Nomes ruins.

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Todos saíram e um garoto começou a reclamar.

– Como assim não posso ir? Sou um campeão também sabia?

Os guarda apenas cruzaram as lanças impedindo a passagem do garoto, ele mostrou o dedo pra eles e cuspiu no chão.

– Fasciculum Pavos.

Ele tinha muitos anéis nos dedos, uma corrente fina e prateada no pescoço, seus cabelos, castanhos, raspados do lado e o resto penteado pra trás, achei um corte estranho mas não sabia de onde ele era, a pele queimada pelo sol como se fosse um jovem marujo, vi inscrições na pele, tatuagem como alguns chamavam.

– Não vão conseguir me segurar por muito tempo aqui.

Vi que a garota da máscara também tinha ficado assim como a garotinha da espadona. Ouvi as vozes vindas do salão, pareciam protestar, as meninas olharam pra porta apreensivas enquanto o garoto andava de um lado pro outro xingando os guardas numa língua esquisita. Emilian apenas observava o teto, parecia tranquilo mas percebi algo tenso nele, sua respiração cadenciada, o maxilar rijo, tentei acalma-lo pondo as mãos nos ombros dele e senti a pele quentíssima.

– O que foi Emilian? – Sussurrei.

– Eles não vão me tirar de você.

– Fica calmo não é hora pra...

Houve um estardalhaço lá fora, as pessoas conversavam alto, pareciam surpresas. Barto ficou de pé e até o garoto parou de xingar e ficou atento. Um sujeito entrou na sala, estava ofegando, olhou ao redor.

– Ah, aí está o senhor, Dom Barto, por favor o conselho requer sua presença com máxima urgência.

Barto assentiu e caminhou até a porta, deu algumas ordens aos soldados, olhou pra gente e saiu em disparada.

– O que será que tá acontecendo? – Perguntou Emilian e eu fiz que não sabia.

– Pura merda, maninho. – Disse o garoto dos anéis. – Pura merda, pode apostar seu traseiro branquelo nisso.

– Deveras, talvez uma morte tenha acontecido nesse exato momento. – Disse a garota da espada enorme, ela parecia ter uns onze anos.

– Morte? – Perguntou Emilian com um meio sorriso sinistro e um olhar que parecia de pura fome.

– Ela é exagerada. – Eu disse.

– Pois imagine. – Começou a garota. – Os campeões revoltados e ultrajados. Irão tirar seus itens mágicos, itens que foram moldados a partir do vermelho de seu sangue e do sal de suas lagrimas, houve descontentamento, até surgiu voz que se levantara, ecoando pelo enorme e triste salão. Porém, até o momento o respeito pelo conde e o medo pelo império impediu uma revolta maior. Mas temendo um grande motim, os conselheiros ordenam a prisão de quem falara mais alto contra eles, que covardia! Agarram o rapaz, lhe arrancam o item, batem na cara, o arrastam pro meio do salão, mas a amada dele está ali, veja que obra do destino ela também é uma campeã, conseguiu uma espada do fogo e no intento de salvar sua alma gêmea ela incendeia o salão, um motim começa e quando dão por si muitos jazem no chão e um dos mortos é a amada, o infeliz revolucionário a segura nos braços, rouba-lhe um último beijo e promete honrar sua memória se tornando o maior campeão mágico da história.

A menina da máscara de lobo bateu palmas, mas logo se viu sozinha e parou, baixando a cabeça. Eu fiquei encarando a maluca da espadona.

– Puxa. – Disse o garoto dos anéis e tatuagens. – Como você sabe de tudo isso?

Escama NegraWhere stories live. Discover now