Laís; A Guerreira Mais Quente.

2.8K 487 64
                                    


Ivna nos disse alguma coisa, mandei que ela ficasse onde estava. Sará pegou seu punhal, a capitã do esquadrão inimigo brandiu a espada e as chamas das tochas subiram e, quando ela desceu a espada as chamas vieram com tudo pra cima de nós. Me joguei no chão batendo o cotovelo na pedra dura e esfolando os braços, Sará com o movimento de um pugilista apenas desviou o tronco, uma parte de sua cabeça foi lambida de leve pelo fogo, ele nem notou e avançou, a loira foi pega de surpresa, achou que ficaríamos com medo, e realmente qualquer um tremeria ao ver as poderosas chamas avançarem daquela forma, qualquer um menos Sará. Ele estocou a mulher que aparou o golpe do punhal de Sará com a espada, saltou pra trás e instigou as chamas novamente, Sará não desviou apenas protegeu o rosto com os braços e saltou pra frente, sua camisa estava em chamas, mas como se nada estivesse acontecendo Sará continuou a disparar golpes.

– Você é completamente maluco. – Disse a mulher aparando os golpes.

Sará desviou de um golpe com o tronco e meteu uma estocada que raspou no braço direito dela cortando a camisa vermelha e a pele, o sangue fluiu. Me levantei e peguei meu punhal. Corri na direção da luta, a mulher me viu e empurrou Sará com um chute e girou a espada sobre a cabeça, senti um calor enorme, Sará suava e ofegava, ele também olhou pra cima só pra conseguir ver o redemoinho de chamas que pairava sob nós, algo indescritível. A loira gritava de dor, as mãos criando bolhas.

– Morram! – Berrou ela e as chamas desceram.

Sará saltou em mim e me jogou pra trás. As chamas rosnaram, um enorme dragão cuspindo todo seu poder. Sará gritou de dor deitado em cima de mim, Emilian e os outros gritavam nossos nomes.

– NÃO SAIAM DAS MARCAS! – Berrei.

O fogo passou e vi que a capitã estava apoiada no próprio joelho ofegando. Sará se levantou tremendo, as costas dele estavam muito queimadas, a camisa estava parcialmente crestada e a capa nem mais existia, bolhas saltavam, a pele vermelha escura e a carne exposta brilhando na luz laranja das chamas.

– Seu... Maluco. – Disse com raiva, com amor e pena, ele tinha me salvado.

– Temos que pensar em alguma coisa. – Exclamou Sará olhando a loira contorcer o rosto e preparar mais um ataque. – Não vamos vencer dela assim, põem o anel.

Vi as queimaduras nas costas de Sará, e pensei na imprudência dele até o momento na luta, não poderia arriscar nós dois, podíamos até vence-la, mas o modo de lutar dele tinha grandes chances de ferir gravemente nós dois e os outros precisavam de mim.

– Não posso.

– Covarde. – Cuspiu Sará me olhando com raiva. – Você é uma covarde miserável, olhe o que fiz por você.

– Esse é o problema, você não liga pro seu corpo nem pro de ninguém, não... Tem outro jeito.

– Qual?

A loira levantou a espada e as chamas se reuniram na lamina circulando pelo aço, vivas, laranjas e rápidas, ela começou a caminhar em nossa direção.

– Consegue distrai-la? – Perguntei a Sará.

– Não muito.

– Vai, confie em mim.

Sará xingou e correu vi que o corpo dele contorcer, provavelmente sentindo dor nas costas, ele não aguentaria muito mais. Corri também, nós dois gritando, a loira pareceu preocupada, ficou em posição defensiva, olhou pra mim depois pra Sará em dúvida em quem atacaria primeiro. Quando estava próxima desviei, corri pra baixo indo pelo tabuleiro colorido deles. Ela ficou olhando, preparou a espada mas Sará surgiu e triscou a lamina do punhal no rosto dela, ela gritou de susto e pulou pra trás e começou tacar pequenas bolas de fogo em Sará, ele já não era tão rápido, e nem a mulher, os dois estavam exaustos. Corri pelo tabuleiro e os colegas da loira me olhavam, me aproximava do grandão ele ficou preocupado até suava, achou que o atacaria covardemente, seria o melhor plano mas eu não me sentia capaz de fazer, atacar alguém que não podia se defender, passei pelo grandão, pelo garotinho que Ivna mantinha preso e cheguei no magrelo da concha, seu poder era fraco, apenas ouvia longe eu conseguia com isso, e ele não estava indefeso, ele poderia se mexer se quisesse. Peguei meu punhal e fui gritando, berrando. Ivna, Cecilia e Emilian me encaravam do outro lado.

Escama NegraWhere stories live. Discover now