São Paulo - Narcóticos - Pátio

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_ Espera aí Amanda?!... Você precisa me escutar! _ Pede Moura assim que descemos do carro e seguimos para dentro do prédio para interrogatório._ Por que não me dá mais uma chance.

Parei logo de cara e o encarei fazendo uma careta.

_ Carlos... Aprende uma coisa... Eu não sou uma bonequinha que você usa pra desfilar por aí e se gabar... _ Enfiei o dedo em seu peito. _ Você me traiu... E isso ano tem perdão... E eu não amo mais você... E de por satisfeito que ainda falo com você por meio do nosso trabalho.

_ Eu te disse que o pessoal armou para mim... Era a minha despedida de solteiro...

Carlos Moura Filho, esse é o nome do meu ex-noivo, lindo e muitas queriam estar em seus braços, fazia uma semana que tinha sido chamada para trabalhar na Policia Federal, tinha feito a prova um ano antes, neste período eu conheci Carlos e começamos a namorar; Faltavam duas semanas para nos casar, mas ele resolveu dormir com uma colega nossa e a foto dos dois foi espalhada pelo batalhão, isso acabou comigo, e terminei quando não me deu uma explicação concreta, um mês depois, percebi que eu não o amava tanto assim para me casar, hoje eu vejo o quanto foi bom ter terminado antes de descobrir que iria cometer uma burrada das grandes.

_ Carlos... Me esquece! _ Dei as costas e entrei.

Os dois caminhoneiros estão sentados e algemados e de cabeça baixa, suspirei, agora vinha a hora do sangue de barata para o interrogatório, apontei para o que choramingava encolhido, Marcelo o puxou e levou para dentro da sala, olhei para aquele lugar, definitivamente ser policial no Brasil é padecer no paraíso, tudo muito precário, o escrivão sentou-se a traz de sua mesa e digitou rapidamente no teclado do computador abrindo o B.O. de depoimento, puxei a cadeira e me sentei, Moura e Marcelo e outro policial sentou-se um pouco afastado, e o interrogatório começou, foram duas horas e o que eu mais queria saber, não consegui, que era o nome do mandante ou o cabeça, mas colhi alguns nomes, os que contrataram o serviço, iria começar por ele e quem sabe, chegaria ao cabeça.

_ Tem mais de 1 tonelada e meia de cocaína e achamos num dos caminhões um saco de 100L de comprimido de Êxtase... Ainda não contamos quantos comprimidos tem.  _ Disse Vladimir me entregando outro boletim.

_ Minha nossa!... Quanto mais apreendemos, mais quantidades eles transportam.

_ E para onde estavam indo? _ Vladimir se Poe ao meu lado, já estava escurecendo, precisávamos voltar para o centro de São Paulo e para o prédio da PF.

_ Segundo a nota... Porto de Santos... _ Respirei fundo e seguimos para o centro.

_ Vamos emitir um mandato para ir até lá e olhar tudo aquilo de perto! _ Entramos nos carros e seguimos para o Centro.

No caminho fui pensando como o trafico de Drogas é bem organizado, existem muitos chefes, mas sempre os trabalhadores é os que se ferram e acabam a traz das grades, não adianta pegar só essa gente, temos é que pegar o cabeça, só assim para eliminar a distribuição de mais um carregamento. 

Marcelo parecia pensativo ao meu lado, o transito estava carregado, aos poucos íamos burlando o transito com o giroflex ligado e a sirene pedindo passagem, trabalhar em São Paulo não era fácil, todos os dias um policial é executado a sangue frio, isso era revoltante, o Estado não dava aparato suficiente para a segurança, por isso não dava para ficar parada no transito a espera da boa vontade de todos, e o jeito era por aquele povo para nos dar passagem.

Duas horas depois, estávamos deixando nossos carros oficiais na garagem da PF e segundo para dentro do prédio, era hora de fazer o relatório e finalmente ir para casa, meu celular resolveu tocar, puxei ele enquanto aguardava o elevador.

_ Oi Pai...Boa noite! _ Disse com a voz doce.

_ Estamos esperando você para jantar..Já está chegando!? _ Meu pai não janta enquanto a família não estiver sentada a mesa, bufei.

_ Comam sem mim... Eu acabei de chegar no prédio depois de uma tarde inteira de interrogatório... _ Torcia a boca chateada e olhei para Marcelo.

_ Tudo bem... Vou pedir para sua mãe deixar seu prato feito...

_ Obrigada pai!... Boa noite... _ Eu sabia que não iria sair tão cedo de lá.

Desliguei o telefone e entramos no elevador e seguimos até o sétimo andar, e mais uma hora de digitação e reunião e finalmente estava livre para ir para casa, eu só queria um bom banho e cama, acho que passaria direto para o quarto, deixando o jantar para traz.

O Nome da RosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora