Um dia que deveria terminar calmo

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_ Amanda? _ Chama Marcelo aparecendo na minha frente e me interrompendo com um processo, levantei a cabeça dando total atenção a ele. _ O pessoal tá dizendo que é seu aniversário mês que vem... Querem marcar uma comemoração na danceteria em Pinheiros.

Dei risada e larguei o processo.

_ Vai me dizer que é no Open Club? _ Sorri animada, adoro aquele lugar e é cheio de gente bonita e elegante.

_ Lá mesmo! _ Disse Marcelo sorrindo animado.

_ Beleza! _ Disse aceitando.

Meu aniversário seria dentro de vinte dias, normalmente passava batido por sempre ter alguma operação que levava o dia todo e pegava uma boa parte da noite, mas esse ano, pelo quadro de funcionários, eu e nem Marcelo e metade da minha equipe estavam escalados para uma viagem extra para qualquer lugar do país, esse ano estávamos tranquilo, até sair a nova lista de Dezembro, provavelmente iríamos para a fronteira, Brasil/Paraguay, sorri com a ideia, minha mãe adorava quando ia para lá, ela sempre fazia sua lista do que queria, e eu voltava cheia de presentes.

Voltei para o meu trabalho e às 17h saí, hoje o dia foi super tranquilo, a Av. Republica estava congestionada, pensei duas vezes em ligar o giroflex e sair daquele transito, mas deixei, e liguei o som do carro e coloquei minhas musicas preferidas da banda Rush para tocar, a musica The Sawyer, o transito começou a fluir e quando vi, já estava saindo do caos do transito, respirei fundo e segui para casa, na Av. Paes de Barros e descendo, vi pelo retrovisor que uma moto me seguia, dois homens na garupa com seus capacetes escuros, não gostei nada, pois se quisessem, tinham passado, o farol logo a frente ficou amarelo, puxei a arma antes de parar no farol vermelho, pois o motorista da frente não quis passar no amarelo me obrigando a parar, já fiquei com a arma em punho e assim que parei, o garupa sacou a arma e apontou para mim e gritou.

_ PASSA A BOLSA...  _ ele deu uma coronhada no vidro que se estilhaçou e não pensei duas vezes, atirei e os derrubei.

A confusão foi geral, saí do carro com o distintivo erguido, me abaixei rápido tirando a arma da mão do rapaz que gemia de dor, a bala pegou em seu quadril, aquilo deveria doer e muito, e o que pilotava a moto esse infelizmente matei, respirei fundo, liguei o pisca alerta, uma viatura se aproximou, puxei o celular para chamar minha equipe.

_ Merda! _ Soltei quando o policial desavisado apontou a arma para mim.

***

Foram 1 hora de interrogatório pela policia civil, o piloto da moto por sorte estava vivo, só estava em coma, mas sobreviveria, o rapaz da garupa inventou de que eu atirei de graça, mas testemunhas que viram e presenciaram o ocorrido, confirmaram de que se tratava de um assalto.

Matheus entrou na delegacia as pressas com papai, Marcelo e Reinaldo os olharam, Reinaldo então fechou a cara, pois ele e meu irmão já tiveram altas discussões sobre inquéritos policiais.

_ Nada... _ Disse meu irmão pegando no meu rosto e vendo se eu estava inteira.

_ É só uns arranhões por causa do vidro. _ Disse sorrindo envergonhada.

_ O que aconteceu?

_ Estava sendo seguida desde que entrei na Paes de Barros... E quando parei no farol, os dois que estavam na moto me abordaram e o de traz quebrou o vidro, os estilhaços voaram no meu rosto, atirei sem mirar.

_ Pelo jeito acertou? _ Matheus torceu a boca.

_ Pode parar com esse seu jeito humanismo de ser... _ Disse tirando suas mãos de meu rosto.

_ Estou aqui por você amanda, e pare de ser chata! _ Disse Matheus irritado.

_ Oi Pai. _ estiquei o braço e o puxei para mim.

_ Pensei que tivesse mudado a rota para voltar para casa! _ Papai me deu um abraço forte e demorado e beijou meus cabelos.

_ Tá tudo bem pai. _ Sorri ao olhar para ele.

Olha para o corredor e lá vem Moura entrando apreçado pelo corredor com o distintivo em mãos, larguei os ombros e gemi de desgosto.

_ Quem chamou ele? _ Matheus e pôs ao meu lado, incrédulo ao ver meu ex-namorado.

Moura praticamente caiu sobre mim com os braços abertos e o coração disparado, papai e Matheus tiveram que sair de pero, por que o homem parecia um armário que ocupava todo o espaço em minha volta, o abracei sem vontade, dando-lhes tapinhas reconfortantes, mas Moura a não me largou suspirando e puxando o ar com as narinas, depois pegou em meu rosto.

_ O que fizeram com você?

_ Nada demais Moura... Só uns cacos de vidro voou no meu rosto. 

_ Vou levar você para o hospital, não vai ficar aqui mais nenhum minuto. _ Moura me largou e deu um passo para traz, cumprimentou meu pai e olhou para Matheus, para ele só foi um cumprimento de cabeça e saiu.

Matheus revirou os olhos e me olhou.

_ Você não votou para esse cara não é? _ Matheus me olhou aborrecido.

_ Nem quero! _ Disse dando as costas para meu irmão e indo atras de Moura que se enfiou na sala do delegado.

_ ... Você precisa liberar minha noiva para leva-la até o hospital, ela está com o rosto machucado...

_ Não sou sua noiva Moura... _ parei ao lado dele que me olhou furioso, cruzei os braços. _ Tem algo que ainda preciso dizer ou aguardar?

_ Já assinou o B.O.?

_ Ainda não... Aqui parece tudo muito lento. _ Soltei o encarando, Moura parecia espumar pela boca.

_ Vou ver o que está acontecendo.

Vimos o Delegado sair da sala, Moura me olhou e me agarrou ali mesmo e me beijou, um beijo urgente e conquistador, o empurrei.

_ Para com isso Moura... _ Limpei a boca, não sentia mais nada por ele.

_ Volta para mim Amanda...

O encarei e não disse nada, Janeiro estaria livre dele e do Brasil.


O Nome da RosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora