais luta, uma grande agitação, alguns golpes um pequeno arranhão e tudo silenciou, no mesmo momento sabia que Sará havia vencido, o meu anel se apagou e eu o tirei. Fiquei ali sentada, não fora algo tão cansativo mas estiquei as pernas e alonguei os braços, éramos fortes eu e Sará, sorri muito, extremamente agradecida por ele me dar esse presente, oferecer-me a oportunidade de ter força para lutar por quem amo, agora não deixaria tudo nas costas deles nem de Emilian, eu poderia lutar ao seu lado e faria isso sem nem pensar duas vezes. Retomei minha caminhada.

Encapuzados zanzavam ali e aqui. Nenhum deles pareciam me notar, escondida e silenciosa feito a morte. Até consegui ouvir alguns deles conversarem, fui apenas juntando informação, parecia que algum campeão tinha caído numa armadilha e fora "neutralizado", me preocupei pensando que poderia ser alguém do meu time. Depois ouvi dois caras falarem sobre uma luta que teve num dos tuneis e que os encapuzados levaram a pior.

– Era aquele garoto dos Dragões. – Fiquei atenta.

– O garotinho item?

– Não, o cigano, ele derrotou quatro de nós, e estavam todos armados.

O outro encapuzado riu.

– É, meu amigo, esses dragões não são moles, quem diria que eles seriam um dos mais complicados?

– Verdade, mas eu não quero dar de cara é com a garotinha.

– A do Carmesim Dourado?

– Exatamente, só de pensar...

Escama NegraWhere stories live. Discover now