Até bebês sem nome são melhores do que Plim.

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Quando um bebê era deixado na porta do orfanato, as irmãs reuniam-se para lhe dar um nome. Debatiam por um tempo, e geralmente, encontravam algo chique ou da moda. No fim a criança recebia um nome bonito e bem pensado.

Percorrendo os anos as irmãs foram nomeando as crianças, sem nunca repetir os nomes, tarefa cada vez mais difícil. Antes o que levava apenas um jantar para decidir, começou a consumir horas, dias, e ás vezes, até semanas. Atraso nada recomendado, pois se elas demorassem muito os irmãos e as crianças mais velhas logo começavam chamar a criança recém acolhida por algum traço físico, racial, ou qualquer outro ponto de referência. "Ei, irmãs, chamem o orelhinha pra comer", ou como no caso do pequeno Blasco; chamado até hoje de ovelha por conta de seu cabelo enrolado. Por isso quando me deixaram na porta do orfanato ainda uma bebezinha, perdida num mundo de cobertores e com uma medalhinha no pescoço, as irmãs apressaram-se a me dar um nome, e em poucos minutos chamaram-me Plim.

Isso. Plim. É meus amigos esse é o meu nome de bosta. Não importa, pois hoje Plim é nome que declamam os poetas, que se escuta nas canções, na boca de bêbedos e putas, comerciantes e nobreza.

Mas minha história não é composta apenas de feitos heroicos, dragões e guerras. Tive dias tristes, de mau humor, cólicas e decepções amorosas. Pensar que teve o tempo que já não aguentava limpar tantas bundinhas imundas, lavar roupas, ajudar no almoço e incontáveis outras porcarias, não suportava as crianças. Porém mesmo naquele tempo sabia que meu momento iria chegar.

E essa história, a minha história, é a que contarei.

Escama NegraWhere stories live. Discover now