Pequenas bençãos e belas maldições.

4.2K 589 170
                                    



Encontrei Emilian olhando o mar. Sabastian estava com ele, me livrei dele dizendo que Dorian queria lhe falar. Fiquei olhando a água junto de Emilian, tentava encontrar palavras, como abordar o assunto, sem dizer nada Emilian olhou pra mim cabisbaixo, os cabelos soprados pelo vento, me abraçou bem apertado como se implorasse por ajuda. Eu o apertei.

– Desde que Blasco te abraçou você virou um adepto e tanto hein?

Emilian choramingou num misto com riso, tudo abafado pelo meu abraço.

Ele não entendia sua fúria, e eu suspeitava de que a culpada de tudo tinha sido eu, estava raivosa com o soldado e nós já tínhamos compartilhado emoções antes. Mas mesmo assim não disse nada a respeito, apenas falei que iriamos trabalhar esse lado dele.

– Mas como? – Perguntou Emil. – Eu não consigo, quando vejo já fiz.

– Vou te ensinar uma das coisas em que eu sou mestre.

– O que?

– A reprimir sentimentos. No seu caso só a raiva já tá bom, é preciso se controlar.

– Certo.

A noite prosseguiu tranquila. Era incrível a confiança que Emilian tinha em mim, só por eu ter falado que iriamos conseguir ele já ficou calmo, e por um momento esqueceu que estava de mal comigo. Até ria das minhas graças no quarto, dividimos a rede por um tempinho e ficamos mais comportados quando os outros chegaram. As meninas vieram primeiro, arrumaram suas coisas e deitaram, Ivna tentando puxar assunto. Cecilia por mais incrível que parecesse estava calada e amuada, depois fiquei sabendo que ela tinha sido perseguida por algumas mulheres no navio, uma guarda e algumas ajudantes de cozinha. Ela não quis contar o motivo de a terem tratado mal e Ivna resolveu mudar de assunto, começou especular sobre a pequena vila que iriamos pra treinar, Petúnia, antigo lar dos dragões negros. Nenhuma de nós já tinha ido pra lá nem ouvido falar. Emilian se meteu na conversa delas dizendo que nunca tinha ido pra nenhum lugar a não ser Alba e Porto Verde, eu continuei calada, balançando de leve na rede, ouvindo a conversa.

– Puxa, Plim tinha que sair mais com você. – Comentou Ivna sorrindo, ela estava um pouco mais faladeira do que de costume, e era estranho como nenhuma delas estava receosa com Emil, apesar de tudo ele tinha mesmo arrancado os dedos de uma pessoa. A carinha de inocente dele era uma armadilha perfeita, quando a pessoa menos esperasse um verdadeiro demônio estava em suas costas, com as garras compridas e sede de sangue. Sorri ao pensar nisso. – Talvez Petúnia seja legal.

– É. – Concordou Emilian sorrindo. – Talvez seja.

– Ah, mas há tantos lugares nesse mundão sem fronteiras. – Comentou Cecilia com seu ar sonhador, parecendo se esquecer da tristeza de antes. – Como as montanhas Régias, Gramado Limpo, Ramos, Pinheiros.

– Já foi pra Pinheiros? – Perguntou Ivna interessada. – É incrível né?

– Não mais que Evras.

– O que? Evras, você...

Eu também me surpreendi, primeiro pinheiros depois Evras a cidade dos altos elfos, Cecilia conhecia mais o mundo do que todas nós.

– Pinheiros é maior e mais movimentada, com seus portos, as ribanceiras, a muralha gris. Mas Evras é mais.... Mágica. Sabiam que há poetas em todos os cantos em Evras? Os elfos recitam poemas da forma mais sublime que existe, a maior biblioteca do mundo conhecido é ali também, o templo de Ellon é inacreditável, os tetos com desenhos das primeiras eras, os vidrais de Carmesim, é, Evras é melhor.

Escama NegraWhere stories live. Discover now